15/04/2017

Lançamento de o livro "Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo"


Em 15/04/1864


É lançada em Paris a primeira edição do livro “Imitação do Evangelho”, de Allan Kardec.  A partir da segunda edição tomou o nome definitivo de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.




Bibliografia

À VENDA

Imitação do Evangelho
SEGUNDO O ESPIRITISMO


Contendo a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas circunstâncias da vida.

Por Allan  Kardec

Com esta epígrafe: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

Abstemo-nos de qualquer reflexão sobre esta obra, limitando nos a extrair da introdução a parte que indica o seu objetivo.

“Podem dividir-se em quatro partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; e o ensino moral.

As três primeiras partes têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda parte se originaram das questões dogmáticas.

Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça.

É finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. Essa parte é a que será objeto exclusivo desta obra.

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Comunicação Espírita

A PROPÓSITO DA IMITAÇÃO DO EVANGELHO

(Bordeaux, maio de 1864. Grupo de São João – Médium: Sr. Rul.)


Acaba de aparecer um novo livro; é uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha. Há dezoito séculos, por ordem de meu Pai, vim trazer a palavra de Deus aos homens de boa vontade. Esta palavra foi esquecida pela maioria dos homens, e a incredulidade, o materialismo vieram abafar o bom grão que eu tinha depositado em vossa Terra. Hoje, por ordem do Eterno, os Espíritos bons, seus mensageiros, vêm a todos os pontos do globo fazer ouvir a trombeta retumbante.

Escutai suas vozes; são destinadas a vos mostrar o caminho que conduz aos pés do Pai celestial. Sede dóceis aos seus ensinos; os tempos preditos são chegados; todas as profecias serão cumpridas.

Pelos frutos se conhece a árvore. Vede quais são os frutos do Espiritismo: casais onde a discórdia tinha substituído a harmonia voltaram à paz e à felicidade; homens que sucumbiam ao peso de suas aflições, despertados pelos acordes melodiosos das vozes de além-túmulo, compreenderam que seguiam o caminho errado e, envergonhados de suas fraquezas, arrependeram-se e pediram força ao Senhor para suportarem as suas provações.

Provações e expiações, eis a condição do homem na Terra. Expiação do passado, provações para o fortalecer contra a tentação, para desenvolver o Espírito pela atividade da luta, habituá-lo a dominar a matéria e prepará-lo para as alegrias puras que o esperam no mundo dos Espíritos.

Há muitas moradas na casa de meu Pai, disse-lhes eu há dezoito séculos. O Espiritismo veio tornar compreensíveis estas palavras. E vós, meus bem-amados, trabalhadores que suportais o calor do dia, que credes ter de vos lamentar da injustiça da sorte, abençoai vossos sofrimentos; agradecei a Deus, que vos dá meios de quitar as dívidas do passado.

Orai, não com os lábios, mas com o coração melhorado, a fim de que possais ocupar melhor lugar na casa de meu Pai. Como sabeis, os grandes serão humilhados, mas os pequenos e os humildes serão exaltados.
O Espírito de Verdade


Observação – Sabe-se que não levamos em consideração o nome dos seres que se comunicam, sobretudo os que se apresentam sob nomes venerandos. Não garantimos mais esta assinatura do que muitas outras, limitando-nos a entregar esta comunicação à apreciação de todo espírita esclarecido.

Diremos, contudo, que não se pode negar a elevação do pensamento, a nobreza e a simplicidade das expressões, a sobriedade da linguagem e a ausência de toda superfluidade. Se se compara às que são dadas na Imitação do Evangelho (prefácio e capítulo III: O Cristo Consolador), e que levam a mesma assinatura, embora obtidas por médiuns diferentes e em épocas diversas, nota-se entre elas uma analogia impressionante de tom, de estilo e de pensamentos, que acusam uma origem única.

Para nós, dizemos que pode ser do Espírito de Verdade, porque é digna dele, enquanto temos visto massas assinadas por este nome venerado ou o de Jesus, cuja prolixidade, verborragia, vulgaridade, por vezes mesmo a trivialidade das ideias, traem a origem apócrifa aos olhos dos menos clarividentes.

Só uma fascinação completa pode explicar a cegueira dos que se deixam apanhar, quando não, também, o orgulho de julgar-se infalível e intérprete privilegiado dos Espíritos puros, orgulho sempre punido, mais cedo ou mais tarde, pelas decepções, mistificações ridículas e por desgraças reais nesta vida.

À vista desses nomes venerados, o primeiro sentimento do médium modesto é o da dúvida, porque não se julga digno de tal favor.

"Revista Espírita" -  Allan Kardec - abril de 1864