11/05/2020

Olá!

Segue nosso estudo de segunda-feira às 16:30 hs.
Médiuns e Mediunidades
IV - Evocação dos Espíritos




Leitura inicial:

Do Médium

        Esquivar-se à suposição de que detém responsabilidades ou missões de avultada transcendência, reconhecendo-se humilde portador de tarefas comuns, conquanto graves e importantes como as de qualquer outra pessoa.

        O seareiro do Cristo é sempre servo, e servo do amor.

        No horário disponível entre as obrigações familiares e o trabalho que lhe garante a subsistência, vencer os imprevistos que lhe possam impedir o comparecimento às sessões, tais como visitas inesperadas, fenômenos climatéricos e outros motivos, sustentando lealdade ao próprio dever.

        Sem euforia íntima não há exercício mediúnico produtivo.

        Preparar a própria alma em prece e meditação, antes da atividade mediúnica, evitando, porém, concentrar-se mentalmente para semelhante mister durante as explanações doutrinárias, salvo quando lhe caibam tarefas especiais concomitantes, a fim de que não se prive do ensinamento.

        A oração é luz na alma refletindo a Luz Divina.

        Controlar as manifestações mediúnicas que veicula, reprimindo, quanto possível, respiração ofegante, gemidos, gritos e contorções, batimentos de mãos e pés ou quaisquer gestos violentos.

        O medianeiro será sempre o responsável direto pela mensagem de que se faz portador.

        Silenciar qualquer prurido de evidência pessoal na produção desse ou daquele fenômeno.

        A espontaneidade é o selo de crédito em nossas comunicações com o Reino do Espírito.

        Mesmo indiretamente, não retirar proveito material das produções que obtenha.

        Não há serviço santificante na mediunidade vinculada a interesses inferiores.

        Extinguir obstáculos, preocupações e impressões negativas que se relacionem com o intercâmbio mediúnico, quais sejam, a questão da consciência vigilante ou da inconsciência sonambúlica durante o transe, os temores inúteis e as suscetibilidades doentias, guiando-se pela fé raciocinada e pelo devotamento aos semelhantes.

        Quem se propõe avançar no bem, deve olvidar toda causa de perturbação.

        Ainda quando provenha de círculos bem-intencionados, recusar o tóxico da lisonja.

        No rastro do orgulho, segue a ruína.

        Fugir aos perigos que ameaçam a mediunidade, como sejam a ambição, a ausência de autocrítica, a falta de perseverança no bem e a vaidade com que se julga invulnerável.

        O medianeiro carrega consigo os maiores inimigos de si próprio.

        "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil." - Paulo. (I CORÍNTIOS, 12:7.)

