17/04/2020

Olá!

Segue nosso estudo de sexta-feira às 19 hs.
Livro Ação e Reação - Capítulo 13 - Débito Estacionário




Leitura inicial:
Privilégios Cristãos

Manter suprema fidelidade a Deus.
Olvidar os próprios desejos, atendendo aos Superiores Desígnios.
Humilhar-se para que a mão do Senhor seja exaltada.
Conquistar a si mesmo.
Renunciar com alegria, em beneficio dos outros.
Retirar lucros eternos de perdas temporárias.
Trabalhar na construção do Reino Divino.
Esperar quando outros desesperam.
Penetrar o templo do silêncio, em meio do vozerio.
Guardar a fé, acima da tormenta de dúvidas.
Calar a tempo, de modo a não ferir.
Falar com proveito.
Ouvir o Divino Amigo em plena solidão.
Servir sem recompensa.
Suportar com valor a própria cruz.
Sofrer, aprendendo e aproveitando.
Amar sem exigências.
Ajudar em segredo.
Semear com o Cristo, desapegando-nos dos resultados.
Encontrar irmãos em toda parte.
Cultivar o prazer de ser útil.
Discernir o justo valor das causas e das coisas.
Amparar com sinceridade os que erram.
Perdoar quantas vezes for necessário.
Superar os obstáculos.
Conservar a jovialidade e a doçura.
Sustentar o bom ânimo.
Desprender-se dos enganos do mundo, antes que o mundo nos desengane.
Perseverar no bem até ao fim.

Fonte: Livro: Agenda Cristã / André Luiz & Francisco Cândido Xavier

Trecho do livro Ação e Reação:

Prosseguimos administrando fraterno auxílio ao lar de Marina, incluindo a assistência ao companheiro que o nosocômio ainda acolhia, encontrando excelentes oportunidades de estudo e observação.
Conclusões e apontamentos felicitavam-nos a cada passo.
Tarefas e excursões cobriam-se de êxito desejável, quando, certa noite, no parlatório, foi Silas procurado por um companheiro aflito, que avisou, atencioso:
- Assistente, nossa irmã Poliana parece vergar, em definitivo, ao peso da imensa prova.
- Revoltada? - indagou nosso amigo com inflexão de paciência e bondade.
- Não - aclarou o interpelado. - Nossa irmã está enferma e o equilíbrio orgânico declina de hora a hora... Apesar disso vem lutando heroicamente para conservar-se ao pé do filho infeliz.
Silas refletiu por momentos rápidos e falou resoluto:
- É imperioso agir sem demora.
E, qual acontecera em circunstâncias anteriores, utilizamos a volitação para lograr mais tempo.
A breves minutos, achávamo-nos em paisagem rural pobre e triste. Num casebre, totalmente exposto à ventania noturna, infortunada mulher jazia enrolada em farrapos, numa esteira de palha ao rés do solo e, a poucos metros, mísero anão paralítico exibia o semblante alvar.
Reconhecia-se-lhe, de pronto, a idiotia completa, sob a vigilância da enferma desditosa, que o fitava entre a aflição e o desencanto.
Abarcando-os com o olhar, nosso condutor informou solícito:
- Temos aqui nossa irmã Poliana e Sabino, o filho desventurado que o Poder Celeste lhe confiou. Espiritualmente, são ambos tutelados da Mansão, em pedregoso caminho de reajuste.
Entretanto, o generoso amigo parecia mais interessado na assistência prática que na obra informativa.
Inclinando-se, atento, para a desventurada mulher, auscultou-lhe o tórax, explicando algo inquieto:
- Caso urgente.
E, convidados ao concurso imediato, associamo-nos à minuciosa pesquisa, observando que o coração da enferma apresentava alarmante arritmia, figurando-se-nos agitado prisioneiro a emaranhar-se nas artérias estreitadas em estranhas calcificações.
Examinando aquele atormentado quadro circulatório, o Assistente informou:
- Os vasos enfraquecidos do miocárdio ameaçam ruptura próxima, porquanto a doente se encontra na tensão de angústia extrema. A parada súbita do órgão central pode ocorrer de um instante para outro.
Assim dizendo, relanceou o olhar sobre o homem-criança, estirado a dois passos, e acrescentou:
- Entretanto, Poliana precisa mais tempo no corpo, de vez que o filho não lhe dispensa os cuidados. Acham-se não apenas jungidos à mesma prova, mas imanizados ao mesmo clima fluídico, reciprocamente alimentados pelas forças que exteriorizam, no campo da afinidade pura. Dessa maneira, a desencarnação da genitora repercutiria mortalmente sobre o filho, cuja existência, no estágio de segregação em que se encontra, gravita, invariável, em derredor da carícia materna. Aflitiva expectação caiu sobre nós.
Silas como que buscava, na choça desguarnecida de tudo, algo que pudesse funcionar à guisa de socorro, todavia, somente velho cântaro ali guardava pequena porção dágua.
O Assistente comunicou-nos que a enferma reclamava medicação imediata, considerando, porém, que naquela hora da noite não era fácil trazer algum companheiro encarnado ao sítio deserto, nem dispúnhamos, ali, de recursos quaisquer.
Ainda assim, vimo-lo aplicar-lhe passes à glote, com desvelada atenção.
Logo após, administrou recursos fluídicos à linfa pura.
Compreendemos que Silas ativara a sede na doente, constrangendo-a a servir-se da água simples então convertida em liquido medicamentoso.
Despendendo enorme esforço, Poliana abandonou o leito e buscou o pote humilde.
Após beber ligeiros goles, asserenou as próprias ânsias, qual se houvera sorvido valiosa poção calmante.
As preocupações obcecantes da hora em curso cederam lugar à bonança de espírito.
Foi assim que o diretor de nossa excursão, acariciando-lhe a fronte, pendida nos molambos a se agregarem por travesseiro, transmitia-lhe forças revigorantes.
Decorridos alguns minutos, Poliana mostrava-se plenamente fora do vaso físico, mas sem a necessária lucidez espiritual para identificarnos a presença. Contudo, subordinada ao comando magnético de Silas, ergueu-se automaticamente. Enlaçada por ele e seguidos ambos por nós, demandamos bosque vizinho.
Longe de perceber-se sob a assistência carinhosa de que era objeto, a enferma ausente do corpo de carne, como num sonho consolador, foi convenientemente acomodada por Silas no tapete de relva macia, sentindo-se calma e leve...
Finda essa operação, o Assistente convocou-nos à prece e, levantando o olhar para o firmamento faiscante de estrelas, rogou compungidamente:
- "Pai de Infinita Bondade, Tu que dás provimento às necessidades do verme aparentemente esquecido no ventre do solo, que vestes a flor anônima, perfumando-lhe a contextura, muitas vezes sobre a lama do charco, desce compassivo olhar sobre nós, que nos tresmalhamos a distância de Teu amor!.
"Em particular, Pai Justo, compadece-Te de nossa Poliana, vencida!...
"Ela não é mais, Senhor, a mulher sequiosa de aventura e de ouro, disposta a lançar lodo e treva no caminho dos semelhantes, mas sim pobre mãe fatigada, reclamando novas forças para a renúncia! não é mais a moça vaidosa que tripudiava nos tormentos do próximo, mas triste mendiga, anulada para o trabalho, que soluça de porta em porta, esmolando o pão com que deve sustentar o torturado filho de sua dor e nutrir a própria vida.
"Õ Pai, não a deixes perder agora a benção do corpo, na senda redentora onde se arrasta!
"Acrescenta-lhe os recursos para que não interrompa a experiência sublime em que se localiza...
"Tu que nos deste, pelo Cristo, a divina revelação do sofrimento, como sendo o roteiro de nossa recondução para os Teus braços, ajuda-a a refazer as energias aniquiladas, a fim de que não pereça antes de encontrar a nova luz que lhe aguarda o coração para a subida à Glória Eterna!...

