Olá!
Segue nosso estudo de quarta-feira às 19hs.
Livro Cristianismo e Espiritismo
Capítulo X - A Nova revelação. A Doutrina dos Espíritos
Leitura inicial:
NO COTIDIANO
"Não censures os companheiros famintos de poder e os que abusam da
inteligência quando nos cruzem o caminho.
Eles já estão assinalados pela vida para encontrarem os obstáculos, com os
quais aprenderão que todos os bens da vida pertencem a Deus."
Emmanuel
Fonte: Livro Espera Servindo, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
Trecho do estudo:
A lei do destino - as precedentes considerações no-la
fazem compreender - consiste no desenvolvimento
progressivo da alma, que edifica a sua personalidade
moral e prepara, ela própria, o seu futuro; é a evolução
racional de todos os seres partidos do mesmo ponto para
atingirem as mesmas eminências, as mesmas perfeições.
Essa evolução se efetua, alternadamente, no espaço e na
superfície dos mundos, através de inúmeras etapas,
ligadas entre si pela lei de causa e efeito. A vida presente
é, para cada qual, a herança do passado e a gestação do
futuro. É uma escola e um campo de trabalho; a vida do
espaço, que lhe sucede, é a sua resultante. O Espírito aí
colhe, na luz, o que semeou na sombra e, muitas vezes, na
dor.
O Espírito encontra-se no outro mundo com suas
aquisições morais e intelectuais, seus predicados e
defeitos, tendências, inclinações e afeições. O que somos
moralmente neste mundo, ainda o somos no outro; disso
procede a nossa felicidade ou sofrimento. Nossos gozos
são tanto mais intensos, quanto melhor nos preparamos
para essa vida do espaço, onde o espírito é tudo e a
matéria é nada, quase; onde já não há necessidades
físicas a satisfazer, nem outras alegrias senão as do
coração e da inteligência.
Para as almas inclinadas à materialidade, a vida do
espaço é uma vida de privações e misérias; é a ausência
de tudo o que lhes pode ser agradável. Os Espíritos que
souberam emancipar-se dos hábitos materiais e viver
pelas altas faculdades da alma, nele acham, ao contrário,
um meio de acordo com as suas predileções, um vasto
campo oferecido à sua atividade. Não há nisso,
realmente, senão uma aplicação lata da lei das atrações e
afinidades, nada senão as conseqüências naturais dos
nossos atos, que sobre nós recaem.
O desenvolvimento gradual do ser lhe engendra
fontes cada vez mais abundantes de sensações e
impressões. A cada triunfo sobre o mal, a cada novo
progresso, estende-se o seu círculo de ação, o horizonte
da vida se dilata. Depois das sombrias regiões terrestres
em que imperam os vícios, as paixões, as violências,
descerram-se para ele as profundezas estreladas, os
mundos de luz com os seus deslumbramentos, os seus
esplendores, as suas inebriantes harmonias. Após as
vidas de provações, sacrifícios e lágrimas, a vida feliz, a
alegria das divinas afeições, as missões abençoadas ao
serviço do eterno Criador.
Ao contrário, o mau uso das faculdades, a reiterada
fruição dos prazeres físicos, as satisfações egoísticas, nos
restringem os horizontes, acumulam a sombra em nós e
em torno de nós. Em tais condições, a vida no espaço não
nos oferece mais que trevas, inquietações, torturas, com a
visão confusa e vaga das almas felizes, o espetáculo de
uma felicidade que não soubemos merecer.
A alma, depois de um estágio de repouso no espaço,
renasce na condição humana; para ela traz as reservas e
aquisições das vidas pregressas. Desse modo se explicam
às desigualdades morais e intelectuais que diferenciam os
habitantes do nosso mundo. A superioridade inata de
certos homens procede de suas obras no passado. Nós
somos Espíritos mais jovens, ou mais velhos; mais ou
menos trabalhamos, mais ou menos adquirimos virtudes
e saber. Assim, a infinita variedade dos caracteres, das
aptidões e das tendências, deixa de ser um enigma.
Entretanto, a alma reencarnada nem sempre
consegue utilizar, em toda a plenitude, os seus dons e
faculdades. Dispõe aqui de um organismo
imperfeitíssimo, de um cérebro que nenhuma das
recordações de outrora registrou. Neles não pode
encontrar todos os recursos necessários à manifestação
de suas ocultas energias. Mas o passado permanece nela;
suas intuições e tendências são disso uma revelação
patente.
