Olá!
Segue nosso estudo de quarta-feira às 19hs.
Livro Cristianismo e Espiritismo
Capítulo X - A Nova revelação. A Doutrina dos Espíritos
Leitura inicial:
Espíritas, Instrui-vos!
“Mas aquele Consolador, a Santo Espírito que o Pai enviará em meu nome, esse
vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.”
JESUS - JOAO, 14:26,
“Espíritas, amai-vos! Este o primeiro ensino! Instrui-vos, este o segundo.”
- Cap.
V1, 5.
Prevenir e recuperar são atitudes que se ampliam entre os homens, à medida. que se
acentua o progresso da Humanidade.
Aparecem noções de civilização e responsabilidade e levantam-se idéias de
burilamento e defesa.
Quanto pudermos, porém, não os restrinjamos ao amparo de superfície.
Imperioso tratar as águas da fonte, no entanto, cansar-nos-emos debalde, se não lhe
resguardarmos a limpeza no nascedouro.
Educação e reeducação constituem a síntese de toda obra consagrada ao aprimoramento do mundo.
Gastam-se verbas fabulosas em apetrechos bélicos e raro surge alguém com bastante
abnegação para despender algum dinheiro na assistência gratuita aos semelhantes,
para que se lhes pacifique o raciocínio conflagrado.
Espantamo-nos, diante do desajustamento juvenil, a desbordar-se em tragédias de
todos os tipos, e pouco realizamos, a fim de que a criança encontre no lar o necessário desenvolvimento com segurança de espírito.
Monumentalizamos instituições destinadas à cura dos desequilíbrios mentais e quase nada fazemos por afastar de nós mesmos os vícios do pensamento, com que nos
candidatamos ao controle da obsessão.
Clamamos contra os desregramentos de muitos, afirmando que a Terra está em vias
de desintegração pela ausência de valores morais e, na maioria das circunstâncias,
somos dos primeiros a exigir lugar na carruagem do excesso, reclamando direitos e
privilégios, com absoluto esquecimento de comezinhos deveres que a vida nos preceitua.
Combatamos, sim, o câncer e a poliomielite, a ulceração e a verminose, mas busquemos igualmente extinguir o aborto e a toxicomania, a preguiça e a intemperança que,
muitas vezes, preparam. a delinqüência e a enfermidade por crises agudas de ignorância.
Para isso e para que nos disponhamos A conquista da vida. vitoriosa é que o Espírito
de Verdade, nos primórdios da. Codificação Kardequiana, nos advertiu claramente
“Espíritas, instruí-vos”
Fonte: Livro da Esperança, Francisco Candido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
Trecho do estudo:
A Doutrina dos Espíritos
0 moderno espiritualismo, dissemo-lo, é uma nova
forma da revelação eterna.
Para nós, revelação significa simplesmente ação de
levantar um véu e descobrir coisas ocultas.
Neste ponto de vista, todas as ciências são revelações;
há, porém, uma ainda mais alta das verdades morais que
nos vem por intermédio dos celestes missionários, e, mais
freqüentemente, pelas aspirações da consciência.
Todos os tempos e todos os povos tiveram sua parcela
de revelação. Esta não é, como alguns acreditam, um fato
realizado em dada época, em determinado meio e para
sempre. E perpétua, incessante; é obra do espírito
humano em seus esforços para elevar-se, sob a influência
do espírito divino ao conhecimento integral das coisas e
das leis. Essa influência muitas vezes se produz sem que a
perceba o homem. É mediante intervenções humanas que
Deus age sobre a Humanidade, tanto no domínio dos
fatos históricos, como no do pensamento e da Ciência.
À medida que se desenvolve a História, à medida que
se estende através dos séculos à imensa caravana da
Humanidade, uma luz mais viva se faz em nós e ao redor
de nós. A Potência invisível que do seio dos espaços
acompanha essa marcha, conforme o nosso grau de
evolução e compreensão, oferece-nos novos dados sobre o
problema da vida e do Universo.
