01/08/2018

EXTERIORIZAÇÃO DA MOTRICIDADE E SUA AÇÃO A DISTÂNCIA


EXTERIORIZAÇÃO DA MOTRICIDADE E SUA AÇÃO A DISTÂNCIA


GUSTAV GELEY



A exteriorização e a ação a distância da motricidade foram reveladas pelas manifestações mediúnicas. Só no mediunismo elas se produzem com toda a intensidade.

Foi, entretanto, possível a obtenção de fenômenos de motricidade a distância na hipnose e até mesmo sem sono aparente do paciente.

Nesse caso, contudo, as manifestações são francamente elementares.
O paciente exerce uma ação motora ligeira e a pouca distância, seja espontaneamente ou pela sugestão.

Os fenômenos de motricidade a distância, apontados como importantes, são obtidos quer com um superficial contato do médium, quer sem o menor contato.

Frequentemente, deixam transparecer uma força considerável: deslocamento e soerguimento de objetos bem pesados, às vezes longe do “sujet”. As peças mais leves são transportadas de um ponto a outro da sala das sessões.

Os movimentos assumem caráter assaz importante: nunca são incoerentes. Contrariamente, acham-se sempre dirigidos a um fim manifestamente almejado, sendo, às vezes, bastante complexos. Dentro dessa ordem, um dos mais notáveis fenômenos é o da escrita direta – a pena ou o lápis escrevendo sem suporte aparente e sem contato com o médium.
            
Os importantes fenômenos de motricidade a distância só se obtêm por meio de “sujets” especialmente treinados, salvo exceção. Durante a produção, frequentemente o “sujet” se encontra num sono particular, chamado transe, análogo ao sono da hipnose.
            
De outras vezes, não há sono, mas, mesmo assim, os fenômenos se produzem independentemente da vontade consciente. Após a sessão, o “sujet” acusa considerável fadiga. No momento do despertar, de nada se recorda do que aconteceu desde o momento em que dormiu.
            
Finalmente, durante a produção dos fenômenos, os membros do “sujet” esboçam movimentos ligeiros, sincronizados àqueles que se realizam a distância, dirigidos como o seriam se produzidos diretamente. Esses movimentos são, no entanto, muito fracos e inconstantes, simples deslocamentos reflexos ou associados.


Os fenômenos, que – repito – quase sempre escapam à vontade consciente do “sujet”, são dirigidos por uma inteligência distinta da dele, em aparência. É uma personalidade diversa da sua personalidade normal quem, com a força exteriorizada do daquele, produz os fenômenos.

Também as personalidades mediúnicas que se manifestam parecem usar à sua vontade, independente da vontade do médium, seus órgãos e suas faculdades motoras e de sensibilidade. Podem apresentar capacidades e conhecimentos psíquicos inteiramente diferentes dos da personalidade normal. Num capítulo especial, estudarei pormenorizadamente essas personalidades mediúnicas.

Os fenômenos de pancadas a distância do “sujet”, em móveis, teto, soalho, ou na armação da sala das sessões, podem acompanhar os fenômenos de exteriorização da motricidade.

As pancadas geralmente denominadas “raps”, apresentam a mesma característica dos movimentos sem contato: produzem-se nas mesmas condições, denotando direção inteligente que não corresponde à da personalidade normal do “sujet”.

            Estas necessitam de dupla explicação:

1ª        No que tange à origem da força que age;
2ª        No que respeita à direção inteligente desta força.

No que concerne à força que age, é evidente tratar-se de força exteriorizada do “sujet”. Tudo o prova: a presença indispensável de um médium; sua considerável fadiga após a sessão e a verificação dos movimentos associados, etc.

Não há dúvida possível. O “algo” que pode exteriorizar-se carrega consigo não apenas a sensibilidade, mas também a força.

No que se relaciona com a direção inteligente da força, o problema é mais difícil. É certo que a inteligência diretora não é a inteligência pessoal e normal ao “sujet”. Deve por isso concluir-se ser-lhe ela exterior e estranha? Não necessariamente, uma vez que, de nossa parte, dizemos que a inteligência diretora é uma personalidade subconsciente.

O que acontece é que, na conjuntura que se apresenta, somos levado a admitir a existência de personalidades subconscientes não apenas cem por cento diferentes da personalidade normal, mas, principalmente, possuidoras de capacidades alheias às desta e capazes de agir fora do organismo.

Isso significa, ainda uma vez, que a subconsciência assim compreendida é essencialmente diferente da subconsciência automática clássica. Ela constitui essa subconsciência superior que já o exame dos fatos precedentes demonstrara-nos.


Do livro O SER SUBCONSCIENTE – Capítulo Segundo – item VI -  FEB – 1ª edição - 1975