Olá!
Segue nosso estudo de sexta-feira às 20 hs.
O Livro dos Espíritos - Q 983 a 1002
Das penas e gozos futuros
Leitura inicial:
Deus sabe
Deus conhece, em verdade,
todos os sofredores.
Não acuses ninguém pela dor
que há nas ruas.
Não agraves a luta das
crianças sem lar.
Não faças julgamento de
supostos culpados.
O que o Céu quer saber é o
que fazes no bem.
Não condenes, ampara.
Deus acredita em ti.
Fonte: Livro Migalha, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
Trecho do estudo:
PENAS TEMPORAIS
983. Não experimenta sofrimentos materiais o Espírito que
expia suas faltas em nova existência? Será então exato dizer-se que, depois da morte, só há para a alma
sofrimentos morais?
“É bem verdade que, quando a alma está reencarnada,
as tribulações da vida são-lhe um sofrimento; mas, só o
corpo sofre materialmente.
“Falando de alguém que morreu, costumais dizer que
deixou de sofrer. Nem sempre isto exprime a realidade. Como
Espírito, está isento de dores físicas; porém, tais sejam as
faltas que tenha cometido, pode estar sujeito a dores morais mais agudas e pode vir a ser ainda mais desgraçado
em nova existência. O mau rico terá que pedir esmola e se
verá a braços com todas as privações oriundas da miséria;
o orgulhoso, com todas as humilhações: o que abusa de
sua autoridade e trata com desprezo e dureza os seus subordinados se verá forçado a obedecer a um superior mais
ríspido do que ele o foi. Todas as penas e tribulações da
vida são expiação das faltas de outra existência, quando
não a conseqüência das da vida atual. Logo que daqui
houverdes saído, compreendê-lo-eis. (273, 393 e 399)
“O homem que se considera feliz na Terra, porque pode
satisfazer às suas paixões, é o que menos esforços emprega
para se melhorar. Muitas vezes começa a sua expiação já
nessa mesma vida de efêmera felicidade, mas certamente
expiará noutra existência tão material quanto aquela.”
984. As vicissitudes da vida são sempre a punição das
faltas atuais?
“Não; já dissemos: são provas impostas por Deus, ou
que vós mesmos escolhestes como Espíritos, antes de
encarnardes, para expiação das faltas cometidas em outra
existência, porque jamais fica impune a infração das leis de
Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se não for punida nesta existência, sê-lo-á necessariamente noutra. Eis por que
um, que vos parece justo, muitas vezes sofre. É a punição
do seu passado.” (393)
985.Constitui recompensa a reencarnação da alma em um
mundo menos grosseiro?
“É a conseqüência de sua depuração, porquanto, à
medida que se vão depurando, os Espíritos passam a encarnar em mundos cada vez mais perfeitos, até que se tenham despojado totalmente da matéria e lavado de todas
as impurezas, para eternamente gozarem da felicidade dos
Espíritos puros, no seio de Deus.”
Nos mundos onde a existência é menos material do que neste, menos grosseiras são as necessidades e menos agudos os sofrimentos físicos. Lá, os homens desconhecem as paixões más,
que, nos mundos inferiores, os fazem inimigos uns dos outros.
Nenhum motivo tendo de ódio, ou de ciúme, vivem em paz, porque
praticam a lei de justiça, amor e caridade. Não conhecem os aborrecimentos e cuidados que nascem da inveja, do orgulho e do
egoísmo, causas do tormento da nossa existência terrestre. (l72--
182)
986. Pode o Espírito, que progrediu em sua existência
terrena, reencarnar alguma vez no mesmo mundo?
“Sim; desde que não tenha logrado concluir a sua missão,
pode ele próprio pedir lhe seja dado completá-la em nova existência. Mas, então, já não está sujeito a uma expiação.” (l73)
987. Que sucede ao homem que, não fazendo o mal, também
nada faz para libertar-se da influência da matéria?
“Pois que nenhum passo dá para a perfeição, tem que
recomeçar uma existência de natureza idêntica à precedente.
Fica estacionário, podendo assim prolongar os sofrimentos
da expiação.”