As revelações dos séculos passados fizeram a sua
obra. Todas realizaram um progresso, uma sobre as
outras, assim assinalando períodos sucessivos da
Humanidade; mas já não correspondem às necessidades
da hora presente, porque a lei do progresso opera sem
cessar, e, à medida que o homem avança e se eleva, seus
horizontes devem dilatar-se. Por isso uma dispensação
mais completa do que as outras se efetua agora no
mundo.
É necessário também recordar uma coisa, a saber: se
cada época notável teve os seus reveladores; se espíritos
eminentes vieram trazer aos homens, conforme os tempos
e lugares, elementos de verdade e progresso, os germes
por eles semeados ficaram estéreis, muitas vezes. Sua
doutrinas, mal compreendidas, deram origem a religiões
que se excluem e se condenam injustamente, porque
todas são irmãs e repousam sobre duas bases comuns:
Deus e a imortalidade. Cedo ou tarde, elas se fundirão
em vasta unidade, quando as névoas que envolvem o
pensamento humano se houverem dissipado ao sol
brilhante da verdade.
Ao lado desses divinos mensageiros, muitos falsos
profetas têm surgido. Pretensos reveladores têm querido
impor-se às multidões; doutrinas confusas e
contraditórias se têm divulgado em proveito aparente de
alguns, mas realmente em prejuízo de todos.
É por isso, para evitar abusos tais, que a nova
revelação reveste um caráter inteiramente diferente. Não
é mais uma obra individual, nem se produz num meio
circunscrito. É dada em todos os pontos do globo, aos que
a procuram, por intermédio de pessoas de todas as
idades, condições e nacionalidades, mediante inúmeras
comunicações, cujo valor tem sido submetido a mais
rigorosa verificação.
Obra dos grandes Espíritos do espaço, que vêm aos
milhares' instruir e moralizar a Humanidade, apresenta
um cunho impessoal e universal. Sua missão é esclarecer,
coordenar todas as revelações do passado, contidas nos
livros sagrados das diversas raças humanas e veladas sob
a parábola e o símbolo. A nova revelação, livre de
qualquer forma material, manifesta-se diretamente à
Humanidade, cuja evolução intelectual tornou-se apta
para abordar os altos problemas do destino. Preparada
pelo trabalho das ciências naturais, sobre as quais se
apóia, e pelos conhecimentos lentamente adquiridos pelo
espírito humano, fecunda esses trabalhos e
conhecimentos e os liga por forte vínculo, formando um
todo sólido.
A revelação cristã havia sucedido à revelação
mosaica; a revelação dos Espíritos vem completá-la. 0
Cristo a anunciou(124), e pode acrescentar-se que ele
próprio preside a esse novo surto do pensamento.
Como essa revelação não se efetua pelo veículo da
ortodoxia, vemos combaterem-na as igrejas
estabelecidas; o mesmo, porém, se deu com a revelação
cristã, relativamente ao sacerdócio judaico. O clero se
encontra hoje na mesma posição dos sacerdotes de Israel,
há dois mil anos, a respeito do Cristianismo. Essa
aproximação histórica deve fazê-lo refletir.
A nova revelação manifesta-se fora e acima das
igrejas. Seu ensino dirige-se a todas as raças da Terra.
Por toda parte os Espíritos proclamam os princípios em
que ela se apóia. Por sobre todas as regiões do globo
perpassa a grande voz que convida o homem a meditar
em Deus e na vida futura. Acima das estéreis agitações e
das discussões fúteis dos partidos, acima das lutas de
interesse e do conflito das paixões, a voz profunda desce
do espaço e vem oferecer a todos, com o ensinamento da
Palavra, a divina esperança e a paz do coração.
É a revelação dos tempos preditos. Todos os ensinos
do passado, parciais, restritos, limitados na ação que
exerciam, são por ela ultrapassados, envolvidos. Ela
utiliza os materiais acumulados; reúne-os, solidifica-os
para formar um vasto edifício em que o pensamento, à
vontade, possa expandir-se. Abre uma fase nova e
decisiva à ascensão da Humanidade.
*
Não podemos, todavia, calar as inúmeras objeções
que se levantaram contra a doutrina dos Espíritos.
