08/06/2019


      
Camille Flammarion   (26/02/1842 – 03/06/1925)




 
Nascido em Val-de-Meuse, França e desencarnado em sua propriedade, em Juvisy-sur-Orge, no mesmo país, Flammarion foi um homem cujas obras encheram de luzes o século XIX. Ele era o mais velho de uma família de quatro filhos, e desde muito jovem se revelaram nele qualidades excepcionais. Queixava-se constantemente que o tempo não lhe deixava fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética.

Foi dura a vida dos Flammarion, e Camille compreendeu o mérito de seu pai entregando tudo aos credores. Reconhecia nele o mais belo exemplo de energia e trabalho, mas essa situação levou-o a viver com poucos recursos.

Camille, depois de muito procurar, encontrou serviço de aprendiz de gravador, recebendo como parte do pagamento casa e comida. Comia pouco e mal, dormia numa cama dura, sem o menor conforto; o trabalho era áspero e o patrão exigia que tudo fosse feito com rapidez. Mas pretendia completar seus estudos, principalmente a matemática, a língua inglesa e o latim, e estudava sozinho à noite. Deitava-se tarde e nem sempre tinha vela. Escrevia ao clarão da lua e considerava-se feliz. Apesar de estudar à noite, trabalhava de 15 a 16 horas por dia. Naturalmente, tinha os domingos livres e tratou de ocupá-los. Nesse dia assistia as conferências feitas pelo abade da Igreja de São Roque, onde frequentava e estudava desenho, sobre Astronomia.

Aos 16 anos de idade, escreveu "Cosmologia Universal", um livro de quinhentas páginas; o irmão, muito seu amigo, tomou-se livreiro e publicava-lhe os livros. Assim era sua vida: passar mal, estudar demais, trabalhar em exagero. Um domingo desmaiou no decorrer da missa, por sinal, um desmaio muito providencial. O doutor Edouvard Fornié foi ver o doente. Em cima da sua cabeceira estava um manuscrito do livro "Cosmologia Universal". Após ver a obra, achou que Camille merecia posição melhor. Prometeu-lhe, então, colocá-lo no Observatório, como aluno de Astronomia. Entrando para o Observatório de Paris, do qual era diretor Levèrrier, muito sofreu com as impertinências e perseguições desse diretor, que não podia conceber a ideia de um rapazola acompanhá-lo em estudos de ordem tão transcendental.

Retirando-se em 1862 do Observatório, continuou com mais liberdade os seus estudos. Pela publicação de sua "Astronomia Popular", recebeu da Academia Francesa, no ano de 1880, o prêmio Montyon.

Tornando-se espírita convicto, foi amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido o orador designado para proferir as últimas palavras à beira do túmulo do Codificador do Espiritismo, a quem denominou "o bom senso encarnado". Camille Flammarion, segundo Gabriel Delanne, foi um filósofo enxertado em sábio, possuindo a arte da ciência e a ciência da arte. Flammarion "poeta dos Céus", como o denominava Michelet tornou - se baluarte do Espiritismo, pois, sempre coerente com suas convicções inabaláveis, foi um verdadeiro idealista e inovador.
Fonte: Grandes Vultos do Espiritismo - FEB.