05/06/2020

Olá!

Segue nosso estudo de sexta-feira às 19 hs.
Livro Ação e Reação - Capítulo 16 - 
Débito Aliviado




Leitura inicial:

Vida Feliz

130

A pontualidade, além de um dever, é também uma forma de respeito e homenagem a quem te espera ou depende de ti.
Agindo com cuidado, o tempo jamais te trairá, deixando-te em atraso.
O hábito de chegar em tempo é adquirido da mesma forma que o da irregularidade de horários.
Programa os teus compromissos e desincumbe-te serenamente de todos eles, cada um de sua vez.
Quando não possas comparecer, ou tenhas que te atrasar, dize-o antes, a fim de liberar quem te aguarda.
Deste modo, quando ocorrer um imprevisto, e tenhas que chegar tarde, mesmo que não acreditem na tua justificativa, estarás em paz.


Fonte: Livro Vida feliz, Joanna de Ângelis (espírito), Psicografia de Divaldo Pereira Franco


Trecho do estudo:
16 
Débito aliviado 


Em nossos estudos da lei de causa e efeito, não nos esqueceremos de Adelino Correia, o irmão da fraternidade pura. 

Na véspera de belo acontecimento que nos permitiremos narrar, visitamo-lo em companhia de Silas, que no-lo apresentou nas atividades de um templo espírita-cristão. Ouvimo-lo em preciosos comentários do Evangelho, sob o influxo de iluminados instrutores, dos quais assimilava as correntes mentais com a docilidade confiante de um homem profundamente habituado à oração. Falara com mestria, arrancando-nos lágrimas pela emotividade com que nos tangia as fibras mais íntimas. Singelamente trajado, denotava a condição do trabalhador em experiências difíceis. Mas o estágio de prova a que parecia enredar-se era mais amplo. Adelino revelava longa faixa de eczema na pele à mostra. Certa porção da cabeça, os ouvidos e muitos pontos da face exibiam placas vermelhas, sobre as quais se formavam diminutas vesículas de sangue, ao passo que as demais regiões da epiderme surgiam gretadas, evidenciando uma afecção cutânea largamente cronicificada. Além disso, acanhado e tristonho, indicava tormentos ocultos a lhe dominarem a mente. Contudo, trazia nos olhos, maravilhosamente lúcidos, a marca da humildade. Vários amigos espirituais assistiam-no, atentos. 

Doce velhinha desencarnada abeirou-se de nós e, demonstrando gozar da intimidade do orientador de nossas excursões, falou-lhe, afetuosa: 

– Assistente amigo, venho rogar-lhe socorro em benefício da saúde de nosso Adelino. Noto-o mais incomodado, ultimamente, pela dor das feridas não cicatrizadas... 

– Sim, sim... – respondeu Silas, cordialmente – o caso dele merece de todos nós especial carinho. – Porque pensa ele nas necessidades dos outros, sem refletir nas necessidades próprias... – acrescentou a anciã, comovida. 

O assessor de Druso prosseguiu, com carinho: 

– Dois de nossos médicos o vêm assistindo atenciosamente, quando se encontra ausente do vaso físico por influência do sono. 

E, afagando-lhe a cabeça: 

– Esteja tranqüila. Correia, em breve, estará plenamente restaurado. 

Os múltiplos serviços da casa desdobravam-se, eficientes, e Adelino, dentro deles, atraía-nos a atenção pela segurança espiritual com que se conduzia. Cercado pelas vibrações radiantes dos seus pensamentos, centralizados no santo objetivo do bem, afigurava-se-nos um companheiro vestido de luz. 

Alguns instantes após o afastamento da velhinha, apareceunos simpático rapaz, igualmente já desenfaixado da matéria física, que, depois de saudar-nos, rogou, reverente, ao nosso orientador:
– Peço vênia para solicitar-lhe valioso obséquio... 

– Fale sem receio. 

E o jovem recém-chegado explicou, de olhos úmidos: 

– Meu caro Assistente, sei que o nosso Adelino vem atravessando certa crise financeira... Pelo muito que auxilia os outros, descura-se das suas próprias necessidades. Pelo amparo que ele oferece constantemente à minha pobre mãe encarnada, insisto no apoio de sua amizade para que seja favorecido. Ainda na semana passada, ouvindo as súplicas de minha genitora viúva, em grande penúria para atender ao tratamento de dois dos meus manos enfermos, procurei-o, em lágrimas, transmitindo-lhe apelos mentais para que nos protegesse e, sem qualquer vacilação, acreditando obedecer aos seus impulsos, visitou-nos a casa, entregando à minha sofredora mãezinha a importância de que necessitava... ó meu Assistente, rogo-lhe por amor a Jesus!... Não deixe em dificuldade quem tanto nos auxilia!... 

