Olá!
Segue nosso estudo de quarta-feira às 19hs.
Livro Cristianismo e Espiritismo
Capítulo XI - Renovação
Leitura inicial:
Deus virá!
Sejam quais forem as aflições e os
desafios da estrada, nunca te deixes
intimidar pela força das trevas.
Faze brilhar no próprio coração a
mensagem inarticulada do amor eterno
que a luz dos céus abertos te anuncia,
cada manhã, de horizonte a horizonte:
Deus virá!
Fonte: Livro Migalha, Francisco Cândido Xavier, pelo Espirito Emmanuel
Trecho do estudo:
XI – Renovação
Como julgamos haver estabelecido nas precedentes
páginas, o moderno espiritualismo assenta em
testemunhos universais; apoia-se em fatos de experiência,
observados em todos os pontos do globo por homens de
todas as condições, entre os quais se contam sábios
pertencentes a todas as grandes Universidades e a muitas
Academias célebres. E graças a eles, aos seus esforços,
que a Ciência contemporânea, a despeito das suas
repugnâncias e hesitações, tem sido levada pouco a pouco
se interessar pelo estudo do mundo invisível.
De ano para ano cresceu o número dos
experimentadores. As investigações têm sucedido às
investigações, e sempre os resultados têm vindo
corroborar as afirmações anteriores. Dessas observações,
multiplicadas ao infinito, resultou uma certeza: a da
sobrevivência do ser humano e, com ela, noções mais
positivas das condições da vida futura.
Pelo acurado estudo dos fenômenos, pela
comunicação permanente, estabelecida com o outro
mundo, o Espiritismo veio confirmar as grandes
tradições do passado, os ensinos de todas as religiões, de
todas as filosofias elevadas, no tocante à imortalidade do
ser e à existência de uma Causa organizadora do
Universo, e lhes deu uma sanção definitiva. 0 que até
então não passava de hipótese e especulação do
pensamento, tornou-se um fato demonstrado. A vida
futura se patenteou em sua surpreendente realidade; a
morte perdeu o seu aspecto aterrador; o céu aproximou-se da Terra.
0 espiritualismo fez mais. Com esse conjunto de
estudos e comprovações, com essa pesquisa empreendida
há meio século, com todas as revelações que deles
resultam, constituiu um novo ensino liberto de toda
forma simbólica ou obscura, facilmente acessível, mesmo
aos mais humildes, e que aos pensadores e eruditos
descerra vastíssimas perspectivas dos elevados domínios
do conhecimento, na concepção de um ideal superior.
Esse ensino pode satisfazer a todos, aos mais
aprimorados espíritos, como aos mais modestos, mas
dirige-se principalmente aos que sofrem, aos que vergam
ao peso de rude labor ou de dolorosas provações; a todos
os que têm necessidade de uma fé viril que os ampare em
suas lides, em seus trabalhos e aflições. Ele dirige-se à
grande massa humana, a essa multidão que se tornou
incrédula, desconfiada, a respeito de todo dogma, de toda
crença religiosa, porque reconhece que foi iludida
durante séculos. Nela, todavia, ainda subsistem
aspirações confusas para o bem, uma necessidade inata
de progresso, de luz, de liberdade, que facilitará a
irrupção da nova idéia e a sua ação regeneradora.
O espiritualismo experimental corresponde a essas
necessidades inatas da alma humana, que nenhuma outra
doutrina havia podido satisfazer completamente. Com a
lei das vidas sucessivas mostra-nos a justiça regulando o
destino de todos os seres. Com ela, já não há graças
particulares, nem privilégios, nem redenção pelo sangue
de um justo, nem deserdados, nem favoritos. Todos os
Espíritos que povoam a imensidade, disseminados pelo
espaço ou nos mundos materiais, são filhos de suas
próprias obras; todas as almas que animam corpos de
carne, ou que aguardam novas encarnações, são da
mesma origem e têm igual destino. Só os merecimentos,
as virtudes adquiridas as distinguem; todas, porém,
podem elevar-se por seus esforços e percorrer a senda
dos aperfeiçoamentos infinitos. A caminho para um
objetivo comum, os Espíritos constituem uma só família,
subdividida em numerosos agrupamentos simpáticos, em
associações espirituais, das quais a família humana é
apenas um reflexo, uma abreviatura através de múltiplas
encarnações, vivendo alternativamente da vida terrestre
ou da vida livre dos espaços, cedo ou tarde, porém,
tornando a reunir-se.
A morte perde, assim, o caráter lúgubre, aterrador
que até agora lhe emprestavam. Não é mais o "rei dos
assombros", mas um renascimento, uma das condições
do aumento e desenvolvimento da vida. Todas as nossas
existências se ligam e formam um conjunto.
A morte não
é mais que a passagem de uma a outra; para o sábio,
para o homem de bem, é a áurea porta que se abre para
mais belos horizontes.
Quando se tiverem dissipado os preconceitos que lhe
atormentam o cérebro, há de o homem compreender a
serena beleza e majestade a que chama - a morte. E um
erro acreditar que ela nos separa dos que nos são caros.
