10/04/2020

Olá!

Segue nosso estudo de sexta-feira às 19 hs.
Livro Ação e Reação - Capítulo 12 - Dívida Agravada



Leitura inicial:

Medicamentos Evangélicos

Ajude sempre. 
Não tema. 
Jamais desespere. 
Aprenda incessantemente. 
Pense muito. 
Medite mais. 
Fale pouco. 
Retifique, amando. 
Trabalhe feliz. 
Dirija, equilibrado. 
Obedeça, contente. 
Não se queixe. 
Siga adiante. 
Repare além. 
Veja longe. 
Discuta serenamente. 
Faça luz. 
Semeie paz. 
Espalhe bênçãos. 
Lute, elevando. 
Seja alegre. 
Viva desassombrado. 
Demonstre coragem. 
Revele calma.
 Respeite tudo. 
Ore, confiante. 
Vigie, benevolente.
 Caminhe, melhorando. 
Sirva hoje. 
Espere o amanhã. 

Fonte: Livro Agenda Cristã, Francisco Candido Xavier, pelo Espirito Andre Luiz


Trecho do livro Ação e Reação:

" ...Zilda notou a modificação do rapaz, mas procurava desculpar-lhe a indiferença à conta de cansaço no trabalho e dificuldades na vida familiar. Todavia, em faltando apenas duas semanas para a realização do consórcio, surpreende-se a pobrezinha com a inesperada e aflitiva confissão... Jorge expõe-lhe a chaga que lhe excrucia o mundo interior... Não lhe nega admiração e carinho, mas desde muito reconhece que somente Marina deve ser-lhe a companheira no lar. A noiva preterida sufoca o pavoroso desapontamento que a subjuga e, aparentemente, não se revolta. Mas, introvertida e desesperada, consegue na mesma noite do entendimento a dose de formicida com que põe termo à existência física. Alucinada de dor, Zilda desencarnada foi recolhida por nossa irmã Luísa, que já se achava antes dela em nosso mundo, admitida na Mansão pelos méritos maternais. A genitora desditosa rogou o amparo de nossos Maiores. Na posição de mãe, apiedava-se de ambas as jovens, de vez que a filha traidora, aos seus olhos, era mais infeliz que a filha escarnecida, embora esta última houvesse adquirido o grave débito dos suicidas, em seu caso atenuado pela alienação mental em que a moça se vira, sentenciada sem razão a inqualificável abandono... Examinado o assunto, carinhosamente, pelo Ministro Sânzio, que conhecemos pessoalmente, determinou ele que Marina fosse considerada devedora em conta agravada por ela mesma. E, logo após a decisão, providenciou a fim de que Zilda fosse recambiada ao lar para receber aí os cuidados merecidos. Marina falhara na prova de renúncia em favor da irmã que lhe era credora generosa, mas condenara-se ao sacrifício pela mesma irmãzinha, agora imposta pelo aresto da Lei ao seu convívio, na situação de filha terrivelmente sofredora e imensamente amada. Foi assim que Jorge e Marina, livres, casaram-se, recolhendo da Terra a comunhão afetiva pela qual suspiravam; entretanto, dois anos após o enlace, receberam Zilda em rendado berço, como filhinha estremecida. Mas... desde os primeiros meses do rebento adorado, identificaram-lhe a dolorosa prova. Zilda, hoje chamada Nilda, nasceu surda-muda e mentalmente retardada, em conseqüência do trauma perispirítico experimentado na morte por envenenamento voluntário. Inconsciente e atormentada nos refolhos do ser pelas recordações asfixiantes do passado recente, chora quase que dia e noite... Quanto mais sofre, porém, mais ampla ternura recolhe dos pais que a amam com extremados desvelos de compaixão e carinho... A vida corria-lhes regularmente, não obstante atribulada pelas provas naturais do roteiro, quando, há meses, Jorge foi apartado para o leprosário, onde se encontra em tratamento. Desde então, entre o esposo doente e a filhinha infeliz, Marina, em seu débito agravado, padece o abatimento em que a encontramos, martelada igualmente pela tentação do suicídio. 
Silenciou o Assistente. 
Achávamo-nos, eu e Hilário, assombrados e comovidos. O problema era doloroso do ponto de vista humano, contudo encerrava precioso ensinamento da Justiça Divina. 
Silas acariciou a moça prostrada e acentuou: – Auxiliar-nos-á o Senhor para que se recupere e reanime. 