As faculdades inatas em certas crianças, os meninos
prodígios: artistas, músicos, pintores, sábios, são
luminosos testemunhos da evidência dessa lei. Também,
às vezes, almas geniais e orgulhosas renascem em corpos
enfermiços, sofredores, para humilhar-se e adquirir as
virtudes que lhes faltavam: paciência, resignação,
submissão.
Todas as existências penosas, as vidas de luta e
sofrimento explicam-se pelas mesmas razões. São formas
transitórias, mas necessárias, da vida imortal; cada alma
as conhecerá por sua vez. A provação e o sofrimento são
outros tantos meios de reparação, de educação, de
elevação, é assim que o ser apaga um passado culposo e
readquire o tempo perdido. É desse modo que os
caracteres se retemperam, que se ganha experiência e o
homem se prepara para novas ascensões. A alma que
sofre procura Deus, lembra-se de o invocar e, por isso
mesmo, aproxima-se dele.
Cada ser humano, regressando a este mundo, perde a
lembrança do passado; este, fixado no perispírito,
desaparece momentaneamente sob o invólucro carnal.
Há nisso uma necessidade física, há também uma das
condições morais da provação terrestre, que o Espírito
vem novamente afrontar; restituído ao estado livre,
desprendido da matéria, ele readquire a memória dos
numerosos ciclos percorridos.
Esse olvido temporário de nossas anteriores
existências, essas alternativas de luz e obscuridade que
em nós se produzem, por estranhos que à primeira vista
se afigurem, facilmente se explicam. Se a memória atual
não nos permite recordar os nossos verdes anos, não é
mais de admirar que tenhamos esquecido vidas
separadas entre si por uma longa permanência no
espaço. Os estados de vigília e sono por que passamos,
todos os dias, do mesmo modo que as experiências do
sonambulismo e hipnotismo, provam que se pode
momentaneamente esquecer a existência normal, sem
perder com isso a personalidade. Eclipses da mesma
natureza, relativamente às nossas passadas existências,
nada têm de inverossímeis. Nossa memória se perde e
readquire através do encadeamento das nossas vidas,
como durante a sucessão dos dias e das noites que
preenchem a existência atual.
Do ponto de vista moral, a recordação das vidas
precedentes causaria, neste mundo, as mais graves
perturbações.Todos os criminosos, renascidos para se
resgatarem, seriam reconhecidos, repudiados,
desprezados; eles próprios ficariam aterrados e como
hipnotizados por suas recordações. A reparação do
passado tornar-se-ia impossível e a existência
insuportável. O mesmo se daria em diferentes graus, com
todos os que tivessem manchas no passado. As
recordações anteriores introduziriam na vida social
motivos de ódio, elementos de discórdia, que agravariam
a situação da Humanidade e impediriam, por
irrealizável, qualquer melhoramento. O pesado fardo dos
erros e dos crimes, a vista dos atos vergonhosos inscritos
nas páginas da sua história, acabrunhariam a alma e lhe
paralisariam a iniciativa. Nos do seu convívio poderia
reconhecer inimigos, rivais, perseguidores; sentiria
despertar e acenderem-se as más paixões que a sua nova
vida tem por objetivo destruir ou, pelo menos, atenuar.
0 conhecimento das passadas existências perpetuaria
em nós, não somente a sucessão dos fatos que a
compõem, como ainda os hábitos rotineiros, as opiniões
acanhadas, as manias pueris, obstinadas, peculiares às
diversas épocas, e que opõem grande obstáculo ao surto
da Humanidade. Disso ainda se encontram indícios em
muitos encarnados. Que seríamos sem o olvido que nos
liberta momentaneamente desses estorvos e permite que
uma nova educação nos reforme, nos prepare para
tarefas mais elevadas?
Quando consideramos maduramente todas essas
coisas, reconhecemos que o apagamento temporário do
passado é indispensável à obra de reparação, e que a
Providência, privando-nos, neste mundo, das nossas
longínquas reminiscências, dispôs tudo com profunda
sabedoria.
As almas s e atraem em razão de suas afinidades,
constituem grupos ou famílias cujos membros se
acompanham e mutuamente se auxiliam através de
sucessivas encarnações. Laços potentes as vinculam;
inúmeras vidas transcorridas em comum lhes
proporcionam essas similitudes de opiniões e de caráter,
que em tantas famílias se observam. Há exceções. Certos
Espíritos mudam às vezes de meio, para mais
rapidamente progredir. Nisso, como em todos os atos
importantes da vida, há uma parte reservada à vontade
livre do indivíduo, que pode, numa certa medida e
conforme o grau de elevação, escolher a condição em que
renascerá; mas há também à parte do destino, ou da lei
divina que, lá em cima, fixa a ordem dos renascimentos.
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