16/10/2020

                                                                                     Olá!

Segue nosso estudo de sábado às 10 h
A sós com os outros




Leitura inicial:

Não sejas um deles 

BEZERRA DE MENEZES 

Um dos aspectos marcantes na vida do companheiro de fé, ainda encarnado, é a formação do ambiente espírita. O seguidor do Espiritismo não pode existir isolado; à face disso, o meio doutrinário para ele se revela importantíssimo, por indispensável. 
Nesse meio há-de necessariamente granjear a euforia cristã e a oportunidade de servir, com o devido apoio espiritual na defesa de si próprio. 
Há elevado número de irmãos relegados à margem das tarefas do bem, por ainda não haverem conquistado ambiente fraterno onde desabotoar o coração; paralisa-os a timidez, detêm-nos variadas inibições e a ausência de comunicabilidade lhes fre-na, lamentavelmente, o impulso criativo. Não sejas um deles. 
De maneira invariável, é óbvio que partilhamos verdadeira eficiência em serviço tão só no grupo humano em que nos integramos, segundo os princípios da afinidade; urge, no entanto, fazer concessões de nossa parte. Nada nos fará deparar com cenáculos de anjos na Terra, mas seremos indubitavelmente atraídos para os ninhos de todos aqueles cujos pensamentos sintonizam com os nossos. 
Do mesmo modo que os Espíritos evoluem e se aprimoram em falanges entrelaçadas pela semelhança de gostos, tendências, idéias e princípios, o homem, pela própria condição da existência terrestre, vê-se obrigado a pertencer a certo clã social, e o espírita, por sua vez, é impelido para determinado círculo doutrinário. Entretanto, não nos é lícito imitar a tartaruga na carapaça.. . 
Somos convidados a sair de nós próprios, a compreender, a edificar, a extravasarmo-nos nas boas obras... Por essa razão, guardemos o júbilo espontâneo de expandir-nos na fraternidade para a descoberta incessante de novas luzes; cultivemos amizades por tesouros da alma; concretizemos as próprias convicções na vida prática. Quem se isola furta-se de cooperar no rendimento da vida; além disso, faz-se órfão de alegria, na posição de tutelado constante do sofrimento. 
Observa, pois, se já constituíste o teu ambiente doutrinário. 
Analisa a ti mesmo, repara se desfrutas euforia natural nesse ambiente, se te reconfortas dentro dele e esforça-te para desenvolver com eficiência a parte de serviço que te compete na equipe de ação redentora a que pertences. Habitua-te, desde agora, a trabalhar em conjunto na condição de peça útil e essencial no mecanismo do bem, porque somente assim alcançarás, um dia, o ingresso venturoso à Vida Espiritual, como Obreiro do Bem, ante os sóis do Infinito. 

Fonte: livro Seareiros de Volta, Waldo Vieira, por Espíritos Diversos

Trecho do estudo:

Não te creias a sós, embrulhando os sonhos que acalentavas nos pesados tecidos da revolta.
Há tantos solitários que não se resolvem a arrebentar as amarras do egoísmo para serem úteis a alguém!...
Sê tu quem consiga esse fanal.
O lago plácido e sonhador, que reflete o céu de astros pulverizado qual espelho precioso, desfaz-se ante o batráquio que nele se arremessa, apagando a ilusão da beleza. Desejarias felicidade contemplativa cercado de carinhos, inútil, refletindo sonhos impossíveis. 
No entanto, enquanto te crês solitário e triste, frustrado nos anseios que acalentavas, perdes os olhos nas tintas carregadas do pessimismo e não vês aqueles olhos que te fitam inquietos, desejando acercar-se de ti, sem oportunidade de fazê-lo. 
A semente que se sente desventurada numa arca de mogno e bronze valiosos, desdobra-se em bênçãos para muitos, quando acolhida pelo solo que lhe oferece destino. 
A água morta entre sombras alimenta a vida, se vai depurada. 
O monturo desprezível enriquece-se de perfume, quando agasalha os bulbos do lírio.
O coração ao teu lado, na vida diária, é a sublime meta da tua oportunidade no corpo. Mata a solidão, asfixiando-a nos tecidos leves da cordialidade para com os outros. 
Não creias que haja um abismo entre ti e os outros. 
Se o vês ou o sentes, lança a ponte da afabilidade e atapeta-a de doçura. 
Escorregarão muitos seres imersos no personalismo atormentado das vacuidades da Terra, que se aconchegarão ao país da tua alma, sedentos, necessitados e amigos teus, dando carinho também. Compreenderás que o receber é efeito do dar, tanto quanto o colher é o resultado do plantar. 
A lagarta que teme a metamorfose jamais plainará como borboleta leve no azul do ar. 
A flor que receia o desgaste nunca atingirá a semente que a perpetua.
O amor que se enclausura não amadurecerá em dádivas renovadoras. 


Aparecendo à pecadora de Magdala, após a Ressurreição, o Mestre premiou o esforço de quem tanto deu à causa da Mensagem Viva da Fé, a ponto de, vencendo-se a si mesma, oferecer-se entre tormentos íntimos de paixões sem nome que sublimou para renascer dos escombros qual Circe de luz... E Maria o mereceu, pois que, esquecida do próprio eu, cindiu a casca da autopiedade e da falsa solidão a que muitos a si se impõem para atirar-se à glória do serviço ao próximo sem fronteira nem limite por amor a Ele.