Graças ao Espiritismo, temos a consolação de saber que
os seres amados, que nos precederam no Além, velam por
nós e nos guiam na senda escura da existência. Muitas
vezes, estão ao nosso lado, invisíveis, prontos a nos
assistir na aflição, a nos socorrer no infortúnio; e esta
certeza nos infunde a serenidade de espírito, a força
moral na provação. Suas comunicações, seus ditados nos
suavizam as amarguras do presente, as tristezas de uma
separação que é apenas aparente. Os ensinos dos
Espíritos nos desenvolvem os conhecimentos e os
elevados sentimentos; contribuem para nos tornar
melhores, mais confiantes na bondade de Deus e no
futuro.
Assim se realiza e se revela aos nossos olhos à lei da
fraternidade e solidariedade, que liga todos os seres, e da
qual a Humanidade sempre teve a intuição. Nada mais de
salvação pessoal, nem de inexorável julgamento que fixe
para sempre a alma longe dos que lhe são caros, mas a
reparação sempre possível, com a assistência dos nossos
irmãos do espaço, a união dos seres em sua ascensão
eterna e coletiva.
Essa revelação nos infunde uma força nova contra os
desfalecimentos, as tentações, os pensamentos maus que
nos poderiam assaltar, e dos quais nos absteremos com
tanto maior cuidado quanto seriam um motivo de aflição
para os membros da nossa família espiritual, para os
nossos amigos invisíveis.
Com o materialismo, a fraternidade não era mais que
uma palavra, o altruísmo uma teoria sem fundamento
nem alcance. Sem fé no futuro, o homem concentraria
forçosamente toda a atenção no presente e nos gozos que
ele pode comportar. A despeito de todas as solicitações de
teóricos e sofistas, ele se sentia pouco disposto a sacrificar
sua personalidade, seus gostos ou interesses, em proveito
de uma efêmera coletividade, à qual o prendiam laços
ontem formados e que amanhã se hão de desatar. - Se a
morte é o fim de tudo, pensava ele, porque se impor
privações que nada virá compensar? Que utilidade têm a
virtude e o sacrifício, se tudo deve acabar em nada?
0 resultado inevitável de semelhantes doutrinas era o
desenvolvimento do egoísmo, a febricitante caçada às
riquezas, a exclusiva preocupação dos gozos materiais;
era o desencadeamento das paixões, dos apetites furiosos,
das cobiças veementes. E daí, conforme o grau de
educação, negocistas ou celerados. Sob o influxo desses
sopros destruidores, a sociedade oscila em seus alicerces
e, com ela, todas as noções de moralidade, de
fraternidade, que o novo espiritualismo chega a tempo de
restaurar e consolidar.
"A crença na imortalidade, disse Platão, é o laço de
toda a sociedade; despedaçai esse laço e a sociedade se
dissolverá." Nossa época, arrastada à dúvida e à negação
por exageros teológicos, perdia de vista essa idéia salutar.
O espiritualismo experimental lhe restitui a fé perdida,
apoiando-a em bases novas e indestrutíveis.
A superioridade moral da Doutrina dos Espíritos se
afirma em todos os pontos. Com ela se dissipa a idéia
iníqua do pecado de um só homem, recaindo sobre todos.
Não há mais proscrição nem queda coletiva; as
responsabilidades são pessoais. Qualquer que seja sua
condição neste mundo, tenha nascido no sofrimento e na
miséria, ou seja destituído de predicados físicos, ou de
brilhantes faculdades, o homem sabe que não padece um
fado imerecido, mas simplesmente as conseqüências do
seu procedimento anterior. Às vezes, também, os
sofrimentos que o torturam são o resultado da sua livre
escolha, desde que os aceitou como fator mais rápido de
adiantamento.(126)
Em tal caso, a sabedoria consiste em aceitarmos, sem
murmurar, a própria sorte; em desempenharmos
fielmente a tarefa, em nos prepararmos, assim, para
situações que se irão melhorando à proporção que, pelos
nossos progressos, obtivermos acesso a melhores
sociedades, livres dos jugos que pesam sobre os mundos
inferiores.
Graças à doutrina dos Espíritos, o homem
compreende, finalmente, o objetivo da existência; nela vê
um meio de educação e reparação; cessa de maldizer o
destino e acusar Deus. Sente-se livre, ao mesmo tempo,
dos pesadelos do nada e do inferno, e das ilusões de um
ocioso paraíso, porque a vida futura não é mais uma
beatífica, inútil contemplação, a eterna imobilidade dos
eleitos ou o suplício sem fim dos condenados; é a
evolução gradual; é, depois do círculo das provas e
transmigrações, o círculo da felicidade e sempre a vida
ativa e progressiva, a aquisição, pelo trabalho, de uma
soma crescente de ciência, poder, moralidade; é
participação cada vez mais extensa na obra divina, sob a
forma de missões diversas - missões de dedicação e de
ensinamentos, ao serviço da Humanidade.
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