988. Há pessoas cuja vida se escoa em perfeita calma; que,
nada precisando fazer por si mesmas, se conservam
isentas de cuidados. Provará essa existência ditosa
que elas nada têm que expiar de existência anterior?
“Conheces muitas dessas pessoas? Enganas-te, se pensas que as há em grande número. Não raro, a calma é apenas aparente. Talvez elas tenham escolhido tal existência,
mas, quando a deixam, percebem que não lhes serviu para
progredirem. Então, como o preguiçoso, lamentam o tempo
perdido. Sabei que o Espírito não pode adquirir conhecimentos e elevar-se senão exercendo a sua atividade. Se
adormece na indolência, não se adianta. Assemelha-se a
um que (segundo os vossos usos) precisa trabalhar e que
vai passear ou deitar-se, com a intenção de nada fazer. Sabei
também que cada um terá que dar contas da inutilidade voluntária da sua existência, inutilidade sempre fatal à felicidade futura. Para cada um, o total dessa felicidade futura
corresponde à soma do bem que tenha feito, estando o da
infelicidade na proporção do mal que haja praticado e
daqueles a quem haja desgraçado.”
989. Pessoas há que, se bem não sejam positivamente más,
tornam infelizes, pelos seus caracteres, todos os que
as cercam. Que conseqüências lhes advirão disso?
“Inquestionavelmente, essas pessoas não são boas. Expiarão suas faltas, tendo sempre diante da vista aqueles a quem infelicitaram, valendo-lhes isso por uma exprobração.
Depois, noutra existência, sofrerão o que fizeram sofrer.”
EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO
990. O arrependimento se dá no estado corporal ou no estado espiritual?
“No estado espiritual; mas, também pode ocorrer no
estado corporal, quando bem compreendeis a diferença entre
o bem e o mal.”
991. Qual a conseqüência do arrependimento no estado
espiritual?
“Desejar o arrependido uma nova encarnação para se
purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o
privam de ser feliz e por isso aspira a uma nova existência
em que possa expiar suas faltas.” (332-975)
992. Que conseqüência produz o arrependimento no estado
corporal?
“Fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se
tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o
exprobra e lhe mostra uma imperfeição, o homem pode
sempre melhorar-se.”
993. Não há homens que só têm o instinto do mal e são
inacessíveis ao arrependimento?
“Já te disse que todo Espírito tem que progredir incessantemente. Aquele que, nesta vida, só tem o instinto do
mal, terá noutra o do bem e é para isso que renasce muitas
vezes, pois preciso é que todos progridam e atinjam a meta. A diferença está somente em que uns gastam mais tempo
do que outros, porque assim o querem. Aquele, que só tem
o instinto do bem, já se purificou, visto que talvez tenha
tido o do mal em anterior existência.” (804)
994. O homem perverso, que não reconheceu suas faltas
durante a vida, sempre as reconhece depois da morte?
“Sempre as reconhece e, então, mais sofre, porque sente
em si todo o mal que praticou, ou de que foi voluntariamente
causa. Contudo, o arrependimento nem sempre é imediato.
Há Espíritos que se obstinam em permanecer no mau caminho, não obstante os sofrimentos por que passam. Porém,
cedo ou tarde, reconhecerão errada a senda que tomaram e
o arrependimento virá. Para esclarecê-los trabalham os bons
Espíritos e também vós podeis trabalhar.”
995. Haverá Espíritos que, sem serem maus, se conservem
indiferentes à sua sorte?
“Há Espíritos que de coisa alguma útil se ocupam. Estão na expectativa. Mas, nesse caso, sofrem proporcionalmente. Devendo em tudo haver progresso, neles o progresso se manifesta pela dor.”
a) — Não desejam esses Espíritos abreviar seus
sofrimentos?
“Desejam-no, sem dúvida, mas falta-lhes energia bastante para quererem o que os pode aliviar. Quantos indivíduos se contam, entre vós, que preferem morrer de miséria
a trabalhar?”
996. Pois que os Espíritos vêem o mal que lhes resulta de
suas imperfeições, como se explica que haja os que
agravam suas situações e prolongam o estado de inferioridade em que se encontram, fazendo o mal como
Espíritos, afastando do bom caminho os homens?
