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Segue nosso estudo de sexta-feira às 20 hs.
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XXVIII
Coletânea de preces espíritas - itens 11 a 41
Leitura Inicial:
72
Não as palavras
“Mas em breve irei ter convosco, se o Senhor quiser, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a virtude.”
Paulo (I Coríntios, 4:19)
Cristo e os seus cooperadores não virão ao encontro dos aprendizes para
conhecerem as palavras dos que vivem na falsa concepção do destino, mas sim dos
que se identificaram com o espírito imperecível da construção evangélica. É indubitável que o Senhor se interessará pelas obras; contudo, toda vez
que nos reportamos a obras, geralmente os ouvintes somente se lembram das
instituições materiais, visíveis no mundo, ricas ou singelas, simples ou suntuosas. Muita vez, as criaturas menos favorecidas de faculdades orgânicas, qual o
cego ou o aleijado, acreditam-se aniquiladas ou inúteis, ante conceituação dessa
natureza.É que, comumente, se esquece o homem das obras de santificação que lhe
compete efetuar no próprio espírito. Raros entendem que é necessário manobrar pesados instrumentos da
vontade a fim de conquistar terreno ao egoísmo; usar enxada de esforço pessoal para
o estabelecimento definitivo da harmonia no coração. Poucos se recordam de que
possuem idéias frágeis e pequeninas acerca do bem e que é imprescindível manter
recursos íntimos de proteção a esses germens para que frutifiquem mais tarde. É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão
objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é
também força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do
palavrório improdutivo que menospreza o tempo na “vaidade das vaidades”. Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer natureza, sempre fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do
amor, muito difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e
eterna.
Fonte: livro Vinha de luz, Francisco Cândido Xavier , pelo Espírito Emmanuel.
Trecho do estudo:
II – Preces por aquele mesmo que ora
Aos anjos guardiães e aos Espíritos protetores
11. Prefácio. Todos temos, ligado a nós, desde o nosso nascimento,
um Espírito bom, que nos tomou sob a sua proteção. Desempenha, junto
de nós, a missão de um pai para com seu filho: a de nos conduzir pelo caminho do bem e do progresso, através das provações da vida. Sente-se feliz,
quando correspondemos à sua solicitude; sofre, quando nos vê sucumbir.
Seu nome pouco importa, pois bem pode dar-se que não tenha nome
conhecido na Terra. Invocamo-lo, então, como nosso anjo guardião, nosso
bom gênio. Podemos mesmo invocá-lo sob o nome de qualquer Espírito
superior, que mais viva e particular simpatia nos inspire.
Além do anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos
Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são menos bons e
magnânimos. Contamo-los entre amigos ou parentes, ou, até, entre pessoas que não conhecemos na existência atual. Eles nos assistem com seus
conselhos e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida.
Espíritos simpáticos são os que se nos ligam por uma certa analogia
de gostos e pendores. Podem ser bons ou maus, conforme a natureza das
inclinações nossas que os atraiam.
Os Espíritos sedutores se esforçam por nos afastar das veredas do
bem, sugerindo-nos maus pensamentos. Aproveitam-se de todas as nossas
fraquezas, como de outras tantas portas abertas, que lhes facultam acesso à
nossa alma. Alguns há que se nos aferram, como a uma presa, mas que se
afastam, reconhecendo-se impotentes para lutar contra a nossa vontade.
Deus, em nosso anjo guardião, nos deu um guia principal e superior
e, nos Espíritos protetores e familiares, guias secundários. Fora erro, porém, acreditarmos que forçosamente, temos um mau gênio ao nosso lado, para contrabalançar as boas influências que sobre nós se exerçam. Os maus
Espíritos acorrem voluntariamente, desde que achem meio de assumir predomínio sobre nós, ou pela nossa fraqueza, ou pela negligência que ponhamos em seguir as inspirações dos bons Espíritos. Somos nós, portanto, que
os atraímos. Resulta desse fato que jamais nos encontramos privados da assistência dos bons Espíritos e que de nós depende o afastamento dos maus.
Sendo, por suas imperfeições, a causa primária das misérias que o afligem,
o homem é, as mais das vezes, o seu próprio mau gênio. (Cap. V, item 4.)
