28/08/2021

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Segue nosso estudo da Tarde Fraterna



Propriedade

Livro: Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda - 22 / Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco


Ev. Cap. XVI - Item 7

(...) Não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon. Lucas, 16:13

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O homem, na perspectiva da Psicologia Profunda, é um ser real, estruturalmente parafísico, revestido de corpo somático, que lhe permite o processo de construção de valores ético-morais e aquisições espirituais que o tornam pleno, quanto mais conquista e ascende na escala evolutiva com abandono das mazelas que lhe constituem embaraço ao progresso.

Criação do Psiquismo Divino é germe de vida fadado ao desabrochar de mil potencialidades que lhe dormem na essência, que é a sua realidade.

Cada etapa do desenvolvimento emocional e moral rompe-lhe envoltórios grosseiros que resguardam os tesouros-luz que lhe cumpre desvelar.

Qual diamante valioso e desconhecido, oculto em grosseiro revestimento, a lapidação lhe favorece o surgimento da grandeza de que é investido.

A sua emancipação resulta do esforço que empreende para vencer os obstáculos que lhe dificultam o voo no rumo da plenitude que o aguarda. Etapa a etapa, no entanto, adquire força que o propele a vencer os empecilhos e autoencontrar-se ao longo da marcha ascensional.

Mergulhando no corpo, e dele saindo sempre com as conquistas adquiridas, que lhe servem de investimento para experiências mais audaciosas, o Self se desenovela dos impositivos do ego até esplender em magnífico sol de autorrealização.

Depositário de incomparáveis títulos de enobrecimento, perde-se, temporariamente, no báratro do processo iluminativo, demorando-se por ignorância ou teimosia na ilusão em que mergulha e de que se deve libertar, não poucas vezes a sacrifício e abnegação com vistas aos resultados compensadores que lhe advêm.

Por instinto de conservação da vida, apega-se aos recursos que lhe passam pelo caminho: afetivos, emocionais, materiais e, sem as reservas morais suficientes, submete-se-lhes, escravizando-se, para depois vencer, a ingentes lutas, a situação calamitosa a que se atirou.

As experiências não vivenciadas, as circunstâncias ainda não conhecidas constituem-lhe a sombra, que se pode apresentar, também, do nosso ponto de vista, como os insucessos, os abusos, os desgastes a que se entregou, fazendo-a densa, porque necessitada de diluir-se através de outras atitudes compatíveis com as conquistas da inteligência e do sentimento.

A propriedade é conquista antropossocioeconômica que resulta de longas buscas nos relacionamentos humanos, objetivando harmonia e respeito pelos valores indispensáveis às trocas que fomentam o comércio, que nobilitam a existência e que promovem o progresso.

Em grande parte, é resultado da avareza, da ilicitude, da ambição desmedida, de atos ignóbeis, como heranças do primarismo de que ainda não se libertou imenso contingente de seres humanos.

Normalmente, porém, é aquisição digna de cada qual, que envida sacrifício e habilidade, conhecimento e labor a fim de adquiri-la, pensando de forma previdente nos dias difíceis da velhice, da enfermidade, da morte...

A sociedade, de alguma forma, estabelece os seus sistemas nos valores e posses dos grupos afins, das entidades congêneres, das nações e seus recursos, de modo a facilitar o intercâmbio bem como a competitividade de produtos e bens de consumo entre as pessoas e os povos da Terra.

Tem um fim providencial, que é desenvolver a indústria, a ciência, fomentar as artes, facilitar a comodidade e propiciar valores que contribuem para a sobrevivência dos indivíduos e dos grupos humanos.

Entregar-se à sua conquista é dever de todo indivíduo que pensa e constitui célula do organismo da sociedade. A família depende desses recursos, como a própria criatura, trabalhando em favor da harmonia do grupamento no qual se encontra colocada.

Constitui um laço que retém o indivíduo à vida física, estimulando-o ao crescimento intelectual e cultural, para mais facilmente aumentar os haveres.

O risco da posse ou da aquisição da propriedade não está no fato em si mesmo de os conseguir, mas na maneira como isto se dá, além do que representa emocionalmente.