“Assim procedem os de tardio arrependimento. Pode
também acontecer que, depois de se haver arrependido, o
Espírito se deixe arrastar de novo para o caminho do mal,
por outros Espíritos ainda mais atrasados.” (971)
997. Vêem-se Espíritos, de notória inferioridade, acessíveis
aos bons sentimentos e sensíveis às preces que por
eles se fazem. Como se explica que outros Espíritos,
que devêramos supor mais esclarecidos, revelem um
endurecimento e um cinismo, dos quais coisa alguma
consegue triunfar?
“A prece só tem efeito sobre o Espírito que se arrepende. Com relação aos que, impelidos pelo orgulho, se revoltam contra Deus e persistem nos seus desvarios, chegando
mesmo a exagerá-los, como o fazem alguns desgraçados
Espíritos, a prece nada pode e nada poderá, senão no dia
em que um clarão de arrependimento se produza neles.”
(664)
Não se deve perder de vista que o Espírito não se transforma
subitamente, após a morte do corpo. Se viveu vida condenável, é
porque era imperfeito. Ora, a morte não o torna imediatamente perfeito. Pode, pois, persistir em seus erros, em suas falsas opiniões,
em seus preconceitos, até que se haja esclarecido pelo estudo,
pela reflexão e pelo sofrimento.
998. A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado
espiritual?
“A expiação se cumpre durante a existência corporal,
mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e,
na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao
estado de inferioridade do Espírito.”
999. Basta o arrependimento durante a vida para que as
faltas do Espírito se apaguem e ele ache graça diante
de Deus?
“O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado.”
a) — Se, diante disto, um criminoso dissesse que, cumprindo-lhe, em todo caso, expiar o seu passado, nenhuma
necessidade tem de se arrepender, que é o que daí lhe
resultaria?
“Tornar-se mais longa e mais penosa a sua expiação,
desde que ele se torne obstinado no mal.”
1000. Já desde esta vida poderemos ir resgatando as
nossas faltas?
“Sim, reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis
mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes, depois que morrerdes, quando de
nada mais precisais. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa o esforço de
bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se
esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o
suplício da carne suportado durante anos, com objetivo
exclusivamente pessoal. (726)
“Só por meio do bem se repara o mal e a reparação
nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem no
seu orgulho, nem nos seus interesses materiais.
“De que serve, para sua justificação, que restitua,
depois de morrer, os bens mal adquiridos, quando se lhe
tornaram inúteis e deles tirou todo o proveito?
“De que lhe serve privar-se de alguns gozos fúteis, de
algumas superfluidades, se permanece integral o dano que
causou a outrem?
“De que lhe serve, finalmente, humilhar-se diante de
Deus se, perante os homens, conserva o seu orgulho?” (720-
-721)
1001. Nenhum mérito haverá em assegurarmos, para
depois de nossa morte, emprego útil aos bens que
possuímos?
“Nenhum mérito não é o termo. Isso sempre é melhor
do que nada. A desgraça, porém, é que aquele, que só depois
de morto dá, é quase sempre mais egoísta do que generoso.
Quer ter o fruto do bem, sem o trabalho de praticá-lo.
Duplo proveito tira aquele que, em vida, se priva de alguma
coisa: o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que
lhe devem a felicidade. Mas, lá está o egoísmo a dizer-lhe:
O que dás tiras aos teus gozos; e, como o egoísmo fala mais
alto do que o desinteresse e a caridade, o homem guarda o
que possui, pretextando suas necessidades pessoais e as
exigências da sua posição! Ah! lastimai aquele que desconhece o prazer de dar; acha-se verdadeiramente privado de
um dos mais puros e suaves gozos. Submetendo-o à prova da
riqueza, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, houve
Deus por bem conceder-lhe, como compensação, a ventura
da generosidade, de que já neste mundo pode gozar.”
1002. Que deve fazer aquele que, em artigo de morte, reconhece suas faltas, quando já não tem tempo de as reparar? Basta-lhe nesse caso arrepender-se?
“O arrependimento lhe apressa a reabilitação, mas não
o absolve. Diante dele não se desdobra o futuro, que jamais
se lhe tranca?”