A prece aos anjos guardiães e aos Espíritos protetores deve ter por
objeto solicitar-lhes a intercessão junto de Deus, pedir-lhes a força de resistir às más sugestões e que nos assistam nas contingências da vida.
12. Prece. – Espíritos esclarecidos e benevolentes, mensageiros de
Deus, que tendes por missão assistir aos homens e conduzi-los pelo bom
caminho, sustentai-me nas provas desta vida; dai-me a força de suportá-las
sem queixumes; livrai-me dos maus pensamentos e fazei que eu não dê
entrada a nenhum mau Espírito que queira induzir-me ao mal. Esclarecei
a minha consciência com relação aos meus defeitos e tirai-me de sobre os
olhos o véu do orgulho, capaz de impedir que eu os perceba e os confesse
a mim mesmo.
A ti, sobretudo, N..., meu anjo guardião, que mais particularmente
velas por mim, e a todos vós, Espíritos protetores, que por mim vos interessais, peço fazerdes que me torne digno da vossa proteção. Conheceis as
minhas necessidades; sejam elas atendidas, segundo a vontade de Deus.
13. (Outra) – Meu Deus, permite que os bons Espíritos que me cercam venham em meu auxílio, quando me achar em sofrimento, e que me
sustentem se desfalecer. Faze, Senhor, que eles me incutam fé, esperança e
caridade; que sejam para mim um amparo, uma inspiração e um testemunho da tua misericórdia. Faze, enfim, que neles encontre eu a força que me
falta nas provas da vida e, para resistir às inspirações do mal, a fé que salva
e o amor que consola.
14. (Outra) – Espíritos bem-amados, anjos guardiães que, com a
permissão de Deus, pela sua infinita misericórdia, velais sobre os homens,
sede nossos protetores nas provas da vida terrena. Dai-nos força, coragem e
resignação; inspirai-nos tudo o que é bom, detende-nos no declive do mal;
que a vossa bondosa influência nos penetre a alma; fazei sintamos que um
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amigo devotado está ao nosso lado, que vê os nossos sofrimentos e partilha
das nossas alegrias.
E tu, meu bom anjo, não me abandones. Necessito de toda a tua proteção, para suportar com fé e amor as provas que praza a Deus enviar-me.
Para afastar os maus Espíritos
15. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpais por fora o copo e o prato
e estais, por dentro, cheios de rapinas e impurezas. Fariseus cegos, limpai primeiramente o interior do copo e do prato, a fim de que também o exterior fique
limpo. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que vos assemelhais a sepulcros
branqueados, que por fora parecem belos aos olhos dos homens, mas que, por
dentro, estão cheios de toda espécie de podridões. Assim, pelo exterior, pareceis
justos aos olhos dos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidades. ( Mateus, 23:25 a 28.)
16. Prefácio. Os maus Espíritos somente procuram os lugares onde
encontrem possibilidades de dar expansão à sua perversidade. Para os afastar, não basta pedir-lhes, nem mesmo ordenar-lhes que se vão; é preciso
que o homem elimine de si o que os atrai. Os Espíritos maus farejam as
chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo. Assim como
se limpa o corpo, para evitar a bicheira, também se deve limpar de suas impurezas a alma, para evitar os maus Espíritos. Vivendo num mundo onde
estes pululam, nem sempre as boas qualidades do coração nos põem a salvo
de suas tentativas; dão-nos, entretanto, forças para que lhes resistamos.
17. Prece. – Em nome de Deus Todo-Poderoso, afastem-se de mim
os maus Espíritos, servindo-me os bons de antemural contra eles.
Espíritos malfazejos, que inspirais maus pensamentos aos homens;
Espíritos velhacos e mentirosos, que os enganais; Espíritos zombeteiros,
que vos divertis com a credulidade deles, eu vos repilo com todas as forças
de minha alma e fecho os ouvidos às vossas sugestões; mas imploro para
vós a misericórdia de Deus.
Bons Espíritos que vos dignais de assistir-me, dai-me a força de resistir à influência dos Espíritos maus e as luzes de que necessito para não ser
vítima de suas tramas. Preservai-me do orgulho e da presunção; isentai o
meu coração do ciúme, do ódio, da malevolência, de todo sentimento contrário à caridade, que são outras tantas portas abertas ao Espírito do mal.
