20/01/2024

 Olá amigos!

Segue o estudo do livro Reflexões Espíritas

A Forja do Progresso



Leitura inicial:  Vida Feliz 108

 CVIII


Sê amigo de quem te busque o apoio, a presença.

As criaturas necessitam tanto de pão quanto de amigos para viver.

Há quem caminhe na multidão, sofrendo a soledade, necessitando de companhia, de amizade.

Nunca permitas que a outra pessoa se afaste da tua presença sem que leve algo bom dos minutos passados contigo.

Tens muito a oferecer. Descobrir tais valores, seja o teu primeiro passo. Pô-los a benefício do próximo, o imediato.

Ninguém está privado dos bens espirituais, que não possa dispor de alguma coisa para oferecer.


A FORJA DO PROGRESSO


Impulsionado pela ânsia inexorável do progresso, o homem arrebenta os limites da residência terrestre e busca novos pousos no Sistema Solar, com os olhos postos nos oceanos estelares a se distenderem pelos espaços cósmicos.

Refratário às constrições de qualquer natureza arroja-se, na conquista do infinito, superando as próprias condições orgânicas, nas quais estorcega, não raro, sob angústias inenarráveis.

Diluindo as sombras medievais, no Renascentismo, com as claridades da arte e da literatura, os arroubos da navegação e os anelos de liberdade, passou à vivência dos valores imediatistas, experimentando novas emoções na área do conhecimento até o instante em que o estridor das suas necessidades elaborasse a Enciclopédia, investindo contra os funestos bastiões da ignorância.

Emulado pelo êxito anterior, foi-se agigantando cada vez mais em novos embates, e fez que ruíssem as muralhas da Bastilha, símbolo do absolutismo do poder, que a partir de então passaria a ser contestado, e, lentamente, combatido com as armas da razão e dos altos valores da vida.

Foram ruindo os impedimentos ao seu avanço, e as fronteiras separatistas perderam o seu significado, facultando o entendimento fraternal de todas as criaturas.

Discriminações odientas de raças, de castas e de credos cederam lugar ao entendimento e respeito recíproco, no momento em que a Ciência propõe um direcionamento para a unidade, ficando, à margem, as arcaicas propostas de facções dominantes em nome do separatismo absurdo gerador de privilégios para uns poucos, em detrimento de milhões outros abandonados nos guetos da miséria, da fome, da indigência moral, econômica e social.

A hidra da guerra passou a ser vencida e, lentamente, sucumbe ante a investida audaciosa e libertadora da paz que dignifica o ser e felicita os povos.

Ainda permanecem, lamentavelmente, vários bolsões de conflitos horrendos, em razão da alucinada ambição de alguns indivíduos que se impuseram às suas comunidades pela força e através dos métodos ignóbeis do mercenarismo e do medo, submetendo nações e cidades em sombras.

A ganância desmedida, a luxúria em exacerbação e a loucura pelo poder geram os dominadores desequilibrados a soldo das próprias paixões, que conduzem o carro da desgraça esmagando multidões inermes, esquecidos, porém, da transitoriedade da existência física, que não os poupará. Enquanto isso ocorre, os camartelos da evolução prosseguem demolindo as casamatas onde se homiziam os hediondos assassinos dos povos.

A governança de um dia, no entanto, aparece noutro, sombreada pelas cinzas do desprezo humano, que a derruba na sucessão das horas quando se resolve por arrancar a canga da submissão escrava.

A história dos ditadores e dos governantes desnaturados é a tragédia em que se consumiram suas vidas misérrimas.

                                         * * *

Não há como impedir-se a marcha do progresso.

A miscigenação racial tem propiciado o surgimento de uma sociedade mais lúcida e compreensiva; a destruição das castas vem proporcionando maior soma de progresso coletivo; a união das crenças está facultando melhor vivência dos seus postulados — que objetivam a felicidade do homem após o túmulo, se são de caráter religioso; que propõem uma vida tranquila e ditosa na Terra, se têm metas filosóficas, políticas ou sociais — todas em harmonia, trabalhando em favor da humanidade melhor do futuro.

