Auta de Souza
“Quem
foi Auta de Souza? ”
Foi uma poetisa brasileira. Nasceu em Macaíba, no Rio Grande do Norte a 12 de setembro de 1876. Era magrinha, calada, de pele clara, um moreno doce à vista como veludo ao tato. Filha de Elói Castriciano de Souza, desencarnado aos 38 anos de idade e de Dona Henriqueta Rodrigues de Souza, desencarnada aos 27 anos, ambos tuberculosos.
A
sua passagem, na terra foi assinalada por muitos sofrimentos. Muito cedo
conheceu a orfandade (antes de completar 3 anos de idade ficou órfã de mãe e
aos 4 anos de pai) e ainda menina, aos dez anos, assistiu a morte de seu
querido irmão Irineu Leão Rodrigues de Souza, vitimado pelo fogo produzido pela
explosão de um lampião de querosene.
Auta
de Souza e seus quatro irmãos foram criados em Recife pela avó materna. Antes
dos 12 anos, foi matriculada no Colégio São Vicente de Paulo. Foi
carinhosamente acolhida por parte das religiosas francesas que o dirigiam e lhe
ofereceram primorosa educação: Literatura, Inglês, Música e Desenho, além de Francês,
o que lhe permitiu ler no original: Lamartine, Victor Hugo, Chateaubriand e
Fénelon. De 1888 a 1890, a jovem Auta estuda, recita, verseja, ajuda as irmãs
do Colégio, aprimora a beleza de sua fé, na leitura constante do Evangelho.
Em
1890, aos 14 anos de idade recebeu o
diagnóstico de tuberculose e teve que interromper seus estudos, mas deu
prosseguimento à sua formação intelectual como autodidata. Esta enfermidade que a encontrou, em plena
juventude, foi a causa de sua morte, ocorrida na madrugada de 7 de fevereiro de
1901, uma quinta-feira à uma hora e quinze minutos, na cidade de Natal, quando
contava exatamente 24 anos, 4 meses e 26 dias de idade. Foi sepultada no
cemitério do Alecrim e em 1906, seus restos mortais foram transladados para o
jazigo da família, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Macaíba, sua
terra natal.
Auta
era possuidora de forte sentimento religioso, mas sua religiosidade não a
distanciou de todos os sonhos das donzelas: amor, lar, missão maternal. Com 16
anos, ao revelar o seu talento poético, enamorou-se do jovem Promotor Público
de Macaíba, João Leopoldo da Silva Loureiro. Dotada de aguda sensibilidade e
imaginação ardente dedicava ao namorado amor profundo, mas a tuberculose
progredia e seus irmãos convenceram-na a renunciar a este sonho. A separação
foi cruel.
A
orfandade ainda criança, o desencarne trágico de seu irmão, a moléstia contagiosa
e a frustração no amor; esses quatro fatores amalgamados à forte religiosidade
de Auta, levaram-na a compor uma obra poética singular na História da
Literatura Brasileira, intitulada “Horto", seu único livro, é um cântico
de dor, mas, também, de fé cristã. Sua primeira edição saiu do prelo em 20 de junho
de 1900. O sofrimento veio burilar a sua inata sensibilidade, que transbordou
em versos comovidos e ternos, ora ardentes, ora tristes, lavrados à sombra da
enfermidade, no cenário desolador do sertão de sua terra.
Em
1936, a Academia Norte-rio-grandense de Letras dedicou-lhe a poltrona XX, como
reconhecimento à sua obra. Segundo Luís da Câmara Cascudo, é "a maior
poetisa mística do Brasil"
Livre
do corpo, totalmente desgastado pela enfermidade, Auta de Souza, irradiando luz
própria, lúcida e gloriosa alçou voo em direção à Espiritualidade Maior. Mas a
compaixão que sempre sentira pelos sofredores fez com que a poetisa em
companhia de outros Espíritos caridosos, visitasse, constantemente a crosta da
terra.
Foi
através de Chico Xavier, que ela, pela primeira vez revelou sua identidade,
transmitindo suas poesias que em 1932 foram incluídas na primeira edição de
"PARNASO DE ALÉM TÚMULO", lançado pela FEB. Posteriormente Chico
apresenta um livro somente de poesias de Auta de Souza, o qual, habitualmente,
lemos, como preparação de ambiente, em nossas reuniões no mês de setembro.
Na década de 1950 foi criada, dentro do Movimento
Espírita, a Campanha da Fraternidade, que mais tarde tomou o nome de Campanha
da Fraternidade Auta de Souza e acontece em centenas de centros espíritas em
todo o pais e no exterior.
Em 2008, a FEB listou treze instituições espíritas em
oito estados brasileiros que homenageavam a poetisa potiguar, adotando seu
nome, das quais o nosso Grupo Espírita Auta de Souza é um deles.
“Todo amor é Deus na vida
A criá-la e engrandecê-la,
Desde a penúria do charco
À luz divina da estrela. ”
Auta de Souza