Se é um meio para alcançar-se equilíbrio e bem-estar, torna-se instrumento dignificante; todavia, se se converte em único objetivo existencial, transforma-se em gigante cruel da realidade do ser, que se lhe escraviza e atormenta as demais pessoas que lhe padecem a insegurança e ambição.

Há perigos na posse, que resultam do estágio espiritual daquele que a armazena, deixando-se dominar pelos valores transitórios, a que atribui duração permanente, escorregando na loucura do desregramento que proporcionam, ou das paixões de outra ordem a que se entrega, desejando usufruir além das possibilidades de manter o próprio gozo.

A posse que leva à riqueza, à fortuna, também facilita os desmandos, o exacerbar dos sentimentos vis como o orgulho, o egoísmo, a vaidade desmedida, a alucinação argentária em detrimento do enriquecimento interior, que se consegue por meio da abnegação, da renúncia, do devotamento e, sobretudo, da seleção de valores entre aqueles que são eternos e os efêmeros, que transitam de mãos.

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O Homem-Jesus sabia-o, e esclareceu com vigor que não se pode servir simultaneamente a dois senhores com a mesma dedicação, que podem ser também interpretados como a realidade do Si e o capricho do ego. O primeiro é permanente; o outro, transitório. Enquanto um necessita de previdência e equilíbrio para o engrandecimento e a conquista de mais altos patamares, o outro permanece mesquinho e diminuto, comprazendo-se no imediatismo inseguro de necessidades que se renovam sem cessar.

O ser humano tem o dever de selecionar os objetivos existenciais, colocando-os em ordem de acordo com a qualidade e o significado de todos eles, para empenhar-se em destacar aqueles que são primaciais, exigindo todo o empenho, e aqueloutros que são secundários, podendo ser conduzidos com naturalidade, sem maior sofreguidão.

A propriedade pode tornar-se, em razão do ego, motivo de males incontáveis, como sob a inspiração do Self transformar-se em fonte de inexauríveis bênçãos para aquele que é o seu momentâneo detentor e os outros que se lhe acercam em carência.

Deus faculta a riqueza, proporcionando recursos ao ser humano para desenvolver a consciência e ampliar os sentimentos superiores.

A aquisição de valores propicia e estimula o trabalho incessante, motivando o homem à renovação das forças e aos empreendimentos que se multiplicam em competição justa pelo adquiri-las. E estimulante para a existência física e fator de identificação social no grupo em que se movimenta.

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Jesus compreendia a finalidade superior da propriedade, por isso, valorizou-a, quando conviveu com os homens de bem e aqueles que possuíam recursos, estimulando-os, porém, a buscarem o Reino dos Céus, de que se haviam esquecido.

Quando se reportou aos ricos, aparentemente apresentando palavras duras, não se deteve somente na referência aos detentores de coisas, moedas, minerais preciosos, propriedades, escravos, mas também aos possuidores de exacerbado orgulho, de incomum dureza de sentimentos, de rancor e de ódio, de presunção e de avareza, que também são possuidores de preciosos bens, de que não se dispõem a libertar.

Por outro lado, a inteligência, a saúde, a memória, as aptidões gerais constituem recursos valiosos de que se deve utilizar o Espírito com sabedoria, a fim de dar conta, mais tarde, da aplicação que foi feita.

Não são poucos aqueles que se empenham para conseguir propriedades, que os tornam desditosos, incompletos, mais ambiciosos, enquanto deveriam reflexionar em torno da sua realidade psicológica, dos haveres morais e sentimentais, empenhando-se pela conquista de segurança espiritual, em vez daquela de natureza física, que mil fatores mutilam, alteram ou destroem com facilidade.

Os valores que jamais se perdem, são as conquistas elegidas pela razão e pela emoção, que não se transferem de mãos, não perdem a atualidade, constituindo fonte incessante de enriquecimento interior.

Em um estudo profundo da consciência humana na Sua e em todas as épocas, o Mestre Jesus foi de uma clareza incomparável, estabelecendo que não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon.

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20/08/2021

 Olá amigos!

