Olá!
Segue nosso estudo de sexta-feira às 19 hs.
Livro Ação e Reação - Capítulo 16 -
Débito Aliviado
Leitura inicial:
Prece de Paz
Senhor Jesus!
Em teu amor infinito,
concede-nos a tua paz.
Ensina-nos a viver e a servir
em paz.
Conserva-nos os corações no
caminho da paz.
Auxilia-nos a compreender-nos
uns aos outros no clima da paz.
Senhor!
Em tua misericórdia,
abençoe-nos com a tua paz,
agora e sempre.
Assim seja.
Fonte: Livro Migalha, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
Trecho do Estudo:
"Silas confiou-se a pausa breve, mas Hilário, tanto quanto eu
fascinado por sua exposição clara e sensata, rogou, sedento de
ensino:
– Continue, Assistente. Esta lição viva ilumina-nos de esperança... Como se explica estar Adelino ganhando tempo?
Nosso amigo sorriu e acrescentou:
– Correia, que não merecia a ventura do lar tranqüilo por haver arruinado o lar paterno, casou-se e padeceu o abandono da
companheira que lhe não entendeu o coração.
Avançando para a terna Marisa que dormia, acentuou:
– Assim, pela vida útil a que se consagra e pela caridade incessante que passou a exercer, atraiu para junto de si, como filha
da sua carne, a antiga madrasta que desviou dos braços paternais,
hoje reencarnada junto dele para reeducar-se ao calor de seus
exemplos nobres, guardando a dor de saber-se filha de pobre
mulher que renegou o tálamo conjugal, tanto quanto ela mesma o
menosprezou no passado recente. Mas... não é apenas essa a
vantagem de Adelino...
Silas pousou levemente a destra nos pequenos que ressonavam e prosseguiu:
– Dedicando-se de alma e corpo à sua renovação com o Cristo, nosso amigo recolheu como filhos adotivos os dois cúmplices
do parricídio tremendo, os antigos capatazes Antônio e Lucídio,
que, abusando de humildes donzelas escravizadas, de quem furtavam os filhinhos para exterminar ou vender, não encontraram
senão o alcoice por berço, vindo para o círculo afetivo do companheiro de outro tempo, no sangue africano que tanto enxovalharam, de modo a lhe receberem o amparo moral à reforma precisa.
Enquanto nos edificávamos com o precioso ensinamento, Silas observou:
– Como é fácil de reconhecer, nosso irmão, através da responsabilidade espírita-cristã, corretamente sentida e vivida, conquistou a felicidade de reencontrar os laços do pretérito criminoso
para o necessário reajuste, ao passo que, se houvesse desertado da
luta pela irreflexão da companheira ou se tivesse cerrado a porta
do coração a dois meninos infelizes, teria adiado para futuros
séculos o nobre trabalho que está fazendo agora...
Dispúnhamo-nos a formular novas indagações, mas Correia
despedira-se da mãezinha e viera ocupar um leito modesto, não
longe das crianças. Demonstrando hábitos respeitáveis, sentou-se
em prece.
Foi quando Silas, recomendando-nos cooperação, abeirou-se
dele e aplicou-lhe passes magnéticos, esclarecendo-nos, logo
após:
– Ainda pela utilidade que sabe imprimir aos seus dias, Adelino mereceu a limitação da enfermidade congenial de que é portador. Tendo sofrido, por longo tempo, o trauma perispirítico do
remorso, por haver incendiado o corpo do próprio pai, nutriu em
si mesmo estranhas labaredas mentais que, como já lhes disse, o
castigaram intensamente além-túmulo... Renasceu, por isso, com a
epiderme atormentada por vibrações calcinantes que, desde cedo,
se lhe expressaram na nova forma física por eczema de mau caráter... Semelhante moléstia, em face da dívida em que se empenhou, deveria cobrir-lhe todo o corpo, durante muitos e angustiosos lustros de sofrimento, mas, pelos méritos que ele vai adquirindo, a enfermidade não tomou proporções que o impeçam de aprender e trabalhar, porquanto granjeou a ventura de continuar a
servir, pelo seu impulso espontâneo na plantação constante do
bem.
A essa altura, talvez porque o dono da casa se dispusesse ao
refúgio dos travesseiros, o Assistente convidou-nos à retirada.
De volta à Mansão, prosseguiu nosso amável mentor tecendo
brilhantes comentários em torno do “amor que cobre a multidão
dos pecados”, como ensinou o Apóstolo, quando Hilário, interpretando-me as indagações, considerou de improviso:
– Assistente, com uma elucidação assim tão clara, é justo aspiremos a saber determinadas minudências que a ela digam respeito. Poderemos, acaso, inteirar-nos quanto à situação de Martim
Gaspar, o genitor que padeceu o martírio do fogo em sua carne?
Porque Silas se detivesse em silêncio, meu colega continuou:
– Terá ciência do trabalho renovador de Adelino? Devotar-lhe-á, ainda, menosprezo e ódio?
– Martim Gaspar – respondeu por fim o interlocutor –, infatigável que era na violência, foi igualmente tocado pelos exemplos
de nosso amigo. Observando-lhe a transformação, abandonou as
companhias indesejáveis a que se adaptara e rogou asilo, em
nosso instituto, vai para alguns anos, onde aceitou severas disciplinas...
– E onde se encontra agora? – insistiu Hilário, ansioso – porventura será permitido vê-lo, para anotar-lhe as alterações?
Nesse instante, porém, varávamos a entrada do santuário de
nossas obrigações, e Silas, sem mais possibilidades de alongar-se,
afagou os ombros de nosso companheiro, dizendo:
– Acalme-se, Hilário. É possível estejamos de regresso ao assunto em breves horas.
Despedimo-nos, conservando as anotações, à maneira de estudo interrompido, aguardando seqüência. "
(continua...)