EXTERIORIZAÇÃO DA MOTRICIDADE E SUA AÇÃO A DISTÂNCIA
GUSTAV GELEY
A exteriorização e a ação a distância da motricidade foram
reveladas pelas manifestações mediúnicas. Só no mediunismo elas se produzem com
toda a intensidade.
Foi, entretanto, possível a obtenção de
fenômenos de motricidade a distância na hipnose e até mesmo sem sono aparente
do paciente.
Nesse caso, contudo, as manifestações
são francamente elementares.
O paciente exerce uma ação motora
ligeira e a pouca distância, seja espontaneamente ou pela sugestão.
Os fenômenos de motricidade a
distância, apontados como importantes, são obtidos quer com um superficial
contato do médium, quer sem o menor
contato.
Frequentemente, deixam transparecer uma
força considerável: deslocamento e soerguimento de objetos bem pesados, às
vezes longe do “sujet”. As peças mais
leves são transportadas de um ponto a outro da sala das sessões.
Os movimentos assumem caráter assaz
importante: nunca são incoerentes.
Contrariamente, acham-se sempre dirigidos a um fim manifestamente almejado,
sendo, às vezes, bastante complexos. Dentro dessa ordem, um dos mais notáveis
fenômenos é o da escrita direta – a
pena ou o lápis escrevendo sem suporte aparente e sem contato com o médium.
Os importantes fenômenos de motricidade
a distância só se obtêm por meio de “sujets”
especialmente treinados, salvo exceção. Durante a produção, frequentemente o “sujet” se encontra num sono particular, chamado transe, análogo
ao sono da hipnose.
De outras vezes, não há sono, mas,
mesmo assim, os fenômenos se produzem independentemente da vontade consciente.
Após a sessão, o “sujet” acusa
considerável fadiga. No momento do despertar, de nada se recorda do que
aconteceu desde o momento em que dormiu.
Finalmente, durante a produção dos
fenômenos, os membros do “sujet”
esboçam movimentos ligeiros, sincronizados àqueles que se realizam a
distância, dirigidos como o seriam se produzidos diretamente. Esses
movimentos são, no entanto, muito fracos
e inconstantes, simples deslocamentos reflexos
ou associados.
Os fenômenos, que – repito – quase sempre
escapam à vontade consciente do “sujet”, são dirigidos por uma inteligência
distinta da dele, em aparência. É uma personalidade diversa da sua personalidade
normal quem, com a força exteriorizada do daquele, produz os fenômenos.
Também
as personalidades mediúnicas que se manifestam parecem usar à sua vontade,
independente da vontade do médium, seus órgãos e suas faculdades motoras e de
sensibilidade. Podem apresentar capacidades e conhecimentos psíquicos
inteiramente diferentes dos da personalidade normal. Num capítulo especial,
estudarei pormenorizadamente essas personalidades mediúnicas.
Os
fenômenos de pancadas a distância do “sujet”, em móveis, teto, soalho, ou na
armação da sala das sessões, podem acompanhar os fenômenos de exteriorização da
motricidade.
As
pancadas geralmente denominadas “raps”, apresentam a mesma característica dos
movimentos sem contato: produzem-se nas mesmas condições, denotando direção
inteligente que não corresponde à da personalidade normal do “sujet”.
Estas
necessitam de dupla explicação:
1ª No que tange à origem da força que age;
2ª No que respeita à direção inteligente
desta força.
No que concerne à força que age, é evidente
tratar-se de força exteriorizada do “sujet”. Tudo o prova: a presença
indispensável de um médium; sua considerável fadiga após a sessão e a
verificação dos movimentos associados, etc.
Não
há dúvida possível. O “algo” que pode exteriorizar-se carrega consigo não
apenas a sensibilidade, mas também a força.
No
que se relaciona com a direção inteligente da força, o problema é mais
difícil. É certo que a inteligência diretora não é a inteligência pessoal e
normal ao “sujet”. Deve por isso concluir-se ser-lhe ela exterior e estranha?
Não necessariamente, uma vez que, de nossa parte, dizemos que a inteligência
diretora é uma personalidade
subconsciente.
O
que acontece é que, na conjuntura que se apresenta, somos levado a admitir a
existência de personalidades subconscientes não apenas cem por cento diferentes
da personalidade normal, mas, principalmente, possuidoras de capacidades
alheias às desta e capazes de agir fora
do organismo.
Do livro O SER
SUBCONSCIENTE – Capítulo Segundo – item VI - FEB – 1ª edição - 1975