04/12/2020

Olá amigos

Segue abaixo estudo do livro Dimensões da Verdade 

Capítulo 11 - Esquecimento do Pretérito



Leitura inicial:

98 

CAPAS 

“E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se e foi ter com Jesus.” 

— (MARCOS, capítulo 10, versículo 50.) 

O Evangelho de Marcos apresenta interessante notícia sobre a cura de Bartimeu, o cego de Jericó. Para receber a bênção da divina aproximação, lança fora de si a capa, correndo ao encontro do Mestre, alcançando novamente a visão para os olhos apagados e tristes. Não residirá nesse ato precioso símbolo? As pessoas humanas exibem no mundo as capas mais diversas. Existem mantos de reis e de mendigos. Há muitos amigos do crime que dão preferência a “capas de santos”. Raros os que não colam ao rosto a máscara da própria conveniência. Alega-se que a luta humana permanece repleta de requisições variadas, que é imprescindível atender à movimentação do século; entretanto, se alguém deseja sinceramente a aproximação de Jesus, para a recepção de benefícios duradouros, lance fora de si a capa do mundo transitório e apresente-se ao Senhor, tal qual é, sem a ruinosa preocupação de manter a pretensa intangibilidade dos títulos efêmeros, sejam os da fortuna material ou os da exagerada noção de sofrimento. A manutenção de falsas aparências, diante do Cristo ou de seus mensageiros, complica a situação de quem necessita. Nada peças ao Senhor com exigências ou alegações descabidas. Despe a tua capa mundana e apresenta-te a Ele, sem mais nem menos.

fonte: livro Caminho, Verdade e vida, leitura 98, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel

Trecho do estudo:

Conquanto estejas informado a respeito da ação do passado sobre o presente, deixas-te dominar quase sempre por dúvidas atrozes que espezinham tuas convicções, fazendo-te sofrer.

Conjecturas quanto ao esquecimento que acompanha o espírito na reencarnação, e supões que esse olvido, de certo modo se faz obstáculo ao discernimento entre amigos e adversários da tua felicidade. 

Seria mais justo que, assim pensas, em momentos de rudes provanças, os centros da memória anterior fossem libertados e a censura que frena as recordações deixasse fluir os rios do conhecimento de modo a agires com acerto. 

Confessas intimamente o tormento que te consome por caminhares sem o conhecimento do destino, tendo em vista a ignorância do pretérito, assinalando desolação e dor. 

E concluis, apressado, que a reencarnação, em tais bases, não expressa condignamente o Amor de nosso Pai, afirmando que, em ti mesmo não encontras, na memória, os fundamentos que favoreçam a segurança que gostarias de possuir para levares de vencida a experiência evolutiva. 

Pensas, e, no entanto, desconheces a mecânica do raciocínio a nascer nos centros cerebrais.

Ages sob impulsos desconhecidos e ignoras a razão deles. Vives governado por automatismos fisiológicos que te mantém a harmonia orgânica sem lhes conheceres a procedência... Vês, ouves, sentes, falas, distingues gostos, no que se refere aos débeis órgãos dos sentidos físicos sem indagações, sem exigências e, todavia, deixas-te conduzir tranquilamente. 

Observa a dificuldade que experimenta uma criatura excepcional aprendendo a falar, comer, controlar os movimentos... Entenderás, então, que se não te é lícito recordar o passado, a outros espíritos mais esclarecidos e fortes que o teu é permitido navegar no oceano das recordações com alguma segurança e naturalidade... Ao invés de castigo, o esquecimento das vidas passadas é dádiva celeste.

Desejarias identificar os sicários da tua paz e os cooperadores da tua alegria. 

Examina, no entanto, as afinidades, considera as emoções junto aos que te cercam, medita e conclui com o auxílio do tempo. Abre, todavia, os braços, a quantos se acercam de ti, procurando envolvê-los nas vibrações do entendimento e da cordialidade, para fruíres afeição e simpatia. 

Encontras obstáculos afetivos no lar entre os membros da família e experimentas, não raro, asco senão revolta por aqueles a quem deverias amar nas amarras do sangue. Reações indomáveis a se manifestarem como animosidade, alquebram o teu ânimo em casa, levando-te a desesperos e a atritos lamentáveis. Acalentas ou és vítima de idiossincrasias, senão aversões, por filhos ou irmãos, lutando tenazmente

por vencer a força negativa que te assoma na presença deles, sem resultados positivos. 

A estada na intimidade doméstica se constitui penoso período, encontrando, todavia, motivos de júbilos sob tetos alheios... (...) E desejarias recordar o ontem!... 

Se em ignorância quanto ao mal que te hajam feito eles, os teus familiares, te sentes incapaz de fitá-los, entendê-los, ajudá-los e amá-los, oferecendo-lhes compreensão e simpatia, como te portarias se, na filha revel identificasses antiga companheira que o adultério arrastou, no irmão consanguíneo o destruidor do antigo ninho de venturas que o tempo não consumiu, no pai ou mãe, no filho ou noutro parente o arquiteto da tua ruína ou a vítima da tua sandice? Esquecer o mal para agir com acerto é luz de amor na lâmpada da oportunidade.

Ignorar os maus para ajudá-los significa ensejar-lhes, com igualdade de condições, ocasião de repararem os males que tenham praticado. Lutar contra a antipatia, procurando ignorar as causas da aversão representa valioso esforço de libertação íntima. 

Considerando a pequenez e a inferioridade moral de quantos se encontram na Terra, o abençoado Hospital-Escola para os recalcitrantes, os excelsos promotores dos renascimentos fazem que a mente espiritual mergulhe no olvido, a fim de que as lembranças dos atos infelizes não os enlouqueçam e as evocações abençoadas não os paralisem em recordação insensata ou improfícua. 

Jesus, o Egrégio Coordenador da vida no Orbe, lecionando sobre a necessidade do bem atuante, não poucas vezes exortou ao amor puro e simples com o esquecimento do mal, para que este não se corporificasse em sombra tenebrosa, acompanhando nossa consciência. 

E desejando imprimir com sulcos profundos o ensino sublime, conclamou os que O seguissem a duplicar a bondade em relação aos que nos peçam algo, mandando oferecer a outra face ao agressor para que não fôssemos os promotores do mal ou vitalizadores da impiedade. E assim o fez por conhecer o abismo que a ignorância da verdade representa e a baliza de luz que significa o amor no caminho da evolução, amor que nos faz esquecer o mal para somente nos lembrarmos do bem...