12/10/2020

                                                                                   Olá!

Segue nosso estudo de segunda-feira às 16:30 h.
Médiuns e mediunidades
Capítulo XIV
Mistificações na Mediunidade




Leitura inicial:

75 Murmurações 

 “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas.” 

Paulo (Filipenses, 2:14)  

Nunca se viu contenda que não fosse precedida de murmurações inferiores. É hábito antigo da leviandade procurar a ingratidão, a miséria moral, o orgulho, a vaidade e todos os flagelos que arruínam almas neste mundo para organizar as palestras da sombra, onde o bem, o amor e a verdade são focalizados com malícia. 
Quando alguém comece a encontrar motivos fáceis para muitas queixas, é justo proceder a rigoroso auto­exame, de modo a verificar se não está padecendo da terrível enfermidade das murmurações. Os que cumprem seus deveres, na pauta das atividades justas, certamente não poderão cultivar ensejo a reclamações. 
É indispensável conservar-­se o discípulo em guarda contra esses acumuladores de energias destrutivas, porque, de maneira geral, sua influência perniciosa invade quase todos os lugares de luta do Planeta. 
É fácil identificá-­los. Para eles, tudo está errado, nada serve, não se deve esperar algo de melhor em coisa alguma. Seu  verbo  é irritação permanente, suas observações são injustas e desanimam. Lutemos, quanto estiver em nossas forças, contra essas humilhantes atitudes mentais.
Confiados em Deus, dilatemos todas as nossas esperanças, certos de que, conforme asseveram os velhos Provérbios, o coração otimista é medicamento de paz e de alegria.

Livro: Pão Nosso, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel


Trecho do estudo:

O exercício da mediunidade correta impõe disciplinas que não podem ser desconsideradas,
seriedade e honradez que lhe conferem firmeza de propósitos com elevada qualidade para o ministério.

Porque independe dos requisitos morais do intermediário, este há de elevar-se espiritualmente, a fim de atrair as entidades respeitáveis que o podem promover, auxiliando-o na execução do delicado programa a que se deve ajustar.

Pelo fato de radicar-se no organismo, o seu uso há que ser controlado e posto em regime de regularidade, evitando-se o abuso da função, que lhe desgasta as forças mantenedoras, como a ausência da ação, que lhe obstrui mais amplas aptidões que somente se desenvolvem mediante equilibrada aplicação.

Em face da sintonia psíquica responsável pela atração daqueles que se comunicam, a questão da moralidade do médium é de relevante importância, preponderando, inclusive, sobre os requisitos culturais, porquanto estes últimos podem constituir-lhe uma provação, jamais um impedimento, enquanto a primeira favorece a união com os Espíritos de igual nível evolutivo.

Embora os cuidados que o exercício da mediunidade exige, nenhum sensitivo está isento de ser veículo de burla, de mistificação. Esta pode, portanto, ter várias procedências: a) dos Espíritos que se comunicam, denunciando a sua inferioridade e demonstrando falhas no comportamento do medianeiro, que lhes ensejou a farsa; às vezes, apesar das qualidades morais relevantes do médium, este pode ser vítima de embuste, que é permitido pelos seus instrutores desencarnados com o fim de pôr-lhe à prova a humildade, a vigilância e o equilíbrio; b) involuntariamente, quando o próprio Espírito do médium não logra ser um fiel intérprete da mensagem, por se encontrar em aturdimento, com estafa, desgaste e desajustado emocionalmente; c) inconscientemente, em razão da liberação dos arquivos da memória – animismo – ou por captação telepática direta ou indireta; d) por fim, quando se sentindo sem a presença dos comunicantes e sem valor moral para explicar a ocorrência, apela para a mistificação consciente e infeliz, derrapando no gravame moral significativo.

Eis por que o médium se deve preservar dos abusos, não exorbitando das energias que lhe permitem a ação da faculdade, porquanto esta, à semelhança de outra qualquer, sofre as alternâncias do cansaço e do repouso, da boa ou da má utilização.

A prática mediúnica impõe, como condições ético-morais, o idealismo e a dedicação desinteressada de quaisquer recompensas, pois que o mercantilismo e a simonia transformam-na em campo de exploração perniciosa. Não se beneficiando com as retribuições que são encaminhadas aos médiuns, os Espíritos nobres os deixam à própria sorte, sendo assim substituídos pelos interesseiros e vãos, que passam ao comércio das forças psíquicas em processo de vampirismo cruel, terminando por apropriar-se da casa mental do irresponsável em conúbio danoso. Outras vezes, sentindo-se obrigado a atender o consulente que lhe compra o horário, o sensitivo assume a responsabilidade da mensagem, mistificando em consciência, na crença de que ao outro está enganando, sem se dar conta das consequências funestas que o gesto lhe acarreta e que se apresentarão no momento próprio.

A venda, porém, da mediunidade, não se dá, exclusivamente, mediante a moeda de contado, mas, também, por meio dos presentes de alto preço, da bajulação chula, do destaque vão com que se busca distinguir os médiuns, exaltando-lhes o orgulho e a vaidade.

É austera e irretocável a recomendação de Jesus quanto ao “dar de graça o que de graça se recebe”, valorizando-se o conteúdo da concessão superior, honrando-a com carinho e respeito, em razão da sua procedência, quanto do seu destino.

A mistificação mediúnica de qualquer natureza tem muito a ver com o caráter moral do médium, que, consciente ou não, é responsável pelas ocorrências normais e paranormais da sua existência.


A mediunidade é para ser exercida com responsabilidade e pureza de sentimentos, não se lhe permitindo macular com as enganosas paixões inferiores da condição humana das criaturas.

Com a sua vulgarização e a multiplicação dos médiuns, estes, desejando valorizar-se e dar brilho especial às suas faculdades, apelam para superstições e exotismos do agrado das pessoas frívolas e ignorantes, que os incorporam às suas ações, caindo, desse modo, em mistificações da forma, mediante os processos escusos com os quais visam a impressionar os incautos.

A prática mediúnica dispensa todo e qualquer rito, indumentária, práxis, condição, por estribar-se em valores metafísicos que as formas exteriores não podem alcançar.

O mau uso da faculdade mediúnica pode entorpecê-la e até mesmo fazê-la desaparecer, tornando-se, para o seu portador, um verdadeiro prejuízo, uma rude provação.


Algumas vezes, como advertência, interrompe-se-lhe o fluxo medianímico, e os Espíritos superiores, por afeição ao médium, permitem que ele o perceba, a fim de mais se adestrar, buscando descobrir a falha que propiciou a suspensão e restaurando o equilíbrio; outras vezes, é-lhe concedida com o objetivo de facultar-lhe algum repouso e refazimento.


A mistificação é um dos graves escolhos à mediunidade, todavia, fácil de se evitar, como de se identificar.

A convivência com o médium dará ao observador a dimensão dos seus valores morais, e será por estes que se poderá medir a qualidade e as resistências mediúnicas do mesmo, a possibilidade dele ser vítima ou responsável por mistificações.