Olá amigos!
Segue abaixo nosso estudo de
O Evangelho Segundo O Espiritismo
Cap. XVII item 8 - A virtude
Leitura inicial:
Quando o homem se resolve por modificar a conduta moral para melhor, parece defrontar uma conspiração geral contra os propósitos de enobrecimento.
Tudo se altera e desgoverna.
As mínimas coisas fazem-se complicadas, e o ritmo dos acontecimentos, por algum tempo, muda para pior.
Esse estado de coisas leva o candidato à reforma íntima a retroceder, a desistir.
É natural, porém, que assim aconteça.
Toda transferência modifica o habitual.
Na área das ações morais a reação é maior, porquanto se penetra nas raízes do mal para extirpá-lo, a fim de dar surgimento a novos e equilibrados costumes.
Não abandones, desse modo, os teus intentos de moralidade e crescimento interior, em razão das primeiras dificuldades a enfrentar.
Fonte: Livro Vida Feliz - 159 - Joanna de Ângelis & Divaldo Franco
8. A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as
qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo,
laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente,
quase sempre as acompanham pequenas enfermidades morais que as desornam e
atenuam. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que
lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe
opõe: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de
estadear-se. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à
admiração das massas. S. Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o digno
cura d’Ars e muitos outros quase desconhecidos do mundo, mas conhecidos de
Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir
ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse
completo e inteiro esquecimento de si mesmos.
À virtude assim
compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente
cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos. Afastai,
porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor-próprio, que
sempre desadornam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se
apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os
ouvidos complacentes. A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma
imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias.
Em princípio, o homem que
se exalça, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples
fato, todo mérito real que possa ter. Entretanto, que direi daquele cujo único
valor consiste em parecer o que não é? Admito de boa mente que o homem que
pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que
tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor-próprio.
Ó vós todos a quem a fé
espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quão longe da perfeição está o
homem, jamais esbarreis em semelhante escolho. A virtude é uma graça que desejo
a todos os espíritas sinceros. Contudo, dir-lhes-ei: Mais vale pouca virtude
com modéstia, do que muita com orgulho. Pelo orgulho é que as Humanidades
sucessivamente se hão perdido; pela humildade é que um dia elas se hão de
redimir. – François-Nicolas-Madeleine. (Paris,
1863.)
LEITURA
COMPLEMENTAR – Livro dos Espíritos
630. Como se pode
distinguir o bem do mal?
“O bem é tudo o que é conforme à
lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder
de acordo com a lei de Deus; fazer o mal é infringi-la.”
631. Tem meios o
homem de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal?
“Sim, quando crê em Deus e o quer
saber. Deus lhe deu a inteligência para distinguir um do outro.”
632. Estando sujeito
ao erro, não pode o homem enganar-se na apreciação do bem e do mal, e crer que
pratica o bem quando em realidade pratica o mal?
“Jesus disse: vede o que
quereríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos
enganareis.”
633. Essa regra do
bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, é inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo. Achará ele, na lei natural,
a regra desse proceder e um guia seguro?
“Quando comeis em excesso,
verificais que isso vos faz mal. Pois bem: é Deus quem vos dá a medida daquilo
de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo é
assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele
ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que
lhe diz basta, evitaria a maior
parte dos males cuja culpa lança à natureza.”
“Todas as virtudes têm seu
mérito, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que
há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da
virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal pelo bem do próximo,
sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais
desinteressada caridade.”
“Só não têm
que lutar aqueles em quem já há progresso realizado. Esses lutaram outrora e
triunfaram. Por isso é que os bons sentimentos nenhum esforço lhes custam e
suas ações lhes parecem simplíssimas. O bem se lhes tornou um hábito. Devidas
lhes são as honras que se costuma tributar a velhos guerreiros que conquistaram
seus altos postos.
“Como ainda estais longe da
perfeição, tais exemplos vos espantam pelo contraste com o que tendes à vista,
e tanto mais os admirais, quanto mais raros são. Ficai sabendo, porém, que, nos
mundos mais adiantados do que o vosso, constitui a regra o que entre vós
representa a exceção. Em todos os pontos desses mundos o sentimento do bem é
espontâneo, porque somente Espíritos bons os habitam. Lá, uma só intenção
maligna seria monstruosa exceção. Eis por que neles os homens são ditosos. O
mesmo se dará na Terra quando a Humanidade se houver transformado, quando
compreender e praticar a caridade na sua verdadeira acepção.”
“O interesse pessoal.
Frequentemente, as qualidades morais são como, num objeto de cobre, a douradura
que não resiste à pedra de toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que
levem o mundo a considerá-lo homem de bem. Mas essas qualidades, conquanto
assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas, e às vezes basta que
se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto. O
verdadeiro desinteresse é coisa ainda tão rara na Terra que, quando se
patenteia, todos o admiram como se fora um fenômeno.
“O apego às coisas materiais
constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se aferra aos
bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo
desinteresse, ao contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o
futuro.”