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Segue nosso estudo de sábado às 10 h
O Céu e o Inferno
Livro: Dimensões
da Verdade - Cap. 1
Joanna
de Ângelis & Divaldo P. Franco
Leitura Inicial
Necessidade da caridade, segundo Paulo
7. De tal modo compreendeu Paulo essa grande verdade,
que disse:
Quando mesmo eu tivesse a linguagem dos anjos; quando
tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios; quando tivesse
toda a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver
caridade, nada sou. Dentre estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade,
a mais excelente é a caridade.
Coloca assim, sem equívoco, a caridade acima até da fé. É
que a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do sábio, do
rico, como do pobre, e independe de qualquer crença particular.
Faz mais: define a verdadeira caridade, mostra-a não só na
beneficência, como também no conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade
e na benevolência para com o próximo.
“O Evangelho segundo
o Espiritismo” - Allan Kardec
Capítulo XV - Fora
da caridade não há salvação
Trecho do estudo:
O Céu e o Inferno
Livro: Dimensões
da Verdade - Cap. 1
Joanna
de Ângelis & Divaldo P. Franco
"Assim
também não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos
se perca." - Mateus, 18:14
As religiões que se derivaram
do Cristianismo, no grande afã de aliciarem ovelhas para os seus rebanhos, de
tal modo se preocuparam com a parte imediata da vida, que criaram um deus antropomórfico
para lhes atender às exigências, estabelecendo diretrizes em torno da Justiça Divina,
como se estivessem em condições de examinar, definir e difundir em padrões
fixos a Excelsa sabedoria a manifestar-se em incomparável amor em todas as suas
representações.
Assim surgiram as
conceituações sobre o céu e o inferno com as características eternas...
Concomitantemente
apresentaram as fórmulas ingênuas e simplistas através das quais se poderia
evitar um e conseguir outro, mediante processos, aliás condicentes àqueles que firmaram,
em definitivo, os padrões da Soberana Justiça de Deus, em manifestações de
culto externo e apresentações simbólicas, tendo em vista somente a forma.
Para o adepto do
Romanismo, por exemplo, a aceitação tácita, embora consciente, dos dogmas da
Igreja e a submissão a eles, equivale a um salvo-conduto de fácil aquisição
para repouso no Paraíso...
Para os crentes das
diversas igrejas da Reforma Protestante a fé, acompanhada de arrependimento, ao
som dos recitativos bíblicos, constitui passaporte valioso para o Jardim de
Eternas Bênçãos...
E lamentável é que alguns
espiritistas pouco afeiçoados ao estudo e conhecimento do Espiritismo, nos
moldes em que apresentou Allan Kardec, a suposição de que a frequência a um
Centro Espírita, o uso da água fluidificada e a recepção de passes, constituem bilhete
de segurança para a viagem de além-túmulo, onde os aguardam Espíritos de Luz
para conduzi-los às Regiões Inefáveis da Imortalidade.
Felizmente o
Missionário lionês desde o princípio da Codificação Espiritista elegeu a
Caridade como a base sobre a qual se levanta o edifício da felicidade e, ao
mesmo tempo, consignou como normativas de segurança o Trabalho, a Solidariedade
e a Tolerância, numa admirável síntese dos ensinos evangélicos.
Não há como negar a
existência de regiões de sofrimento, que variam no infinito, para os espíritos
culpados e irresponsáveis que habitaram a Terra, tanto quanto locais de repouso
temporário e refazimento para os que edificaram o bem e a moral no próprio imo.
Enxameiam, desde a
Terra, os redutos de aflição corretiva e províncias de dor reparadora,
ensejando aos trânsfugas do dever oportunidade de expungir, meditar, formular
propósito de retificação para novo berço, na carne, onde completarão o aprendizado
evolutivo, com a paz de consciência ante os que foram afligidos e atormentados
por sua incúria ou maldade.
Da mesma forma se
multiplicam estâncias de trabalho e edificação, onde o amor não repousa nem a
felicidade se transforma em parasito, convidando o espírito ao retorno à retaguarda
para levantar e conduzir os que se demoram nos charcos da aflição punitiva...
A Divina Justiça
dispõe de mil processos para manifestar o Amor de Nosso Pai.
Trabalho
desinteressado em favor do próximo, aprendizado contínuo, oração ativa,
vigilância na romagem, exercícios de paciência e humildade, amor sempre, eis
alguns dos recursos valiosos que o cristão não pode relegar a plano secundário.
Se alguém te ofende,
ferindo os teus sentimentos, enfloresce teu coração com o amor e perdoa.
Se alguém se diz por
ti ofendido, apresentando mágoas, reclama teu pensamento de luzes em forma de
entendimento e solicita que te perdoe.
Não adies a
oportunidade de desculpar nem atrases o momento de pedir desculpas.
A carne é oportunidade
sublime... e breve - passa mui rapidamente.
Depois da aduana em
que o corpo se consome em cinza e lama a consciência desperta cintilante e
lúcida azorragando ou abençoando e, só então, se pode ter ideia do valor de um
minuto gasto na tarefa-bondade ou de um momento na sementeira aversão.
Se desejas o céu da
consciência tranquila em porto de luz, envolve-te na lã do Cordeiro de Deus e
alcatifa tua senda com os dosséis da humildade, do amor e da caridade, seguindo
imperturbável até à hora da desencarnação.
Tendo, todavia, embora
as tuas melhores intenções, remordimentos íntimos, para, medita e, antes de
fazer a oferenda, no altar, consoante o ensinamento evangélico, vai fazer as
pazes com o teu adversário amando-o como a um irmão.
É preferível seres tu
quem ama e perdoa, a carregares a chaga odienta do remorso, por ter perdido a
oportunidade de tranquilizar alguém, hoje em sofrimento por tua causa, por
falta do acolhimento fraterno que lhe negaste.
* * *
Embora ignorado pelos
mais amados companheiros, à hora do testemunho, Jesus perseverou amando... e Allan
Kardec, dez anos depois da publicação de "O Livro dos Espíritos",
fazendo um balanço da vida, anotou apontamentos particulares:
"... Andei em luta
com o ódio de inimigos encarniçados, com a injúria, a calúnia, a inveja e o ciúme;
libelos infames se publicaram contra mim; as minhas melhores instruções foram
falseadas; traíram-me aqueles em quem eu mais confiança depositava, pagaram-me
com a ingratidão aqueles a quem prestei serviços...
Nunca mais me foi dado
saber o que é o repouso; mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive
abalada a saúde e comprometida a existência... Mas, também, a par dessas
vicissitudes, que de satisfações experimentei, vendo a obra crescer de maneira
tão prodigiosa! Com que compensações deliciosas foram pagas as minhas
tribulações! Que de bênçãos e de provas de real simpatia recebi da parte de
muitos aflitos a quem a Doutrina consolou!...
Quando me sobrevinha
uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima
da Humanidade e me colocava antecipadamente na região dos Espíritos e desse ponto
culminante, donde divisava o da minha chegada, as misérias da vida deslizavam
por sobre mim sem me atingirem.
Tão habitual se me
tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me
perturbaram" (*).
O céu ou o inferno,
são, pois estados de consciências.
(*)
"Obras Póstumas" - Edição da F.E.B., páginas 254/5. Nota da Autora
Espiritual.