Olá!
Segue nosso estudo de quarta-feira às 20 hs.
O Livro dos Espíritos - Q 934 a 936
Perda dos entes queridos
Leitura inicial:
84
Somos de Deus
“Nós somos de Deus.” João (I João, 4:6)
Não nos é fácil desvencilharmos dos laços que nos imantam aos círculos
menos elevados da vida aos quais ainda pertencemos.
Apesar de nossa origem divina, mil obstáculos nos prendem à ideia de
separação da Paternidade Celeste.
Cega-nos o orgulho para a universalidade da vida.
O egoísmo encarcera-nos o coração.
A vaidade ergue-nos falso trono de favoritismo indébito, buscando afastar
nos da realidade.
A ambição inferior precipita-nos em abismos de fantasia destruidora. A revolta forma tempestades de ódio sobre as nossas cabeças.
A ansiedade fere-nos o ser.
E julgamos, nesses velhos conflitos do sentimento, que pertencemos ao
corpo físico, ao preconceito multissecular e à convenção humana, quando todo o
patrimônio material que nos circunda representa empréstimo de forças e
possibilidades para descobrirmos nós mesmos, enriquecendo o próprio valor. Na maioria das vezes, demoramo-nos no sombrio cárcere da separação, distraídos, enganados, cegos...
Contudo, a vida continua, segura e forte, semeando luz e oportunidade para
que não nos faltem os frutos da experiência.
Pouco a pouco, o trabalho e a dor, a enfermidade e a morte, compelem-nos
a reconsiderar os caminhos percorridos, impelindo-nos a mente para zonas mais
altas. Não desprezes, pois, esses admiráveis companheiros da jornada humana, porquanto, quase sempre, em companhia deles, é que chegamos a compreender que
somos de Deus.
Fonte: Livro Vinha de luz, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
PERDA DOS ENTES QUERIDOS
934. A perda dos entes que nos são caros não constitui para
nós legítima causa de dor, tanto mais legítima quanto é
irreparável e independente da nossa vontade?
“Essa causa de dor atinge assim o rico, como o pobre:
representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos
com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais
acessíveis aos vossos sentidos.”
935. Que se deve pensar da opinião dos que consideram
profanação as comunicações com o além-túmulo?
“Não pode haver nisso profanação, quando haja recolhimento e quando a evocação seja praticada respeitosa e
convenientemente. A prova de que assim é tendes no fato
de que os Espíritos que vos consagram afeição acodem com
prazer ao vosso chamado. Sentem-se felizes por vos
lembrardes deles e por se comunicarem convosco. Haveria
profanação, se isso fosse feito levianamente.”
A possibilidade de nos pormos em comunicação com os Espíritos é uma dulcíssima consolação, pois que nos proporciona meio
de conversarmos com os nossos parentes e amigos, que deixaram
antes de nós a Terra. Pela evocação, aproximamo-los de nós, eles
vêm colocar-se ao nosso lado, nos ouvem e respondem. Cessa assim, por bem dizer, toda separação entre eles e nós. Auxiliam-nos
com seus conselhos, testemunham-nos o afeto que nos guardam e
a alegria que experimentam por nos lembrarmos deles. Para nós,
grande satisfação é sabê-los ditosos, informar-nos, por seu intermédio, dos pormenores da nova existência a que passaram e
adquirir a certeza de que um dia nos iremos a eles juntar.
936. Como é que as dores inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos Espíritos que as causam?
“O Espírito é sensível à lembrança e às saudades dos
que lhe eram caros na Terra; mas, uma dor incessante e
desarrazoada o toca penosamente, porque, nessa dor excessiva, ele vê falta de fé no futuro e de confiança em Deus
e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que
o choram e talvez à sua reunião com estes.”
Estando o Espírito mais feliz no Espaço que na Terra, lamentar que ele tenha deixado a vida corpórea é deplorar que seja
feliz. Figuremos dois amigos que se achem metidos na mesma
prisão. Ambos alcançarão um dia a liberdade, mas um a obtém
antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria, de sua parte, mais egoísmo do que afeição em querer que do
seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual tempo?
O mesmo se dá com dois seres que se amam na Terra. O que
parte primeiro é o que primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo,
aguardando com paciência o momento em que a nosso turno
também o seremos.
Façamos ainda, a este propósito, outra comparação. Tendes
um amigo que, junto de vós, se encontra em penosíssima situação. Sua saúde ou seus interesses exigem que vá para outro país,
onde estará melhor a todos os respeitos. Deixará temporariamente de se achar ao vosso lado, mas com ele vos correspondereis
sempre: a separação será apenas material. Desgostar-vos-ia o
seu afastamento, embora para bem dele?
Pelas provas patentes, que ministra, da vida futura, da presença, em torno de nós, daqueles a quem amamos, da continuidade da afeição e da solicitude que nos dispensavam; pelas relações que nos faculta manter com eles, a Doutrina Espírita nos
oferece suprema consolação, por ocasião de uma das mais legítimas dores. Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto
de si amigos com quem pode comunicar-se.
Impacientemente suportamos as tribulações da vida. Tão
intoleráveis nos parecem, que não compreendemos possamos
sofrê-las. Entretanto, se as tivermos suportado corajosamente,
se soubermos impor silêncio às nossas murmurações, felicitar-nos-emos, quando fora desta prisão terrena, como o doente que
sofre se felicita, quando curado, por se haver submetido a um
tratamento doloroso.