17/08/2016



Variações da Mediunidade

Livro: Mais Vida
Leandro Gomes de Barros & Francisco Cândido Xavier

Médium de muita cultura 
Que vive de lero-lero 
Ou fica em zero estaca 
Ou retoma à estaca zero. 

Mediunidade, a rigor, 
Sobre a Terra, onde se estira, 
É um talento que o Senhor 
Empresta, aumenta ou retira. 

Médium que deixa o serviço, 
Falando em luta na estrada, 
Entra em novo compromisso 
E acha luta mais pesada. 

Muito médium que começa 
Estourando fantasias 
Acaba sempre em promessa 
Na brasa de poucos dias. 

De minha longa jornada 
Tenho esta nota do bem: 
Mediunidade guardada 
Não auxilia a ninguém. 

O médium desenvolvido 
Largando o arado que é seu, 
Deixa o mundo, antes da hora, 
No tempo que recebeu. 

O médium que anda-à-toa 
E de si próprio envaideça 
Pode ser boa pessoa 
Mas tem mosca na cabeça. 

Médium que sempre duvida, 
Vacilando a vida inteira 
Parece gangorra viva 
Na folha de bananeira. 

Médium que nunca se apronta, 
Para servir por amor, 
Um dia, fica por conta 
De espírito obsessor. 

O médium sem disciplina 
Que vive sempre em recreio 
Tem pinta de caminhão 
Quando está no desenfreio. 

Grandes médiuns que conheço 
Ao defini-los, não erro, 
São cofres fartos de ouro 
Com grandes trancas de ferro. 

No intercâmbio entre os dois mundos, 
Médium que não se degrade 
Parece uma vela acesa. 
Nas sombras da Humanidade.