Para pedir a corrigenda de um defeito
18. Prefácio. Os nossos maus instintos resultam da imperfeição
do nosso próprio Espírito, e não da nossa organização física; a não ser
assim, o homem se acharia isento de toda espécie de responsabilidade. De
nós depende a nossa melhoria, pois todo aquele que se acha no gozo de
suas faculdades tem, com relação a todas as coisas, a liberdade de fazer ou
de não fazer. Para praticar o bem, de nada mais precisa senão do querer.
(Cap. XV, item 10; cap. XIX, item 12.)
19. Prece. – Deste-me, ó meu Deus, a inteligência necessária a distinguir o que é bem do que é mal. Ora, do momento em que reconheço
que uma coisa é do mal, torno-me culpado, se não me esforçar por lhe
resistir.
Preserva-me do orgulho que me poderia impedir de perceber os meus
defeitos e dos maus Espíritos que me possam incitar a perseverar neles.
Entre as minhas imperfeições, reconheço que sou particularmente
propenso a...; e, se não resisto a esse pendor, é porque contraí o hábito de
a ele ceder.
Não me criaste culpado, pois que és justo, mas com igual aptidão
para o bem e para o mal; se tomei o mau caminho, foi por efeito do meu
livre-arbítrio. Todavia, pela mesma razão que tive a liberdade de fazer o
mal, tenho a de fazer o bem e, conseguintemente, a de mudar de caminho.
Meus atuais defeitos são restos das imperfeições que conservei das
minhas precedentes existências; são o meu pecado original, de que me
posso libertar pela ação da minha vontade e com a ajuda dos Espíritos
bons.
Bons Espíritos que me protegeis, e sobretudo tu, meu anjo da guarda, dai-me forças para resistir às más sugestões e para sair vitorioso da luta.
Os defeitos são barreiras que nos separam de Deus e cada um que
eu suprima será um passo dado na senda do progresso que dele me há de
aproximar.
O Senhor, em sua infinita misericórdia, houve por bem conceder-me
a existência atual, para que servisse ao meu adiantamento. Bons Espíritos, ajudai-me a aproveitá-la, para que me não fique perdida e para que,
quando ao Senhor aprouver ma retirar, eu dela saia melhor do que entrei.
(Cap. V, item 5; cap. XVII, item 3.)
Para pedir a força de resistir a uma tentação
20. Prefácio. Duas origens pode ter qualquer pensamento mau: a
própria imperfeição de nossa alma, ou uma funesta influência que sobre
ela se exerça. Neste último caso, há sempre indício de uma fraqueza que
nos sujeita a receber essa influência; há, por conseguinte, indício de uma
alma imperfeita. De sorte que aquele que venha a falir não poderá invocar
por escusa a influência de um Espírito estranho, visto que esse Espírito não
o teria arrastado ao mal, se o considerasse inacessível à sedução.
Quando surge em nós um mau pensamento, podemos, pois, imaginar um Espírito maléfico a nos atrair para o mal, mas a cuja atração podemos ceder ou resistir, como se se tratara das solicitações de uma pessoa
viva. Devemos, ao mesmo tempo, imaginar que, por seu lado, o nosso
anjo guardião, ou Espírito protetor, combate em nós a má influência e
espera com ansiedade a decisão que tomemos. A nossa hesitação em praticar
o mal é a voz do Espírito bom, a se fazer ouvir pela nossa consciência.
Reconhece-se que um pensamento é mau, quando se afasta da caridade, que constitui a base da verdadeira moral, quando tem por princípio
o orgulho, a vaidade, ou o egoísmo; quando a sua realização pode causar
qualquer prejuízo a outrem; quando, enfim, nos induz a fazer aos outros
o que não quereríamos que nos fizessem. (Cap. XXVIII, item 15; cap. XV,
item 10.)
21. Prece. – Deus Todo-Poderoso, não me deixes sucumbir à tentação que me impele a falir. Espíritos benfazejos, que me protegeis, afastai
de mim este mau pensamento e dai-me a força de resistir à sugestão do
mal. Se eu sucumbir, merecerei expiar a minha falta nesta vida e na outra,
porque tenho a liberdade de escolher.