Já não cabem temores, nos arraiais da cultura contemporânea, como aconteceu antes.

Caiu o muro de Berlim — símbolo da arrogância e absolutismo do ser humano primitivo e tresvairado — e o mundo, estarrecido, acompanha o crescimento das liberdades democráticas no leste europeu sofredor...

A muralha da vergonha, em breve, explodirá em flores miúdas que os ventos da primavera farão surgir das frinchas de suas pedras e do seu concreto armado, demonstrando o poder que tem a vida de sobreviver aos seus sicários.

As centenas de mortos que tentaram atravessar a ignóbil cortina de ferro, no silêncio das suas tumbas, acompanham o périplo do sol da liberdade, que poder algum consegue destruir.

Por outro lado, a sobrevivência exige que os homens se dêem as mãos e avancem unidos.

Os atuais partidos políticos compreendendo esse fator impositivo, cedem plataformas, uns aos outros, embora mantenham as suas filosofias, a fim de que os direitos das pessoas e o seu bem-estar sejam preservados e defendidos.

Instauram-se processos de justiça contra os dilapidadores dos bens públicos, e se instalam as bases da equanimidade nos governos, que se devem dedicar ao povo e suprir-lhe as necessidades mais imediatas, prevenindo-lhe o futuro.

As sombras truanescas do passado cedem lugar às claridades abençoadas do presente, que delineia o futuro.

O homem avança e reescreve a história da humanidade com as letras dos soberanos códigos do amor, da fraternidade e da paz.

                                         * * *

Há, certamente, muito ainda por fazer.

A nuvem do crime e da violência, o vapor dos tóxicos e o vírus do sexo em desequilíbrio, a ronda da miséria sócio-econômica, permanecem em crescimento em inúmeros departamentos humanos. Todavia, medidas profiláticas estão sendo tomadas, e terapêuticas valiosas se apresentam, buscando debelar estes flagelos destruidores.

Há predominância do bem, no mundo hodierno. Os protestos que se verificam, em toda parte, contra os abusos e a delinquência, caracterizam o processo de crescimento da sociedade e a sua ânsia de harmonia.

Milhões de pessoas estão voltadas para a saúde, a educação, o bem, o progresso tecnológico e moral, preparando com sacrifício os novos tempos.

Vidas que se estiolam na miséria, no olvido, estão sendo resgatadas pelas mãos do amor, que se alia à técnica para o milagre da redenção humana.

Viceja a esperança, prenunciando o fim destas horas ainda difíceis, vestígios perniciosos da noite que parte em retirada...

Nesta paisagem emergente surge o Espiritismo, equipando os idealistas com os instrumentos próprios para o grande trabalho que se opera na Terra. As bases da reencarnação demonstrando o principio e o inestancável processo da evolução; a comunicabilidade dos espíritos confirmando a sobrevivência da alma à morte e os acontecimentos que a envolvem; a sua ética eminentemente cristã e os seus métodos de pesquisa científica, são um arsenal para vencer, no seu aparentemente inexpugnável bastião, esse terrível e desconsiderado adversário do progresso humano que é a ignorância. Resistindo a várias tentativas de expurgo do organismo social devido às fáceis mutações que lhe fazem alterar a estrutura e o comportamento, defrontando o escalpelo do Espiritismo, não lhe resta outra alternativa senão diluir-se ante a claridade da razão e do amor libertadores das consciências.

Engajados neste grande compromisso de vencer o mal ainda existente em nosso mundo íntimo, aquartelado na cela da ignorância, derrubemos os muros da hostilidade e nos preparemos para a inevitável arrancada na direção de outros mundos felizes que nos aguardam, quando terminados os deveres atuais que aqui nos retêm.

A vida espera, a luta é nossa e a forja do progresso está em ação.