DIVIDE
Auta
de Souza
Não
somes simplesmente os bens da vida. . .
Deus
reparte a bondade com grandeza.
O
próprio pão que te enriquece a mesa
É
mensagem da terra dividida.
Fita a glória solar fremindo acesa,
A fonte que ao repouso te convida
E as flores que se entregam sem medida,
No coração de luz da Natureza. . .
Divide
assim também do que te sobre.
O
celeiro do bem nunca está pobre,
Inda
que a singeleza nele brade.
A prece, o bolo, o caldo, o leito e a veste
São dividendos para o Lar Celeste,
No tesouro de amor da eternidade. . .
Livro Antologia dos Imortais, psicografia de F.C.Xavier e Waldo
Vieira - FEB - 4ª edição - 2002
SONETO
Auta
de Souza
Tudo o
que é puro, santo e resplendente,
Neste
mundo cruel de desenganos,
Toda a
ventura dos primeiros anos
Num’alma
que desabrocha sorridente;
Tudo que ainda vemos de potente
Na vastidão sem fim dos oceanos,
É da terra nos prantos soberanos
Trazidos pela aurora refulgente;
Tudo o
que desce do infinito ousado;
O sol,
a brisa, o orvalho prateado,
A luz
do amor, do bem, das esperanças;
Tudo, afinal, que vem do Céu dourado
A despertar o coração magoado,
- Deus encerrou nos olhos das crianças!
Livro Horto, outros poemas e ressonâncias de Auta de Souza – EDUFRN –
1ª edição - 2009