A voz de Silas, tocada de profunda fé, arrebatava-nos ao pranto insofreável.
Azulíneas cintilações nimbavam-lhe a cabeça e, como resposta do Alto, ali, na selvagem floração do bosque ermo, vimos, ao longe, cinco flamas, em pontos diferentes do Espaço, que se aproximavam de nós, celeremente...
Renteando conosco, transfiguraram-se em companheiros que nos saudaram regozijantes.
Em rápidos minutos, energias imponderáveis da Natureza, associadas aos fluidos de plantas medicinais, foram trazidas à nossa enferma, que as inalava a longos sorvos, e, em tempo breve, vimos Poliana surpreendentemente refeita, pronta a retomar o envoltório para a necessária restauração.
- Ricos da Terra - pensei com lágrimas -, onde o poder das vossas arcas abarrotadas de ouro, ante a simples fulguração de uma prece? Onde a grandeza de vossos palácios, recheados de fausto e pedraria, confrontada com um simples minuto de reverência da alma, em comunhão com a Paternidade de Deus, na majestade do Céu? 
Incapaz de raciocinar por si, quanto à metamorfose experimentada, por força das inibições que sofria na provação temporária, a doente não conseguia ver-nos, mas sorria, venturosa, sentindo-se mais robusta e mais ágil.
Novamente amparada, regressou ao tugúrio infecto e auxiliamo-la a retomar a cápsula física.
Enquanto descerrava os olhos, reconfortada, Silas esclareceu:
- As melhoras adquiridas pela organização perispirítica serão apressadamente assimiladas pelas células do equipamento fisiológico.
E acentuou:
- Sabem os médicos terrenos que o sono é um dos ministros mais eficientes da cura. É que, ausente do corpo, muitas vezes consegue a alma prover-se de recursos prodigiosos para a recuperação do veículo carnal em que estagia no mundo.
Após a elucidação, afagou os cabelos grisalhos da pobre doente e prometeu-lhe em voz alta:
- Descanse. Quando o dia ressurgir, nossos companheiros trarão até aqui o socorro da caridade fraternal, valendo-se de algum samaritano das redondezas...   Permitirá o Senhor que você continue...
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