Ação de graças pela vitória alcançada sobre uma tentação
22. Prefácio. Aquele que resistiu a uma tentação deve-o à assistência dos bons Espíritos, a cuja voz atendeu. Cumpre-lhe agradecê-lo a Deus
e ao seu anjo de guarda.
23. Prece. – Meu Deus, agradeço-te o haveres permitido eu saísse
vitorioso da luta que acabo de sustentar contra o mal. Faze que essa vitória
me dê a força de resistir a novas tentações.
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E a ti, meu anjo guardião, agradeço a assistência com que me valeste. Possa a minha submissão aos teus conselhos granjear-me de novo
a tua proteção!
Para pedir um conselho
24. Prefácio. Quando estamos indecisos sobre o fazer ou não fazer
uma coisa, devemos antes de tudo propor a nós mesmos as questões seguintes:
1ª – Aquilo que eu hesito em fazer pode acarretar qualquer prejuízo a outrem?
2ª – Pode ser proveitoso a alguém?
3ª – Se agissem assim comigo, ficaria eu satisfeito?
Se o que pensamos fazer, somente a nós interessa, lícito nos é pesar as
vantagens e os inconvenientes pessoais que nos possam advir.
Se interessa a outrem e se, resultando em bem para um, redundará
em mal para outro, cumpre, igualmente, pesemos a soma de bem ou de
mal que se produzirá, para nos decidirmos a agir, ou a abster-nos.
Enfim, mesmo se tratando das melhores coisas, importa ainda consideremos a oportunidade e as circunstâncias concomitantes, porquanto
uma coisa boa, em si mesma, pode dar maus resultados em mãos inábeis, se
não for conduzida com prudência e circunspecção. Antes de empreendê-la,
convém consultemos as nossas forças e meios de execução.
Em todos os casos, sempre podemos solicitar a assistência dos nossos Espíritos protetores, lembrados desta sábia advertência: Na dúvida,
abstém-te. (Cap. XXVIII, item 38.)
25. Prece. – Em nome de Deus Todo-Poderoso, inspirai-me, bons
Espíritos que me protegeis, a melhor resolução a ser tomada na incerteza
em que me encontro. Encaminhai meu pensamento para o bem e livrai-me
da influência dos que tentarem transviar-me.
Nas aflições da vida
26. Prefácio. Podemos pedir a Deus favores terrenos e Ele no-los
pode conceder, quando tenham um fim útil e sério. Mas como a utilidade das coisas sempre a julgamos do nosso ponto de vista e como as
nossas vistas se circunscrevem ao presente, nem sempre vemos o lado
mau do que desejamos. Deus, que vê muito melhor do que nós e que só
o nosso bem quer, pode recusar o que peçamos, como um pai nega ao filho o que lhe seja prejudicial. Se não nos é concedido o que pedimos,
não devemos por isso entregar-nos ao desânimo; devemos pensar, ao
contrário, que a privação do que desejamos nos é imposta como prova,
ou como expiação, e que a nossa recompensa será proporcionada à resignação com que a houvermos suportado. (Cap. XXVII, item 6; cap.
II, itens 5 a 7.)
27. Prece. – Deus Onipotente, que vês as nossas misérias, digna-te
de escutar, benevolente, a súplica que neste momento te dirijo. Se é desarrazoado o meu pedido, perdoa-me; se é justo e conveniente segundo as
tuas vistas, que os bons Espíritos, executores das tuas vontades, venham em
meu auxílio para que ele seja satisfeito.
Como quer que seja, meu Deus, faça-se a tua vontade. Se os meus desejos não forem atendidos, é que está nos teus desígnios experimentar-me e
eu me submeto sem me queixar. Faze que por isso nenhum desânimo me assalte e que nem a minha fé nem a minha resignação sofram qualquer abalo.
(Formular o pedido.)
Ação de graças por um favor obtido
28. Prefácio. Não se devem considerar como sucessos ditosos apenas o
que seja de grande importância. Muitas vezes, coisas aparentemente insignificantes são as que mais influem em nosso destino. O homem facilmente esquece o bem, para, de preferência, lembrar-se do que o aflige. Se registrássemos,
dia a dia, os benefícios de que somos objeto, sem os havermos pedido, ficaríamos, com frequência, espantados de termos recebido tantos e tantos que se nos
varreram da memória, e nos sentiríamos humilhados com a nossa ingratidão.