Silas acolheu a petição com risonha benevolência e disse: 

– Descansemos. Adelino permanece na rede de simpatia fraternal que teceu para o asilo de si mesmo. Incumbem-se muitos amigos de supri-lo com os recursos indispensáveis ao fiel desempenho da tarefa a que se dedicou. As circunstâncias na luta material harmonizar-se-ão em favor dele, atendendo-lhe aos méritos conquistados. 

Efetivamente, o serviço espontâneo na afetuosa defesa do amigo que ali enxergávamos, prestativo e confiante, era um tema de amizade e gratidão a estudar. 

– Dir-se-ia – observou Hilário, intrigado – que todos os tarefeiros, em trânsito nesta casa, são devedores do irmão sob nossa vista... 

– Sim – aprovou Silas, paciente –, os créditos de Adelino são realmente enormes, não obstante os débitos a que ainda está preso... Cultiva, no entanto, a ventura de substancializar a fé e o conhecimento superior que os Mensageiros de Jesus lhe confiam em obras de genuíno amor fraternal, a lhe granjearem larga soma de reconhecimento. 

Logo após, o mentor amigo recomendou-nos aproveitar os minutos em atuação fraternal, no instituto evangélico em que nos abrigávamos, até que pudéssemos tomar contacto mais amplo com o servidor, cuja existência atual se desdobrava sob os auspícios da Mansão que nos patrocinava os estudos. 

Em face da simpatia que Adelino despertava igualmente em nós, acercamo-nos dele, a fim de ofertar-lhe, de algum modo, o contingente de nossas forças, na movimentação dos passes mag- néticos que passara agora a administrar, em favor de alguns enfermos. 

Era curioso pensar que nós mesmos, no primeiro encontro fortuito, nos sentíamos prontos a partilhar-lhe as tarefas, tão somente atraídos por sua irradiante bondade. A abnegação, em toda a parte, é sempre uma estrela sublime. Basta mostrar-se para que todos gravitemos em torno de sua luz. 

Findo o serviço da noite, Silas e nós acompanhamo-lo ao reduto doméstico. Esperava-o, no limiar, a genitora que, evidentemente, ultrapassava os sessenta de idade. Silas deu-se pressa em no-la apresentar, explicando: 

– É nossa irmã Leontina, carinhosa mãe de Correia, mãe e amiga a tutelar-lhe a existência. Reparando na avançada madureza do amigo que nos tomava a atenção, meu colega indagou: 

– Adelino não é casado? 

– Sim, nosso irmão é casado, mas não conta com a presença da esposa. 

A resposta dava-nos a entender que o companheiro atravessava provas perante as quais nos cabia respeitosa discrição. E, enquanto mãe e filho se entregavam a doce entendimento, Silas fez-nos penetrar em aposento próximo. 

Junto á porta de entrada, alinhavam-se três leitos, ocupados por outras tantas criancinhas. 

Loura menina de seus nove a dez anos presumíveis, ao lado de dois petizes de escura tez, recordava a Branca de Neve entre dois anões. Todos dormiam, placidamente. Afagando a boneca viva, o Assistente informou: 

– Esta é Marisa, a filhinha de Correia, de quem a mãezinha se distanciou em definitivo, há seis anos. 

Designando, em seguida, os dois meninos de cor, aduziu: 

– E estes pequeninos são Mário e Raul, dois enjeitados que Adelino abraçou por filhos do coração. Hilário e eu, adivinhando as aflições ocultas que decerto enxameavam na existência do chefe da casa, silenciávamos, de propósito, em reverente expectativa. Entendendo-nos a atitude, Silas passou a falar-nos mais longamente, aclarando: 

– Para exaltar o santificante esforço de um amigo, a fim de estudarmos juntos um processo de dívida aliviada, permitimo-nos algo dizer em torno do passado recente do companheiro que visitamos, agora empenhado ao labor do seu resgate.