02/09/2015


 
Auta de Souza

Quem foi Auta de Souza? ”
 
Foi uma poetisa brasileira. Nasceu em Macaíba, no Rio Grande do Norte a 12 de setembro de 1876. Era magrinha, calada, de pele clara, um moreno doce à vista como veludo ao tato. Filha de Elói Castriciano de Souza, desencarnado aos 38 anos de idade e de Dona Henriqueta Rodrigues de Souza, desencarnada aos 27 anos, ambos tuberculosos.
 
A sua passagem, na terra foi assinalada por muitos sofrimentos. Muito cedo conheceu a orfandade (antes de completar 3 anos de idade ficou órfã de mãe e aos 4 anos de pai) e ainda menina, aos dez anos, assistiu a morte de seu querido irmão Irineu Leão Rodrigues de Souza, vitimado pelo fogo produzido pela explosão de um lampião de querosene.

Auta de Souza e seus quatro irmãos foram criados em Recife pela avó materna. Antes dos 12 anos, foi matriculada no Colégio São Vicente de Paulo. Foi carinhosamente acolhida por parte das religiosas francesas que o dirigiam e lhe ofereceram primorosa educação: Literatura, Inglês, Música e Desenho, além de Francês, o que lhe permitiu ler no original: Lamartine, Victor Hugo, Chateaubriand e Fénelon. De 1888 a 1890, a jovem Auta estuda, recita, verseja, ajuda as irmãs do Colégio, aprimora a beleza de sua fé, na leitura constante do Evangelho.

Em 1890, aos 14 anos de idade recebeu o diagnóstico de tuberculose e teve que interromper seus estudos, mas deu prosseguimento à sua formação intelectual como autodidata. Esta enfermidade que a encontrou, em plena juventude, foi a causa de sua morte, ocorrida na madrugada de 7 de fevereiro de 1901, uma quinta-feira à uma hora e quinze minutos, na cidade de Natal, quando contava exatamente 24 anos, 4 meses e 26 dias de idade. Foi sepultada no cemitério do Alecrim e em 1906, seus restos mortais foram transladados para o jazigo da família, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Macaíba, sua terra natal.

Auta era possuidora de forte sentimento religioso, mas sua religiosidade não a distanciou de todos os sonhos das donzelas: amor, lar, missão maternal. Com 16 anos, ao revelar o seu talento poético, enamorou-se do jovem Promotor Público de Macaíba, João Leopoldo da Silva Loureiro. Dotada de aguda sensibilidade e imaginação ardente dedicava ao namorado amor profundo, mas a tuberculose progredia e seus irmãos convenceram-na a renunciar a este sonho. A separação foi cruel.

A orfandade ainda criança, o desencarne trágico de seu irmão, a moléstia contagiosa e a frustração no amor; esses quatro fatores amalgamados à forte religiosidade de Auta, levaram-na a compor uma obra poética singular na História da Literatura Brasileira, intitulada “Horto", seu único livro, é um cântico de dor, mas, também, de fé cristã. Sua primeira edição saiu do prelo em 20 de junho de 1900. O sofrimento veio burilar a sua inata sensibilidade, que transbordou em versos comovidos e ternos, ora ardentes, ora tristes, lavrados à sombra da enfermidade, no cenário desolador do sertão de sua terra.

Em 1936, a Academia Norte-rio-grandense de Letras dedicou-lhe a poltrona XX, como reconhecimento à sua obra. Segundo Luís da Câmara Cascudo, é "a maior poetisa mística do Brasil"

Livre do corpo, totalmente desgastado pela enfermidade, Auta de Souza, irradiando luz própria, lúcida e gloriosa alçou voo em direção à Espiritualidade Maior. Mas a compaixão que sempre sentira pelos sofredores fez com que a poetisa em companhia de outros Espíritos caridosos, visitasse, constantemente a crosta da terra.

Foi através de Chico Xavier, que ela, pela primeira vez revelou sua identidade, transmitindo suas poesias que em 1932 foram incluídas na primeira edição de "PARNASO DE ALÉM TÚMULO", lançado pela FEB. Posteriormente Chico apresenta um livro somente de poesias de Auta de Souza, o qual, habitualmente, lemos, como preparação de ambiente, em nossas reuniões no mês de setembro.
 
Na década de 1950 foi criada, dentro do Movimento Espírita, a Campanha da Fraternidade, que mais tarde tomou o nome de Campanha da Fraternidade Auta de Souza e acontece em centenas de centros espíritas em todo o pais e no exterior.

Em 2008, a FEB listou treze instituições espíritas em oito estados brasileiros que homenageavam a poetisa potiguar, adotando seu nome, das quais o nosso Grupo Espírita Auta de Souza é um deles.
 
“Todo amor é Deus na vida
 A criá-la e engrandecê-la,
Desde a penúria do charco
À luz divina da estrela. ”
Auta de Souza