10/06/2020

Olá! 
Segue nosso estudo de quarta-feira às 19hs.
Livro Cristianismo e Espiritismo 
Capítulo XI -  Renovação



Leitura inicial:

Deus virá! 

Sejam quais forem as aflições e os desafios da estrada, nunca te deixes intimidar pela força das trevas. 
Faze brilhar no próprio coração a mensagem inarticulada do amor eterno que a luz dos céus abertos te anuncia, cada manhã, de horizonte a horizonte: 

 Deus virá! 

Fonte: Livro Migalha, Francisco Cândido Xavier, pelo Espirito Emmanuel

Trecho do estudo:

XI – Renovação 

 Como julgamos haver estabelecido nas precedentes páginas, o moderno espiritualismo assenta em testemunhos universais; apoia-se em fatos de experiência, observados em todos os pontos do globo por homens de todas as condições, entre os quais se contam sábios pertencentes a todas as grandes Universidades e a muitas Academias célebres. E graças a eles, aos seus esforços, que a Ciência contemporânea, a despeito das suas repugnâncias e hesitações, tem sido levada pouco a pouco se interessar pelo estudo do mundo invisível. 
De ano para ano cresceu o número dos experimentadores. As investigações têm sucedido às investigações, e sempre os resultados têm vindo corroborar as afirmações anteriores. Dessas observações, multiplicadas ao infinito, resultou uma certeza: a da sobrevivência do ser humano e, com ela, noções mais positivas das condições da vida futura. 
Pelo acurado estudo dos fenômenos, pela comunicação permanente, estabelecida com o outro mundo, o Espiritismo veio confirmar as grandes tradições do passado, os ensinos de todas as religiões, de todas as filosofias elevadas, no tocante à imortalidade do ser e à existência de uma Causa organizadora do Universo, e lhes deu uma sanção definitiva. 0 que até então não passava de hipótese e especulação do pensamento, tornou-se um fato demonstrado. A vida futura se patenteou em sua surpreendente realidade; a morte perdeu o seu aspecto aterrador; o céu aproximou-se da Terra. 
 0 espiritualismo fez mais. Com esse conjunto de estudos e comprovações, com essa pesquisa empreendida há meio século, com todas as revelações que deles resultam, constituiu um novo ensino liberto de toda forma simbólica ou obscura, facilmente acessível, mesmo aos mais humildes, e que aos pensadores e eruditos descerra vastíssimas perspectivas dos elevados domínios do conhecimento, na concepção de um ideal superior. Esse ensino pode satisfazer a todos, aos mais aprimorados espíritos, como aos mais modestos, mas dirige-se principalmente aos que sofrem, aos que vergam ao peso de rude labor ou de dolorosas provações; a todos os que têm necessidade de uma fé viril que os ampare em suas lides, em seus trabalhos e aflições. Ele dirige-se à grande massa humana, a essa multidão que se tornou incrédula, desconfiada, a respeito de todo dogma, de toda crença religiosa, porque reconhece que foi iludida durante séculos. Nela, todavia, ainda subsistem aspirações confusas para o bem, uma necessidade inata de progresso, de luz, de liberdade, que facilitará a irrupção da nova idéia e a sua ação regeneradora. 
O espiritualismo experimental corresponde a essas necessidades inatas da alma humana, que nenhuma outra doutrina havia podido satisfazer completamente. Com a lei das vidas sucessivas mostra-nos a justiça regulando o destino de todos os seres. Com ela, já não há graças particulares, nem privilégios, nem redenção pelo sangue de um justo, nem deserdados, nem favoritos. Todos os Espíritos que povoam a imensidade, disseminados pelo espaço ou nos mundos materiais, são filhos de suas próprias obras; todas as almas que animam corpos de carne, ou que aguardam novas encarnações, são da mesma origem e têm igual destino. Só os merecimentos, as virtudes adquiridas as distinguem; todas, porém, podem elevar-se por seus esforços e percorrer a senda dos aperfeiçoamentos infinitos. A caminho para um objetivo comum, os Espíritos constituem uma só família, subdividida em numerosos agrupamentos simpáticos, em associações espirituais, das quais a família humana é apenas um reflexo, uma abreviatura através de múltiplas encarnações, vivendo alternativamente da vida terrestre ou da vida livre dos espaços, cedo ou tarde, porém, tornando a reunir-se. A morte perde, assim, o caráter lúgubre, aterrador que até agora lhe emprestavam. Não é mais o "rei dos assombros", mas um renascimento, uma das condições do aumento e desenvolvimento da vida. Todas as nossas existências se ligam e formam um conjunto. 
A morte não é mais que a passagem de uma a outra; para o sábio, para o homem de bem, é a áurea porta que se abre para mais belos horizontes. 