Fonte : Livro Conduta Espírita , André Luiz & Waldo Vieira


Trecho do Estudo:
IV
Evocação dos Espíritos

Allan Kardec, repetindo as experiências dos grandes iniciados do passado, notabilizou-se, nos tempos modernos, pelas excelentes qualidades morais e culturais que lhe exornavam a personalidade, sobretudo pela coragem, serenidade e nobreza com que evocava os Espíritos.
Na antiguidade oriental, era comum a prática da evocação dos mortos, em todas as culturas, na intimidade dos templos, celebrizando os adivinhos, oráculos e sacerdotes, profetas e pítons que logravam traduzir-lhes o pensamento, por meio de cuja sensibilidade retornavam ao contato humano.
Na Grécia, tomaram-se notáveis os santuários, nos quais se davam as evocações dos deuses, especialmente o de Delfos, que permaneceu na condição de marco histórico da legitimidade das comunicações dos seres desencarnados com os homens.
O Cristianismo primitivo assentou suas bases espirituais no intercâmbio com os numes tutelares, que se apresentavam espontaneamente, conduzindo as mentes e sustentando os homens nos seus elevados empreendimentos.
Esse intercâmbio reiniciou-se com Jesus, cujo advento foi anunciado pelos Espíritos nobres e a vida toda assinalada pela incessante comunicação com os desencarnados, prosseguindo, Ele próprio, após a morte, inúmeras vezes, e culminando no inesquecível aparecimento ao jovem Saulo, a quem convocou, às portas de Damasco, para o ministério inigualável.
Logo depois, nas reuniões dos discípulos e continuadores da Sua Obra de Amor, as comunicações espirituais se tornaram o veículo de segurança para o êxito das empresas iluminativas de consciências, tomando-se elemento de sustentação das comunidades nascentes.
São João Crisóstomo, São Basílio, Orígenes, Constantino, entre inumeráveis, foram excelentes médiuns que as forças do Mais-além conduziam com facilidade, inscrevendo, nas páginas da história, os seus depoimentos honestos a respeito da vida transcendental e da interferência dos seres espirituais em suas vidas.
Nos séculos seguintes, prosseguiram os fenômenos extraordinários, atestando a comunicabilidade dos Espíritos, trazendo a mensagem confortadora de sustentação durante a Idade Média e a afirmação da sobrevivência no período da Idade Moderna.
Allan Kardec, no entanto, sob o comando do Espírito de Verdade que lhe supervisionava a missão, evocou as entidades espirituais mais diferentes, com elas mantendo notáveis diálogos, graças aos quais elaborou a Codificação Espírita.
A tarefa missionária que lhe fora concedida, a elevada moral de que se revestia, a sinceridade e nobreza de propósitos que mantinha, a lucidez que lhe era peculiar funcionavam como credenciais para as evocações, a fim de aprender, colher informações, conferir dados, aquilatar valores culturais e elaborar as obras, tendo a superior administração de Jesus, que retornava à Terra, na condição de o Consolador.
Tão eficientes e seguros se lhe apresentaram os resultados, que colocou todo um capítulo, o de número vinte e cinco de O Livro dos Médiuns, sobre as evocações, a fim de orientar todos aqueles que pretendem com honestidade penetrar nas províncias da erraticidade, travando contato com os seus habitantes.
Nem todos os indivíduos, porém, dispõem daquelas credenciais para seguras evocações, correndo riscos de serem enganados pelos espíritos burlões, mistificadores, atrasados e perversos que pululam em tomo dos homens e não respeitam senão as vibrações do caráter diamantino e as irradiações dos sentimentos elevados que os repelem.
Ideal que nas experiências mediúnicas se aguardem as manifestações espontâneas, mais naturais, não constritoras, aprendendo-se as técnicas de identificação, bem como assenhoreandose dos delicados processos de comunhão espiritual, pondo-se a salvo de ciladas e obsessões evitáveis que a imprudência e a precipitação normalmente propiciam.
Podem-se evocar os espíritos, sabendo-se, inicialmente, que nem todos têm condição de atender aos chamados, em se considerando o estado emocional e evolutivo em que se encontram, as disponibilidades de tempo e ocupação, as afinidades com os médiuns e outras condições sutis, igualmente importantes.
A presunção humana, que pensa tudo poder, toma-se grande impedimento na área das evocações sérias, abrindo campo vibratório para os intercursos vulgares e decepcionantes.
Bem agem aqueles que, interessados na aprendizagem, diante do intercâmbio espiritual, aguardam que ocorram os de natureza espontânea, podendo analisá-los e retirar deles as lições proveitosas, consoladoras, necessárias à fé racional e ao equilíbrio da paz interior.

A mediunidade colocada a serviço do bem, nas tarefas socorristas, faz-se instrumento dócil às comunicações naturais, enriquecidas de sabedoria, sob a orientação dos guias espirituais que selecionarão aqueles que se devem e podem comunicar, contribuindo para o próprio como para o progresso moral do médium e dos assistentes, pois que esta é a finalidade elevada do labor mediúnico, e não para o atendimento de frivolidades, paixões ou mesmo questões sérias, porém inoportunas.