Malgrados ao caráter imponente da nova revelação,
muitos nela não viram mais que um sistema, uma teoria
especulativa. Mesmo entre os que admitiam a realidade
dos fenômenos, houve quem acusasse os espíritas de
haver edificado sobre tais fatos uma doutrina prematura,
assim restringindo o caráter positivo do moderno
espiritualismo.
Os que empregam essa linguagem, não
compreenderam a verdadeira natureza do Espiritismo.
Este não é, como pretendem, uma doutrina previamente
elaborada e menos ainda uma teoria preconcebida; é
apenas a conseqüência lógica dos fatos, o seu
complemento necessário.
Há meio século, as comunicações estabelecidas com o
mundo invisível não têm cessado de nos fornecer
indicações, tão numerosas quão positivas, sobre as
condições da vida nesse mundo. Os Espíritos, nas
mensagens que nos dão em abundância, mediante, quer a
escrita automática, quer os ditados tipológicos, ou, ainda,
no curso de palestras entretidas por via de incorporação;
por todos os meios enfim ao seu alcance; os Espíritos,
repetimo-lo, de todas as categorias, fazem descrições
muito circunstanciadas do seu modo de existência depois
da morte. Descrevem as impressões ou alegrias que
experimentaram, conforme a sua norma de vida na
Terra. De todas essas descrições, comparadas, cotejadas
entre si, resulta um conhecimento muito claro da vida
futura e das leis que a regem.
As Inteligências superiores, em suas relações
mediúnicas com os homens, vêm completar essas
indicações. Confirmam os ensinos ministrados pelos
Espíritos menos adiantados; elevando-se a maior altura,
expõem o seu modo de ver, as suas opiniões sobre todos
os grandes problemas da vida e da morte, a evolução
geral dos seres, as leis superiores do Universo. Todas
essas revelações concordam e se unem para constituir
uma filosofia admirável.
Acreditaram descobrir certas divergências de
opiniões no ensino dos Espíritos; mas essas divergências
são muito mais aparentes que reais. Consistem, as mais
das vezes, na forma, na expressão das idéias e não afetam
a própria essência do assunto. Elas se dissipam à luz de
um amadurecido exame. Disso temos um exemplo no que
se refere à doutrina das sucessivas reencarnações da
alma.
Tem-se feito dessa questão uma arma contra o
Espiritismo, porque certos Espíritos, em países anglosaxônios, parecem negar a reencarnação das almas na
Terra. Notaremos que, em toda parte, os Espíritos
afirmam o princípio das existências sucessivas, com esta
única reserva, no meio muito circunscrito, de que
falamos, de que a reencarnação se efetuaria, não na
Terra, mas noutros mundos. Não há nisso, pois, senão
uma diferença de lugar; o princípio permanece intacto.
Se os Espíritos, em alguns países eivados de tenazes
preconceitos, entenderam dever passar em silêncio, ao
começo, alguns pontos do seu ensino, não era isso, como
eles mesmos o reconheceram, para contemporizar com
certos preconceitos de raça ou de cor? O que bastaria
para o provar é o número dos espiritualistas antireencarnacionistas, na América como na Inglaterra, a
diminuir dia a dia, ao passo que o dos partidários da
reencarnação não tem cessado de aumentar.
Os Espíritos que se manifestam, objeta-se ainda, não
são todos de ordem elevada. Alguns patenteiam opiniões
muito restritas, conhecimentos muito imperfeitos acerca
de todas as coisas. Outros se mostram ainda imbuídos
dos preconceitos terrestres, suas concepções apresentam
o reflexo dos meios em que viveram aqui na Terra.
A morte não nos muda em quase nada, como
dissemos(125). Não se opera, em nossa infinita trajetória,
transformação alguma brusca. É lentamente, na
seqüência de numerosas existências, que o Espírito se
liberta de suas paixões, de seus erros e fraquezas, e
ascende para a sabedoria e para a luz.
