PERANTE O CORPO
Examinando
a infinita caravana dos que partem da Terra em busca de portos da Imortalidade,
constatamos que a maior incidência de “causa-mortis” é o suicídio.
Suicídio
pelos desregramentos do paladar naqueles que converteram o estômago em tina de
alimentos super condimentados, graxas e acepipes que intoxicaram as vísceras,
aniquilando as suas atividades.
Suicídio
pelo desequilíbrio de emoção daqueles que transformaram o aparelho nervoso em
casa elétrica violentada por descargas poderosas que lhes arrebentaram as turbinas, desarranjando os centros
dinâmicos da vida.
Suicídio
pelo ódio dos que, absorvidos em miasmas mentais que penetraram pelo aparelho
respiratório, produziram distonias e enfermidades pulmonares, com decorrentes
complicações cardíacas e hepáticas de deploráveis consequências.
Suicídio
por quantos transformaram o patrimônio sexual em prazer animalizante, cansando
os centros genéticos nos intermináveis banquetes de paixões sem nome.
Suicídio
em quantos viciaram a mente na indolência e na preguiça, perturbando a
admirável harmonia dos fulcros motores, sensitivos e intermediários,
engendrando e gerando enfermidades sem nomenclatura que aniquilaram os tecidos
sutis do perispírito.
Suicídio
por aqueles que utilizaram o verbo de forma displicente e malsinante,
colaborando para o acúmulo de descargas mentais dos outros, nos centros
espirituais que enfermaram ao impacto das ondas da revolta e cólera provocadas
pela insensatez.
Suicídio
dos que exorbitaram do fumo, álcool, barbitúricos e sucedâneos, nas orgias da
banalidade em que o corpo participou como escravo dos excessos mal contidos
pela indisciplina moral.
Suicídio
dos que se ausentaram da fé-roteiro
que os dignificasse na ginástica da reencarnação pelo caminho da Eternidade...
Os
suicidas chamados conscientes
constituem minoria insignificante face aos outros suicidas ditos inconscientes que, todavia,
desenfreados, se atiraram voluntariamente nos abismos da ilusão onde despertam,
infelizes e enlouquecidos, constituindo farândola de desafortunados, que
perambulam ligados às vibrações grosseiras em torno do Orbe onde se demoram,
desarvorados, indefinidamente...
***
Se
você tem olhos para perceber os clarões do Cristianismo ou a luminescência do
Espiritismo, levante-se e ande...
Recorde
o encontro de Jesus com o cego de Jericó e veja. Veja para discernir, veja para
avançar, veja para viver e ser feliz.
A
Doutrina Espírita – que tudo nos dá e nada nos pede – é o anticorpo para os
males que afligem o mundo e para as misérias morais que maceram os espíritos na
Terra.
Medite
nos seus ensinos e conclua que a vida tem objetivos mais altos e nobres, além
dos impositivos do viver que muitas
vezes é vegetar e do gozar que
normalmente é sofrer.
Transfira
a paixão do corpo que perece para o espírito que viverá sempre e descortinará
horizontes sem fim e alegrias sem nome, cantando a melodia da felicidade que
vibrará na acústica dos seus ouvidos espirituais.
***
Cada
um leva da vida a vida que leva.
Não
há metamorfose moral por imposição miraculosa além-do-túmulo.
Depois
que se arrebentam as peias do casulo de cinza e lama, o espírito se imanta por
sintonia perfeita às zonas vibratórias onde encontra material específico,
semelhante aquele de que se reveste, escravizando-se ou libertando-se das
formas-pensamento que cultivou nos dias da jornada terrestre.
Merece
considerar que o mundo além-da-morte é a continuação das atividades da vida
aquém-da-morte e que cada um despertará depois da tarefa com os resultados do
trabalho ligado à consciência e às mãos.
Respeite,
desse modo, a organização somática que lhe serve de veículo para a evolução,
honrando com a disciplina e a ordem a engrenagem celular, os vasilhames de
transformação, os centros elétricos, ossos e cartilagens, glândulas e gânglios
onde trilhões de vidas microscópicas laboram, infatigáveis, sucumbindo para
ressurgir, a fim de que o espírito imortal possa realizar o culto do dever para
o qual renasceu, reconhecido e jubiloso ao corpo, sem o qual o crime e o abuso
da razão converteriam em azorrague implacável a zurzir indefinidamente...
Carneiro de
Campos
Do
livro “Crestomatia da Imortalidade” de Divaldo P. Franco – Mensagem 9 – LEAL (1989)