Olá!
Segue nosso estudo de sábado às 10 h
Examinando o Sofrimento
Leitura inicial:
180
Crê e segue
“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.”
Jesus (João, 17:18)
Se abraçaste, meu amigo, a tarefa espiritista-cristã, em nome da fé
sublimada, sedento de vida superior, recorda que o Mestre te enviou o coração
renovado ao vasto campo do mundo para servilo.
Não só ensinarás o bom caminho. Agirás de acordo com os princípios
elevados que apregoas.
Ditarás diretrizes nobres para os outros, contudo, marcharás dentro delas, por tua vez.
Proclamarás a necessidade de bom ânimo, mas seguindo, estrada afora, semeando alegrias e bênçãos, ainda mesmo quando incompreendido de todos.
Não te contentarás em distribuir moedas e benefícios imediatos. Darás sempre algo de ti mesmo ao que necessita.
Não somente perdoarás.
Compreenderás o ofensor, auxiliando-o a reerguer se.
Não criticarás. Encontrarás recursos inesperados de ser útil. Não deblaterarás. Valer-te-ás do tempo para materializar os bons
pensamentos que te dirigem.
Não disputarás inutilmente.
Encontrarás o caminho do serviço aos
semelhantes em qualquer parte. Não viverás simplesmente no combate palavroso contra o mal. Reterás o
bem, semeando-o com todos. Não condenarás. Descobrirás a luz do amor para fazê-la brilhar em teu
coração, até o sacrifício.
Ora e vigia. Ama e espera. Serve e renuncia.
Se não te dispões a aproveitar a lição do Mestre Divino, afeiçoando a
própria vida aos seus ensinamentos, a tua fé terá sido vã.
Fonte : Livro Pão Nosso, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
Trecho do estudo:
Fugir da aflição!
Libertar-se da dor!
Esquecer... Esquecer que se sofre! – Exclamam os simplistas que pensam em solucionar o magno e palpitante problema do sofrimento não o considerando, como se, ignorando a enfermidade e a dor, a dor e a enfermidade ignorassem o homem.
Muitos dos que se filiaram às diversas correntes religiosas do Cristianismo procuram, por processo de transferência, librar-se acima das águas tumultuadas do sofrer, orando e, na prece, exorando libertação gratuita, como se o papel da Divindade fosse o de arrolar solicitações e atendê-las indiscriminadamente, longe da consideração aos títulos característicos do mérito e do demérito.
Alguns, vinculados às correntes do materialismo filosófico ou científico, fogem em busca do prazer como se este, entorpecendo o caráter, pudesse anular a sede dos registros do passado culposo, libertando os infratores sem a regularização dos seus débitos. E como o prazer não consegue atender a sede de gozo e o gozo da fuga, fogem, desvairados, para os labirintos das drogas estupefacientes, procurando, na consciência em desalinho e em exaltação, uma felicidade a que não fazem jus, uma paz que não merecem.
E o sofrimento – esse ignoto servidor da alma – continua imperturbável no afã de sacudir e despertar mentes, realizando o impositivo divino de reequilíbrio da Lei.
Reponta aqui e surge adiante, de mil formas, falando vigorosa linguagem que somente raros conseguem escutar e entender.
*
Zenão de Cítio, o filósofo grego do IV século antes de Cristo, contemplando o panorama de dor que se apresentava afligente em todo lugar, elaborou o estoicismo, através do qual o desdém às coisas materiais e o culto das virtudes seriam os meios únicos de promover o equilíbrio no homem, desse modo valorizado para vencer a dor, enfrentando-a com nobreza e fé.
Sócrates, o célebre pai da Escola maiêutica e considerado o maior filósofo da Humanidade, encarcerado pela intolerância do ignóbil julgamento dos Heliastas preceituava, mesmo da prisão, o culto da moral e da virtude para vencer o sofrimento, suportando com estoicismo a injusta posição.
Francisco de Assis, o pobrezinho, desdenhando todas as coisas da Terra, experimentou a zombaria e sofreu aflições sem nome, mantendo a força do amor no exercício das virtudes cristãs, como chave do enigma angustiante do sofrimento. E bendizia a dor!
Joana D’Arc, encarcerada por circunstâncias óbvias procurou escutar as suas vozes e, animada pelos amigos espirituais que a norteavam, suportou o cárcere, a humilhação e o opróbrio, queimada, após infamante e arbitrário julgamento, chamando por Jesus e superando a própria dor...
Sofrimento é alta concessão divina.
Dor é moeda de resgate.
Aflição é exercício para fixação do bem.
Sem eles ignoraríamos a paz, desconsideraríamos a alegria, maldiríamos a saúde.
Aquele que sofre está sendo aquinhoado com os exercícios–lições de fixação do bem nas telas mentais.
No leito de dor, na cadeira de rodas, nas amarras ortopédicas; sob os acúleos morais, nos tormentos familiares, nos cipós limitativos das aspirações; no corpo, na mente, na alma; na família, em sociedade, no trabalho; onde esteja a arder e queimar a brasa do sofrimento, agradece a Deus a oportunidade sazonada de reaprender e reparar.
Considera que, enquanto doam as tuas chagas abertas, queimadas por ácidos destruidores, outros companheiros desavisados atiram-se impertinentes pelas sendas da irresponsabilidade, dirigidos por irrefreável loucura, e acalma-te, embora a tormenta que te vergasta...
*
Jesus, tendo elegido o sofrimento como amigo de todas as horas, ensinou-nos sem verbalismo nem retórica que sofrer é ser feliz, e em todos os instantes, sofrendo, exaltou o amor e a bondade como rota de iluminação, pacífico e excelso, prosseguindo imperturbável.
Mesmo que o teu céu esteja carregado de cúmulos em forma de dores e preocupações, e aparentemente te encontres amesquinhado por angústias ultrizes, caminhando em terrível soledade, levanta, estoico e cristão, a cabeça, descrispa as mãos e torna-as asas de amor para com elas louvar o Senhor no trabalho e no bem com os quais alçarás voo às regiões da liberdade após o resgate que o sofrimento te enseja.
Recebe-o, pois, com amor e não desvaries.