Olá!
Segue nosso estudo de quarta-feira às 20 hs.
O Livro dos Espíritos - Q 919
Conhecimento de si mesmo
Leitura inicial:
94
AO SALVAR-NOS
“Salva-te a ti mesmo e desce da cruz.” —
(MARCOS, capítulo 15,
versículo 30.)
Esse grito de ironia dos homens maliciosos continua vibrando através dos
séculos.
A criatura humana não podia compreender o sacrifício do Salvador. A Terra
apenas conhecia vencedores que chegavam brandindo armas, cobertos de
glórias sanguinolentas, heróis da destruição e da morte, a caminho de altares e
monumentos de pedra.
Aquele Messias, porém, distanciara-se do padrão habitual. Para conquistar,
dava de si mesmo; a fim de possuir, nada pretendia dos homens para si
próprio; no propósito de enriquecer a vida, entregava-se à morte.
Em vista disso, não faltaram os escarnecedores no momento extremo,
interpelando o Divino Triunfador, com mordaz expressão.
Nesse testemunho, ensinou-nos o Mestre que, ao nos salvarmos, no
campo da maldade e da ignorância ouviremos o grito da malícia geral, nas
mesmas circunstâncias.
Se nos demoramos colados à ilusão do destaque, se somos trabalhadores
exclusivamente interessados em nosso engrandecimento temporário na esfera
carnal, com esquecimento das necessidades alheias, há sempre muita gente
que nos considera privilegiados e vitoriosos; se ponderamos, no entanto, as
nossas responsabilidades graves no mundo, chama-nos loucos e, quando nos
surpreende em experiências culminantes, revestidas da dor sagrada que nos
arrebata a esferas sublimes, passa junto de nós exibindo gestos irônicos e,
recordando os altos princípios esposados por nossa vida, exclama,
desdenhosa: — “Salva-te a ti mesmo e desce da cruz.
Fonte:Livro Caminho, Verdade e Vida, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
Trecho do estudo:
CONHECIMENTO DE SI MESMO
919.Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se
melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
“Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti
mesmo.”
a) — Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-
-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?
“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do
dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao
que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em
mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando
a Deus e ao seu anjo-de-guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me,
Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas,
interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo
procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes
alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se
obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai
ainda mais: ‘Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo
no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?
“Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa
consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.
“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do
progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio
para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas
tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos.
Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por
outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na podereis ter
por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não
usa de duas medidas na aplicação de sua justiça. Procurai
também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e
não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto
esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus
muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a
fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o
faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como
do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no
seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas
perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes
será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi
bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio
o despertar na outra vida.
“Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui
esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que
vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem!
que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas
enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o
homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns
esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a ideia que
estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto
desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a
não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi
que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado
de espalhar. Com este objetivo é que ditamos O Livro dos
Espíritos.”
SANTO AGOSTINHO
Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas.
Se, efetivamente, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde a nossa consciência, veríamos quantas
vezes falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos. A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela
exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não abrem
lugar para qualquer alternativa e que não outros tantos argumentos pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos computar a soma de bem ou de mal que existe em nós.