Quando se tiverem dissipado os preconceitos que lhe atormentam o cérebro, há de o homem compreender a serena beleza e majestade a que chama - a morte. E um erro acreditar que ela nos separa dos que nos são caros. Graças ao Espiritismo, temos a consolação de saber que os seres amados, que nos precederam no Além, velam por nós e nos guiam na senda escura da existência. Muitas vezes, estão ao nosso lado, invisíveis, prontos a nos assistir na aflição, a nos socorrer no infortúnio; e esta certeza nos infunde a serenidade de espírito, a força moral na provação. Suas comunicações, seus ditados nos suavizam as amarguras do presente, as tristezas de uma separação que é apenas aparente. Os ensinos dos Espíritos nos desenvolvem os conhecimentos e os elevados sentimentos; contribuem para nos tornar melhores, mais confiantes na bondade de Deus e no futuro. 
Assim se realiza e se revela aos nossos olhos à lei da fraternidade e solidariedade, que liga todos os seres, e da qual a Humanidade sempre teve a intuição. Nada mais de salvação pessoal, nem de inexorável julgamento que fixe para sempre a alma longe dos que lhe são caros, mas a reparação sempre possível, com a assistência dos nossos irmãos do espaço, a união dos seres em sua ascensão eterna e coletiva. 
Essa revelação nos infunde uma força nova contra os desfalecimentos, as tentações, os pensamentos maus que nos poderiam assaltar, e dos quais nos absteremos com tanto maior cuidado quanto seriam um motivo de aflição para os membros da nossa família espiritual, para os nossos amigos invisíveis. 
Com o materialismo, a fraternidade não era mais que uma palavra, o altruísmo uma teoria sem fundamento nem alcance. Sem fé no futuro, o homem concentraria forçosamente toda a atenção no presente e nos gozos que ele pode comportar. A despeito de todas as solicitações de teóricos e sofistas, ele se sentia pouco disposto a sacrificar sua personalidade, seus gostos ou interesses, em proveito de uma efêmera coletividade, à qual o prendiam laços ontem formados e que amanhã se hão de desatar. - Se a morte é o fim de tudo, pensava ele, porque se impor privações que nada virá compensar? Que utilidade têm a virtude e o sacrifício, se tudo deve acabar em nada? 
0 resultado inevitável de semelhantes doutrinas era o desenvolvimento do egoísmo, a febricitante caçada às riquezas, a exclusiva preocupação dos gozos materiais; era o desencadeamento das paixões, dos apetites furiosos, das cobiças veementes. E daí, conforme o grau de educação, negocistas ou celerados. Sob o influxo desses sopros destruidores, a sociedade oscila em seus alicerces e, com ela, todas as noções de moralidade, de fraternidade, que o novo espiritualismo chega a tempo de restaurar e consolidar. 
"A crença na imortalidade, disse Platão, é o laço de toda a sociedade; despedaçai esse laço e a sociedade se dissolverá." Nossa época, arrastada à dúvida e à negação por exageros teológicos, perdia de vista essa idéia salutar. O espiritualismo experimental lhe restitui a fé perdida, apoiando-a em bases novas e indestrutíveis. 
A superioridade moral da Doutrina dos Espíritos se afirma em todos os pontos. Com ela se dissipa a idéia iníqua do pecado de um só homem, recaindo sobre todos. Não há mais proscrição nem queda coletiva; as responsabilidades são pessoais. Qualquer que seja sua condição neste mundo, tenha nascido no sofrimento e na miséria, ou seja destituído de predicados físicos, ou de brilhantes faculdades, o homem sabe que não padece um fado imerecido, mas simplesmente as conseqüências do seu procedimento anterior. Às vezes, também, os sofrimentos que o torturam são o resultado da sua livre escolha, desde que os aceitou como fator mais rápido de adiantamento.(126) 
 Em tal caso, a sabedoria consiste em aceitarmos, sem murmurar, a própria sorte; em desempenharmos fielmente a tarefa, em nos prepararmos, assim, para situações que se irão melhorando à proporção que, pelos nossos progressos, obtivermos acesso a melhores sociedades, livres dos jugos que pesam sobre os mundos inferiores. 
Graças à doutrina dos Espíritos, o homem compreende, finalmente, o objetivo da existência; nela vê um meio de educação e reparação; cessa de maldizer o destino e acusar Deus. Sente-se livre, ao mesmo tempo, dos pesadelos do nada e do inferno, e das ilusões de um ocioso paraíso, porque a vida futura não é mais uma beatífica, inútil contemplação, a eterna imobilidade dos eleitos ou o suplício sem fim dos condenados; é a evolução gradual; é, depois do círculo das provas e transmigrações, o círculo da felicidade e sempre a vida ativa e progressiva, a aquisição, pelo trabalho, de uma soma crescente de ciência, poder, moralidade; é participação cada vez mais extensa na obra divina, sob a forma de missões diversas - missões de dedicação e de ensinamentos, ao serviço da Humanidade. 

*