Desse estado de coisas resulta, necessariamente, uma
grande variedade, uma extrema diversidade de situações
entre os invisíveis. As comunicações dos habitantes do
espaço, como os seus autores, são de valor muito desigual
e sujeitas à verificação. Devem ser joeiradas pela razão e
pelo bom senso.
Por isso, o moderno espiritualismo não dogmatiza
nem se imobiliza. Não alimenta pretensão alguma à
infalibilidade. Posto que superior aos que o precederam,
o ensino espírita é progressivo como os próprios
Espíritos. Ele se desenvolve e completa à medida que,
com a experiência, se efetua o progresso nas duas
humanidades, a da Terra e a do espaço - humanidades
que se penetram mutuamente e das quais cada um de vós
deve, alternativamente, fazer parte.
Os princípios do moderno espiritualismo foram
expostos, estabelecidos, fixados por numerosos
documentos, que emanavam das mais diversas fontes
mediúnicas e apresentavam entre si perfeita
concordância. Allan Kardee e, depois dele, todos os
escritores espíritas, aplicaram-se a um longo e minucioso
exame das comunicações de além-túmulo. Foi reunindo,
coordenando o que estes tinham de comum, que eles
acumularam os elementos de um ensino racional, que
fornece satisfatória explicação de todos os problemas
insolúveis antes dele. Esse ensino, além de tudo, é sempre
verificável, pois que a fonte donde emana é inesgotável. A
comunicação estabelecida entre os homens e os Espíritos
é permanente e universal; ela se acentuará cada vez mais
com os progressos da Humanidade.
Se é verdade que são numerosos, em torno de nós, os
Espíritos tenebrosos e atrasados, é preciso não esquecer
que as almas elevadas, descidas das esferas de luz,
também vêm trazer a Terra esses sublimes ensinamentos,
que, uma vez ouvidos, nunca mais esquecemos. Ninguém
se poderia eximir à sua influência. Todos os que têm tido
a fortuna de ouvir as suas instruções, conservam por
muito tempo a sua lembrança e impressão. É fácil
compreender que a sua linguagem não é deste mundo,
vem de regiões mais altas.
A esses radiantes Espíritos se associam, às vezes, as
almas dos nossos parentes, dos que amamos neste mundo
e a cuja sorte não podemos ficar indiferentes. Desde que
aos nossos olhos se evidencia a identidade desses seres,
tão caros para nós; desde que a sua personalidade se
afirma por mil modos, não se nos desperta uma
necessidade imperiosa de conhecer as condições de sua
nova vida?
Como permanecer indiferentes, insensíveis à voz dos
que nos embalaram, dos que, em seus braços nos
acalentaram, foram a nossa carne e o nosso sangue? Esse
afeto que nos une aos nossos mortos, esse sentimento que
nos eleva acima da poeira terrestre e nos distingue do
animal, não nos impõe o dever de piedosamente recolher,
examinar e propagar tudo o que eles nos revelam
relativamente a esses graves problemas do destino,
suspensos há tantos séculos por sobre o pensamento
humano?
Os que não querem ver no moderno espiritualismo
senão o lado experimental, o fato físico, que desdenham
as suas conseqüências, não preferem a casca à polpa da
noz, a encadernação ao conteúdo do livro? Não
desprezam o sábio conselho de Rabelais: "Parti o osso e
sugai a medula"? É realmente uma substância
fortificante esse ensino; cura-nos do terror da morte,
apercebe-nos para as lutas fecundas, para a conquista
das elevadas culminâncias intelectuais.
O Espiritismo tem um lado inteiramente científico;
repousa sobre provas palpáveis, sobre fatos
incontestáveis, mas são principalmente as suas
conseqüências morais que interessam à grande maioria
dos homens. A experimentação, a minuciosa análise dos
fatos, não está ao alcance de todos. Quando mesmo não
faltasse o tempo, seriam precisos os agentes, os meios de
ação e de verificação. Os pequeninos, os humildes, os que
constituem a massa popular, nem sempre dispõem do
necessário para o estudo dos fenômenos, e são
precisamente esses os que têm maior necessidade de
conhecer todos os seus resultados, todo o seu alcance.