Segue nosso estudo de hoje:

Com integridade e consciência





leitura inicial: 

PERFEIÇÃO E APERFEIÇOAMENTO 

Emmanuel 

Todos estamos ainda muito longe da perfeição, contudo, ninguém vive fora do constante aperfeiçoamento. Aceita, em Jesus, o Mestre que te aprimora e aproveita a bênção do tempo, mobilizando sentimento e raciocínio, atenção e boa vontade, par que te faças melhor cada dia. Não podes hoje ostentar a auréola da santidade, mas conseguirás estender, sem entraves, em teu benefício, os recursos da gentileza. Não podes, sem dúvida, revelar de improviso, a resistência do mártir, ante os sofrimentos que te assaltam a vida, no entanto, é justo te consagres, em favor de ti mesmo, ao culto da disciplina. Não sustentarás, de inopino, a atitude superior e espontânea da beneficência simples e pura diante daquele que te apunhala com a lâmina invisível da ofensa, mas podes sorrir, contendo os instintos de reação ao preço do esforço supremo de quem sabe que nada existe oculto para a verdadeira justiça. Realmente, não te será possível a ascensão imediata ao Reino da Luz Eterna, onde a nossa presença decerto nublaria o semblante dos anjos, no entanto, podes ser o apoio firme do lar em que Deus te situa, exercendo aí a bondade e a renúncia, o carinho e o desvelo, o consolo e a paciência incessantes. Não te creias capaz de trair o espírito de seqüência que rege todas as forças e todas as tarefas da natureza. A semente de agora será flor no porvir e a flor de hoje será o fruto amanhã. Disse Jesus: “Sede perfeitos como o Pai Celestial”. Isso não que dizer que já estejamos habilitados para a Glória Divina, mas sim que, em matéria de aperfeiçoamento, é indispensável tenhamos todos a coragem de começar. Não podes paralisar o verbo que fere e vergasta, mas é fácil guardar o próprio espírito em silêncio para somente movimentá-lo na bondade que ajuda, compreende e perdoa.

07/08/2021

 Olá amigos!

Segue nosso estudo de hoje:

Livro Dimensões da Verdade

27. Transeuntes



Leitura inicial:

144 Em meio de lobos 

 “Ide! Eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos.”  Jesus (Lucas, 10:3.)  

Naturalmente Jesus, em pronunciando semelhante recomendação, reportava­-se a cordeiros fortes que conseguissem respirar  em plano superior  aos lobos vorazes. Seria razoável enviar ovelhas frágeis a bestas violentas? Seria o mesmo que ajudar a carnificina. O Mestre, indubitavelmente, desejava as qualidades de ternura e magnanimidade dos continuadores, mas não lhes endossaria as vacilações e fraquezas. Aliás, para serviço de tal envergadura, desdobrado em verdadeiras batalhas espirituais, ele necessitava de cooperadores fiéis, bondosos, prudentes, mas valorosos. Enviava os discípulos ao centro de conflito áspero, não no gesto de quem remete carneiros ao matadouro, e sim à gleba de serviço, onde pudessem semear  novos e sublimados dons espirituais, entre os lobos famintos, através da exemplificação no bem incessante. Entretanto, há companheiros, ainda hoje, que se acreditam colaboradores do  Cristo apenas porque levantam aos céus as mãos-­postas, em atitude suplicante. Esquecem-­se de que Jesus afirmou, peremptório: “Ide! eis que vos mando!...” Em tal determinação, vemos claramente que existem trabalhos a efetuar, ações beneméritas a instituir. O mundo é o campo, onde o trabalhador encontrará a sua cota de colaboração. É preciso realmente ir aos lobos. Seria perigoso esperá-­los. Muitos lidadores, porém, reclamam contra a cruz e o martírio, olvidando  que o  Senhor e seus corajosos sucessores neles encontraram a ressurreição e a eternidade através da resistência construtiva contra o mal. Se os madeiros e leões retornassem, deveriam encontrar o trabalhador no  esforço que lhe compete e nunca em atitude de inércia, a distância do ministério que lhe foi confiado. O apelo do Cristo ressoa, ainda agora... É imprescindível caminhar na direção dos lobos, não na condição de fera contra fera, mas na posição de cordeiros­-embaixadores; não por emissários da morte, mas por doadores da vida eterna.