Todas as noites, ao elevarmos a Deus a nossa alma, devemos recordar em
nosso íntimo os favores que Ele nos fez durante o dia e agradecer-lhos. Sobretudo
no momento mesmo em que experimentamos o efeito da sua bondade e da sua
proteção, é que nos cumpre, por um movimento espontâneo, testemunhar-lhe a
nossa gratidão. Basta, para isso, que lhe dirijamos um pensamento, atribuindo-lhe
o benefício, sem que se faça mister interrompamos o nosso trabalho.
Não consistem os benefícios de Deus unicamente em coisas materiais. Devemos também agradecer-lhe as boas ideias, as felizes inspirações
que recebemos. Ao passo que o egoísta atribui tudo isso aos seus méritos
pessoais e o incrédulo ao acaso, aquele que tem fé rende graças a Deus e aos
bons Espíritos. São desnecessárias, para esse efeito, longas frases. “Obrigado, meu Deus, pelo bom pensamento que me foi inspirado”, diz mais do que muitas
palavras. O impulso espontâneo, que nos faz atribuir a Deus o que de bom
nos sucede, dá testemunho de um ato de reconhecimento e de humildade,
que nos granjeia a simpatia dos bons Espíritos. (Cap. XXVII, itens 7 e 8.)
29. Prece. – Deus infinitamente bom, que o teu nome seja bendito
pelos benefícios que me hás concedido. Indigno eu seria, se os atribuísse ao
acaso dos acontecimentos ou ao meu próprio mérito.
Bons Espíritos, que fostes os executores das vontades de Deus, agradeço-vos e especialmente a ti, meu anjo guardião. Afastai de mim a ideia
de orgulhar-me do que recebi e de não o aproveitar somente para o bem.
Agradeço-vos, em particular,...
Ato de submissão e de resignação
30. Prefácio. Quando um motivo de aflição nos advém, se lhe procurarmos a causa, amiúde reconheceremos estar numa imprudência ou
imprevidência nossa, ou, quando não, em um ato anterior. Em qualquer
desses casos, só de nós mesmos nos devemos queixar. Se a causa de um infortúnio independe completamente de qualquer ação nossa, é ou uma prova para a existência atual, ou expiação de falta de uma existência anterior,
caso, este último, em que, pela natureza da expiação, poderemos conhecer
a natureza da falta, visto que somos sempre punidos por aquilo em que
pecamos. (Cap. V, itens 4, 6 e seguintes.)
No que nos aflige, só vemos, em geral, o presente, e não as ulteriores
consequências favoráveis que possa ter a nossa aflição. Muitas vezes, o bem
é a consequência de um mal passageiro, como a cura de uma enfermidade
é o resultado dos meios dolorosos que se empregaram para combatê-la. Em
todos os casos devemos submeter-nos à vontade de Deus, suportar com
coragem as tribulações da vida, se queremos que elas nos sejam levadas em
conta e que se nos possam aplicar estas palavras do Cristo: “Bem-aventurados os que sofrem.” (Cap. V, item 18.)
31. Prece. – Meu Deus, és soberanamente justo; todo sofrimento,
neste mundo, há, pois, de ter a sua causa e a sua utilidade. Aceito a aflição
que acabo de experimentar, como expiação de minhas faltas passadas e
como prova para o futuro.
Bons Espíritos que me protegeis, dai-me forças para suportá-la
sem lamentos. Fazei que ela me seja um aviso salutar; que me acresça a
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experiência; que abata em mim o orgulho, a ambição, a tola vaidade e o
egoísmo, e que contribua assim para o meu adiantamento.
32. (Outra) – Sinto, ó meu Deus, necessidade de te pedir me dês
forças para suportar as provações que te aprouve destinar-me. Permite que
a luz se faça bastante viva em meu espírito, para que eu aprecie toda a
extensão de um amor que me aflige porque me quer salvar. Submeto-me
resignado, ó meu Deus; mas a criatura é tão fraca, que temo sucumbir, se
me não amparares. Não me abandones, Senhor, que sem ti nada posso.
33. (Outra) – A ti dirigi o meu olhar, ó Eterno, e me senti fortalecido. És a minha força, não me abandones. Ó meu Deus, sinto-me esmagado sob o peso das minhas iniquidades. Ajuda-me. Conheces a fraqueza da
minha carne, não desvies de mim o teu olhar!
