O Espírito e sua forma
Léon Denis
Em todo homem vive um espírito.
Por espírito deve-se entender a alma revestida
de seu envoltório fluídico, que tem a forma do corpo físico e participa da
imortalidade da alma, de que é inseparável.
Da essência da alma apenas sabemos uma coisa:
que, sendo indivisível, é imperecível. A alma se revela por seus pensamentos, e
também por seus atos; para que possa, porém, agir e nos impressionar os
sentidos físicos, preciso lhe é um intermediário semimaterial, sem o qual nos
pareceria incompreensível a sua ação. É o perispírito, nome dado ao invólucro
fluídico, imponderável, invisível. Em sua intervenção é que se pode encontrar a
chave explicativa dos fenômenos espíritas.
O corpo fluídico, que possui o homem, é o
transmissor de nossas impressões, sensações e lembranças. Anterior à vida
atual, inacessível à destruição pela morte, é o admirável instrumento que para
si mesma a alma constrói e que aperfeiçoa através dos tempos; é o resultado de
seu longo passado. Nele se conservam os instintos, se acumulam as forças, se
fixam as aquisições de nossas múltiplas existências, os frutos de nossa lenta e
penosa evolução.
A substância do perispírito é extremamente
sutil, é a matéria em seu estado mais quintessenciado, é mais rarefeita que o
éter; suas vibrações, seus movimentos, ultrapassam em rapidez e penetração os
das mais ativas substâncias. Daí a facilidade de os Espíritos atravessarem os
corpos opacos, os obstáculos materiais e transporem consideráveis distâncias
com a rapidez do pensamento.
Insensível às causas de desagregação e
destruição que afetam o corpo físico, o perispírito assegura a estabilidade da
vida em meio da contínua renovação das células. É o modelo invisível através do
qual passam e se sucedem as partículas orgânicas, obedecendo a linhas de força,
reconhecido por Claude Bernard como necessário para manter a forma humana em
meio a constantes modificações e da renovação dos átomos.
Continua no informativo do GEAS de março de 2018
Do livro No
Invisível, de Léon Denis – Primeira Parte-Capítulo III; FEB – 7ª edição
– 1973