Nesse instante, a irmã Luísa penetrou no recinto, entre deprimida e ansiosa. Inteirou-se de todas as ocorrências e agradeceu, enxugando as lágrimas. Silas, no entanto, interessado em conduzir 
o socorro até ao fim, administrou novos recursos magnéticos à mãezinha debilitada, e então presenciamos um quadro inesquecível. 
Marina ergueu-se em Espírito sobre o corpo somático e pousou em nós o olhar vago e inexpressivo... Nosso diretor, porém, como a despertar-lhe as percepções do Espírito, afagou-lhe as pupilas, com as mãos aureoladas de fluidos luminescentes e, de repente, à maneira do cego que retorna à visão, a pobre criatura viu a genitora que lhe estendia os braços amigos e carinhosos. Com lágrimas a lhe correrem dos olhos, refugiou-se-lhe no regaço, gritando de alegria: 
– Mãe! minha mãe!... pois és tu? 
Luísa acolheu-a docemente no colo afetuoso, qual se o fizesse a uma criança doente e, mal reprimindo a emoção, falou-lhe, triste: 
– Sim, filha querida, sou eu, tua mãe!... Rendamos graças a Deus por este minuto de entendimento.
E, beijando-a ternamente, embora aflita, continuou: 
– Por que o desânimo, quando a luta apenas começa? Ignoras que a dor é a nossa custódia celestial? que seria de nós, Marina, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem? Regozija-te no combate que nos acrisola e salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o veneno de nossos erros em remédio salutar para o resgate de nossas culpas... A enfermidade de nosso Jorge e a provação de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido... 
Que fizeste do brio de mulher e do devotamento de mãe? Olvidaste o culto da oração que o lar te ensinou? Enganaste-te, assim tanto, para abraçar a covardia como glória moral? Ainda é tempo!... Levanta-te, desperta, luta e vive!... Vive para recuperar a dignidade feminina que tisnaste com a nódoa da traição... Recorda a irmãzinha que partiu, acabrunhada ao peso do fardo de aflição que lhe impuseste, e paga em desvelo e sacrifício, ao pé da filhinha doente, a conta que deves à Eterna Justiça!... Humilha-te e resgata a própria consciência, com o preço da expiação dolorosa, mas justa... Trabalha e serve, esperando em Jesus, porque o Divino Médico te restituirá a saúde do esposo, para que, juntos, possamos conduzir a pequenina enferma ao porto da necessária restauração. Não penses estar sozinha, nas longas e ermas noites em que te divides entre a vigília e a desolação!... Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos as mesmas lutas!... Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionem longos dias de angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te ama!... 
Calou-se Luísa, pois que singultos incessantes lhe abafaram a voz. Marina, agora ajoelhada e lacrimosa, osculava-lhe as mãos, clamando em súplica:
– Mãe querida, perdoa-me! perdoa-me!... 
Luísa ergueu-a com esforço e, dando-nos idéia dos calvários maternais que costumam prender as grandes mulheres, depois da morte, conduziu-a em passos vacilantes até à criança enferma e, acarinhando a fronte da pequenina, empapada de suor, implorou, humilde: 
– Filha querida, não procures a porta falsa da deserção... Vive para tua filhinha, como permite o Senhor possa eu continuar vivendo por ti!... 
A moça, renovada, rojou-se sobre a menina triste, mas, como se a emotividade daquela hora lhe sufocasse a mente desperta, foi repentinamente atraída pelo corpo de carne, como o grânulo de ferro pelo ímã, e vimo-la acordar, em pranto copioso, bradando, inconsciente: 
– Minha filha!... minha filha!... 
O Assistente, respeitoso, despediu-se de Luísa e afirmou: – Louvado seja Deus! Nossa Marina ressurge, transformada. 
Afastamo-nos sem palavras. 
Lá fora, no céu, nuvens distantes coroavam-se de luz aos clarões purpúreos da aurora e, de alma embriagada de reconhecimento e esperança, meditei na Infinita Bondade de Deus, que faz raiar, depois de cada noite, a bênção de novo dia.