Ardente sede me devora; faze brotar a fonte da água viva onde eu
me dessedente. Que a minha boca só se abra para te entoar louvores, e não
para soltar queixas nas aflições da minha vida. Sou fraco, Senhor, mas o teu
amor me sustentará.
Ó Eterno, só Tu és grande, só Tu és o fim e o objetivo da minha
vida! Bendito seja o teu nome, se me fazes sofrer, porquanto és o Senhor
e eu o servo infiel. Curvarei a fronte sem me queixar, porquanto só Tu és
grande, só Tu és a meta.
Num perigo iminente
34. Prefácio. Pelos perigos que corremos, Deus nos adverte da nossa fraqueza e da fragilidade da nossa existência. Mostra-nos que entre suas
mãos está a nossa vida e que ela se acha presa por um fio que se pode
romper no momento em que menos o esperamos. Sob esse aspecto, não
há privilégio para ninguém, pois que às mesmas alternativas se encontram
sujeitos assim o grande como o pequeno.
Se examinarmos a natureza e as consequências do perigo, veremos
que estas, as mais das vezes, se se verificassem, teriam sido a punição de
uma falta cometida, ou da falta do cumprimento de um dever.
35. Prece. – Deus Todo-Poderoso, e tu, meu anjo guardião, socorrei-me! Se tenho de sucumbir, que a vontade de Deus se cumpra. Se devo
ser salvo, que o restante da minha vida repare o mal que eu haja feito e
do qual me arrependo.
Ação de graças por haver escapado a um perigo
36. Prefácio. Pelo perigo que tenhamos corrido, mostra-nos Deus
que, de um momento para outro, podemos ser chamados a prestar contas
do modo por que utilizamos a vida. Avisa-nos, assim, que devemos tomar
tento e emendar-nos.
37. Prece. – Meu Deus, meu anjo de guarda, agradeço-vos o socorro
que me proporcionastes no perigo de que estive ameaçado. Seja para mim
um aviso esse perigo e me esclareça sobre as faltas que me hajam colocado
sob a sua ameaça. Compreendo, Senhor, que nas tuas mãos está a minha
vida e que ma podes tirar, quando te apraza. Inspira-me, por intermédio
dos bons Espíritos que me assistem, o propósito de empregar utilmente o
tempo que ainda me concederes de vida neste mundo.
Meu anjo guardião, firma-me na resolução que tomo de reparar os
meus erros e de fazer todo o bem que esteja ao meu alcance, a fim de chegar menos onerado de imperfeições ao mundo dos Espíritos, quando Deus
determine o meu regresso para lá.
À hora de dormir
38. Prefácio. O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o Espírito,
porém, não precisa de repousar. Enquanto os sentidos físicos se acham
entorpecidos, a alma se desprende, em parte, da matéria e entra no gozo
das faculdades do Espírito. O sono foi dado ao homem para reparação das
forças orgânicas e também para a das forças morais. Enquanto o corpo
recupera os elementos que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito vai retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que vê, no que
ouve e nos conselhos que lhe dão, ideias que, ao despertar, lhe surgem em
estado de intuição. É a volta temporária do exilado à sua verdadeira pátria.
É o prisioneiro restituído por momentos à liberdade.
Como se dá com o presidiário perverso, acontece que nem sempre
o Espírito aproveita dessa hora de liberdade para seu adiantamento. Se
conserva instintos maus, em vez de procurar a companhia de Espíritos
bons, busca a de seus iguais e vai visitar os lugares onde possa dar livre
curso aos seus pendores.
Eleve, pois, aquele que se ache compenetrado desta verdade, o seu
pensamento a Deus, quando sinta aproximar-se o sono, e peça o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja memória lhe seja cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes de liberdade que lhe são
concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á mais forte contra o mal, mais corajoso diante da adversidade.
39. Prece. – Minha alma vai estar por alguns instantes com os
outros Espíritos. Venham os bons ajudar-me com seus conselhos. Faze,
meu anjo guardião, que, ao despertar, eu conserve durável e salutar
impressão desse convívio.
