17/08/2018

O Espírito e sua forma

Léon Denis

Em todo homem vive um espírito.

Por espírito deve-se entender a alma revestida de seu envoltório fluídico, que tem a forma do corpo físico e participa da imortalidade da alma, de que é inseparável.

Da essência da alma apenas sabemos uma coisa: que, sendo indivisível, é imperecível. A alma se revela por seus pensamentos, e também por seus atos; para que possa, porém, agir e nos impressionar os sentidos físicos, preciso lhe é um intermediário semimaterial, sem o qual nos pareceria incompreensível a sua ação. É o perispírito, nome dado ao invólucro fluídico, imponderável, invisível. Em sua intervenção é que se pode encontrar a chave explicativa dos fenômenos espíritas.

O corpo fluídico, que possui o homem, é o transmissor de nossas impressões, sensações e lembranças. Anterior à vida atual, inacessível à destruição pela morte, é o admirável instrumento que para si mesma a alma constrói e que aperfeiçoa através dos tempos; é o resultado de seu longo passado. Nele se conservam os instintos, se acumulam as forças, se fixam as aquisições de nossas múltiplas existências, os frutos de nossa lenta e penosa evolução.

A substância do perispírito é extremamente sutil, é a matéria em seu estado mais quintessenciado, é mais rarefeita que o éter; suas vibrações, seus movimentos, ultrapassam em rapidez e penetração os das mais ativas substâncias. Daí a facilidade de os Espíritos atravessarem os corpos opacos, os obstáculos materiais e transporem consideráveis distâncias com a rapidez do pensamento.

Insensível às causas de desagregação e destruição que afetam o corpo físico, o perispírito assegura a estabilidade da vida em meio da contínua renovação das células. É o modelo invisível através do qual passam e se sucedem as partículas orgânicas, obedecendo a linhas de força, reconhecido por Claude Bernard como necessário para manter a forma humana em meio a constantes modificações e da renovação dos átomos.


Continua no informativo do GEAS de março de 2018

Do livro No Invisível, de Léon Denis – Primeira Parte-Capítulo III; FEB – 7ª edição – 1973