Leitura complementar:

EVOCAÇÃO DE ESPÍRITOS

Livro: Mediunidade e Caminho
Odilon Fernandes & Carlos A. Baccelli

*Quanto tempo depois da morte se pode evocar um Espírito?
Pode-se evocá-lo no instante mesmo da morte; mas, como nesse momento, ainda está em perturbação, não responde senão imperfeitamente." (O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XXV)*

No capítulo das evocações, cremos que seja desnecessário lembrar aos nossos irmãos quanto à sua inconveniência.
O Espírito recém-desencarnado passa por um período mais ou menos longo de perturbação, até que se readapte ao Mundo Espiritual. Muitas vezes, encontra-se ele sem a mínima condição de responder ao apelo que lhe está sendo feito. De outras, o Espírito evocado não encontra um médium que lhe sirva de instrumento, posto que, repetimos, sintonia mediúnica não se improvisa.
Não raro, os Espíritos que comparecem às reuniões mediúnicas, evocados indiretamente pela presença de seus familiares e amigos que esperam ouvi-los em mensagem, transmitem as suas impressões de além-túmulo como podem, e não como desejariam. É por este motivo que nem sempre os comunicados mediúnicos correspondem à expectativa dos que anseiam por recebê-los.
Os Espíritos anseiam por se comunicar com os que deixaram na Terra que, por sua vez, anseiam pelo contato com eles... Intermediando essas ansiedades, está o médium ansioso por desempenhar o seu papel, "pressionado" que se sente pelos dois lados da vida. Em consequência, surge uma mensagem, digamos, truncada, que acaba não satisfazendo aos anseios nem de uns, nem de outros.
Se o médium compreendesse as suas limitações e se as pessoas entendessem as dificuldades do Espírito comunicante que, afinal de contas, nem sempre conhece o processo do intercâmbio mediúnico, haveria uma maior tolerância de ambas as partes, permitindo que o Espírito se manifestasse sem tantos constrangimentos.
Uma outra questão delicada desejamos abordar aqui.
Num simples comunicado do Além, as pessoas exigem que o Espírito, numas poucas linhas que consegue escrever ou numas poucas palavras que consegue falar, identifique-se de forma incontestável. Querem nomes, datas, detalhes, caligrafia idêntica, apelidos, respostas a indagações mentais formuladas no momento...
Em outras palavras, o que as pessoas exigem é quase que o Espírito se materialize; e mesmo se tal ocorresse, ainda pediriam as provas que Tomé pediu a Jesus Cristo... E talvez, ainda depois de obtê-las, retirariam-se perguntando: - "Será?!..."

O que vemos ser feito com alguns médiuns de boa vontade é uma falta de caridade!

Sem que saibam, eles estão sendo testados em suas faculdades, expondo-se às críticas amargas daqueles a quem tudo fizeram para confortar, "recebendo" para eles as mensagens que puderam receber...
Acreditamos que os médiuns, por melhor intencionados que sejam, em defesa de sua própria dignidade, não devem sair por aí oferecendo- se para receber mensagens dos desencarnados. Que eles fiquem em seus postos de serviço.
É o sedento que deve ir à fonte, e não o contrário.
Se os Espíritos tivessem um telefone sempre à disposição, um telefone que os permitisse ligar para a Terra sem intermediações, eles o fariam.

Assim como os homens querem contatá-los, os Espíritos desejam contatar os homens. Infelizmente, habitando Planos que se interpenetram, mas que não se tocam, devemos contentar-nos com o que obtemos. E o pouco que já obtemos na mediunidade representa muito, pois antes do Espiritismo estávamos como que completamente ilhados em nossos Planos de existência.

Gritávamos e ninguém nos ouvia, falávamos e a nossa voz não encontrava eco, abraçávamos e a nossa presença era ignorada...
Quando um Espírito em desespero apossava-se de alguém, era o demônio, a quem os homens sempre deram o direito de se comunicar... 
Mas quando se tratava de um Espírito familiar, saudoso dos entes amados que deixou no mundo, ainda provocava ele o encarceramento, a excomunhão ou a morte do "herege" que ousara evocar os "mortos"...
E é assim que nós vamos caminhando com Deus
Pode-se dizer, sem exagero algum, que embora os quase cento e cinquenta anos da Codificação Kardeciana, os médiuns que hoje atuam na mediunidade são os desbravadores do futuro, mártires da renúncia e do sacrifício, bandeirantes da Civilização do Espírito que florescerá na Terra do Terceiro Milênio.