Prevendo próxima a morte
40. Prefácio. A fé no futuro, a orientação do pensamento, durante a
vida, para os destinos vindouros, favorecem e aceleram o desligamento do
Espírito, por enfraquecerem os laços que o prendem ao corpo, tanto que,
frequentemente, a vida corpórea ainda se não extinguiu de todo, e a alma,
impaciente, já alçou o voo para a imensidade. Ao contrário, no homem
que concentra nas coisas materiais todos os seus cuidados, aqueles laços
são mais tenazes, penosa e dolorosa é a separação e cheio de perturbação e
ansiedade o despertar no além-túmulo.
41. Prece. – Meu Deus, creio em ti e na tua bondade infinita e, por
isso mesmo, não posso crer hajas dado ao homem a inteligência, que lhe
faculta conhecer-te, e a aspiração pelo futuro, para o mergulhares no nada.
Creio que o meu corpo é apenas o envoltório perecível de minha alma
e que, quando eu tenha deixado de viver, acordarei no mundo dos Espíritos.
Deus Todo-Poderoso, sinto se rompem os laços que me prendem a
alma ao corpo e que dentro em pouco irei prestar contas do uso que fiz
da vida que me foge.
Vou experimentar as consequências do bem e do mal que pratiquei. Lá não haverá ilusões, nem subterfúgios possíveis. Diante de mim
vai desenrolar-se todo o meu passado e serei julgado segundo as minhas
obras.
Nada levarei dos bens da Terra. Honras, riquezas, satisfações da
vaidade e do orgulho, tudo, enfim, que é peculiar ao corpo permanecerá neste mundo. Nem a mais mínima parcela de todas essas coisas me
acompanhará, nem me será de utilidade alguma no mundo dos Espíritos.
Apenas levarei comigo o que pertence à alma, isto é, as boas e as más qualidades, para serem pesadas na balança da mais rigorosa justiça. E tanto
maior severidade haverá no meu julgamento, quanto maior número de ocasiões para fazer o bem, que não fiz, me tenha proporcionado a posição
que ocupei na Terra. (Cap. XVI, item 9.)
Deus de misericórdia, que o meu arrependimento te chegue aos pés!
Digna-te de lançar sobre mim o manto da tua indulgência.
Se te aprouver prolongar a minha existência, seja esse prolongamento empregado em reparar, tanto quanto em mim esteja, o mal que eu tenha
praticado.
Se soou, sem dilação possível, a minha hora, levo comigo o
consolador pensamento de que me será permitido redimir-me, por meio
de novas provas, a fim de merecer um dia a felicidade dos eleitos.
Se não me for dado gozar imediatamente dessa felicidade sem mescla, partilha tão só do justo por excelência, sei que me não é defesa para
sempre a esperança e que, pelo trabalho, alcançarei o fim, mais tarde ou
mais cedo, conforme os meus esforços.
Sei que próximos de mim, para me receberem, estão Espíritos bons
e o meu anjo de guarda, aos quais dentro em pouco verei, como eles me
veem. Sei que, se o tiver merecido, encontrarei de novo aqueles a quem amei
na Terra e que aqueles que aqui deixo irão juntar-se a mim, que um dia
estaremos todos reunidos para sempre e que, enquanto esse dia não chegar,
poderei vir visitá-los.
Sei também que vou encontrar aqueles a quem ofendi. Possam
eles perdoar-me o que tenham a reprochar-me: o meu orgulho, a minha dureza, minhas injustiças, a fim de que a presença deles não me
acabrunhe de vergonha!
Perdoo aos que me tenham feito ou querido fazer mal; nenhum rancor contra eles alimento e peço-te, meu Deus, que lhes perdoes.
Senhor, dá-me forças para deixar sem pena os prazeres grosseiros
deste mundo, que nada são em confronto com as alegrias sãs e puras do
mundo em que vou penetrar e onde, para o justo, não há mais tormentos,
nem sofrimentos, nem misérias, onde somente o culpado sofre, mas tendo
a confortá-lo a esperança.
A vós, bons Espíritos, e a ti, meu anjo guardião, suplico que me não
deixeis falir neste momento supremo. Fazei que a Luz divina brilhe aos
meus olhos, a fim de que a minha fé se reanime, se vier a abalar-se.
Nota – Veja-se, adiante, o parágrafo V: “Preces pelos doentes e obsidiados