Olá!
Segue nosso estudo de sábado às 10 h
A sós com os outros
Leitura inicial:
Não sejas um deles
BEZERRA DE MENEZES
Um dos aspectos marcantes na vida do companheiro de fé, ainda
encarnado, é a formação do ambiente espírita.
O seguidor do Espiritismo não pode existir isolado; à face disso, o meio doutrinário para ele se revela importantíssimo, por
indispensável.
Nesse meio há-de necessariamente granjear a euforia cristã e a
oportunidade de servir, com o devido apoio espiritual na defesa
de si próprio.
Há elevado número de irmãos relegados à margem das tarefas do
bem, por ainda não haverem conquistado ambiente fraterno onde
desabotoar o coração; paralisa-os a timidez, detêm-nos variadas
inibições e a ausência de comunicabilidade lhes fre-na, lamentavelmente, o impulso criativo. Não sejas um deles.
De maneira invariável, é óbvio que partilhamos verdadeira eficiência em serviço tão só no grupo humano em que nos integramos,
segundo os princípios da afinidade; urge, no entanto, fazer concessões de nossa parte. Nada nos fará deparar com cenáculos
de anjos na Terra, mas seremos indubitavelmente atraídos para
os ninhos de todos aqueles cujos pensamentos sintonizam com os
nossos.
Do mesmo modo que os Espíritos evoluem e se aprimoram em
falanges entrelaçadas pela semelhança de gostos, tendências, idéias
e princípios, o homem, pela própria condição da existência terrestre, vê-se obrigado a pertencer a certo clã social, e o espírita,
por sua vez, é impelido para determinado círculo doutrinário.
Entretanto, não nos é lícito imitar a tartaruga na carapaça.. .
Somos convidados a sair de nós próprios, a compreender, a edificar, a extravasarmo-nos nas boas obras... Por essa razão, guardemos o júbilo espontâneo de expandir-nos na fraternidade para
a descoberta incessante de novas luzes; cultivemos amizades por
tesouros da alma; concretizemos as próprias convicções na vida
prática. Quem se isola furta-se de cooperar no rendimento da vida; além
disso, faz-se órfão de alegria, na posição de tutelado constante
do sofrimento.
Observa, pois, se já constituíste o teu ambiente doutrinário.
Analisa a ti mesmo, repara se desfrutas euforia natural nesse
ambiente, se te reconfortas dentro dele e esforça-te para desenvolver com eficiência a parte de serviço que te compete na equipe de ação redentora a que pertences.
Habitua-te, desde agora, a trabalhar em conjunto na condição de
peça útil e essencial no mecanismo do bem, porque somente assim
alcançarás, um dia, o ingresso venturoso à Vida Espiritual, como
Obreiro do Bem, ante os sóis do Infinito.
Fonte: livro Seareiros de Volta, Waldo Vieira, por Espíritos Diversos
Trecho do estudo:
Não te creias a sós, embrulhando os sonhos que acalentavas nos pesados tecidos da revolta.
Há tantos solitários que não se resolvem a arrebentar as amarras do egoísmo para serem úteis a alguém!...
Sê tu quem consiga esse fanal.
O lago plácido e sonhador, que reflete o céu de astros pulverizado qual espelho precioso, desfaz-se ante o batráquio que nele se arremessa, apagando a ilusão da beleza. Desejarias felicidade contemplativa cercado de carinhos, inútil, refletindo sonhos impossíveis.
No entanto, enquanto te crês solitário e triste, frustrado nos anseios que acalentavas, perdes os olhos nas tintas carregadas do pessimismo e não vês aqueles olhos que te fitam inquietos, desejando acercar-se de ti, sem oportunidade de fazê-lo.
A semente que se sente desventurada numa arca de mogno e bronze valiosos, desdobra-se em bênçãos para muitos, quando acolhida pelo solo que lhe oferece destino.
A água morta entre sombras alimenta a vida, se vai depurada.
O monturo desprezível enriquece-se de perfume, quando agasalha os bulbos do lírio.
O coração ao teu lado, na vida diária, é a sublime meta da tua oportunidade no corpo. Mata a solidão, asfixiando-a nos tecidos leves da cordialidade para com os outros.
Não creias que haja um abismo entre ti e os outros.
Se o vês ou o sentes, lança a ponte da afabilidade e atapeta-a de doçura.
Escorregarão muitos seres imersos no personalismo atormentado das vacuidades da Terra, que se aconchegarão ao país da tua alma, sedentos, necessitados e amigos teus, dando carinho também. Compreenderás que o receber é efeito do dar, tanto quanto o colher é o resultado do plantar.
A lagarta que teme a metamorfose jamais plainará como borboleta leve no azul do ar.
A flor que receia o desgaste nunca atingirá a semente que a perpetua.
O amor que se enclausura não amadurecerá em dádivas renovadoras.
*
Aparecendo à pecadora de Magdala, após a Ressurreição, o Mestre premiou o esforço de quem tanto deu à causa da Mensagem Viva da Fé, a ponto de, vencendo-se a si mesma, oferecer-se entre tormentos íntimos de paixões sem nome que sublimou para renascer dos escombros qual Circe de luz... E Maria o mereceu, pois que, esquecida do próprio eu, cindiu a casca da autopiedade e da falsa solidão a que muitos a si se impõem para atirar-se à glória do serviço ao próximo sem fronteira nem limite por amor a Ele.