04/07/2020

O Céu e o Inferno

Olá!

Segue nosso estudo de sábado às 10 h

O Céu e o Inferno

 Livro: Dimensões da Verdade - Cap. 1
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco





Leitura Inicial


Necessidade da caridade, segundo Paulo

7. De tal modo compreendeu Paulo essa grande verdade, que disse:

Quando mesmo eu tivesse a linguagem dos anjos; quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios; quando tivesse toda a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Dentre estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, a mais excelente é a caridade.

Coloca assim, sem equívoco, a caridade acima até da fé. É que a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do sábio, do rico, como do pobre, e independe de qualquer crença particular.

Faz mais: define a verdadeira caridade, mostra-a não só na beneficência, como também no conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade e na benevolência para com o próximo.

“O Evangelho segundo o Espiritismo” - Allan Kardec
Capítulo XV - Fora da caridade não há salvação



Trecho do estudo:


O Céu e o Inferno

Livro: Dimensões da Verdade - Cap. 1
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco


                                   "Assim também não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca." - Mateus, 18:14


As religiões que se derivaram do Cristianismo, no grande afã de aliciarem ovelhas para os seus rebanhos, de tal modo se preocuparam com a parte imediata da vida, que criaram um deus antropomórfico para lhes atender às exigências, estabelecendo diretrizes em torno da Justiça Divina, como se estivessem em condições de examinar, definir e difundir em padrões fixos a Excelsa sabedoria a manifestar-se em incomparável amor em todas as suas representações.

Assim surgiram as conceituações sobre o céu e o inferno com as características eternas...

Concomitantemente apresentaram as fórmulas ingênuas e simplistas através das quais se poderia evitar um e conseguir outro, mediante processos, aliás condicentes àqueles que firmaram, em definitivo, os padrões da Soberana Justiça de Deus, em manifestações de culto externo e apresentações simbólicas, tendo em vista somente a forma.

Para o adepto do Romanismo, por exemplo, a aceitação tácita, embora consciente, dos dogmas da Igreja e a submissão a eles, equivale a um salvo-conduto de fácil aquisição para repouso no Paraíso...

Para os crentes das diversas igrejas da Reforma Protestante a fé, acompanhada de arrependimento, ao som dos recitativos bíblicos, constitui passaporte valioso para o Jardim de Eternas Bênçãos...

E lamentável é que alguns espiritistas pouco afeiçoados ao estudo e conhecimento do Espiritismo, nos moldes em que apresentou Allan Kardec, a suposição de que a frequência a um Centro Espírita, o uso da água fluidificada e a recepção de passes, constituem bilhete de segurança para a viagem de além-túmulo, onde os aguardam Espíritos de Luz para conduzi-los às Regiões Inefáveis da Imortalidade.

Felizmente o Missionário lionês desde o princípio da Codificação Espiritista elegeu a Caridade como a base sobre a qual se levanta o edifício da felicidade e, ao mesmo tempo, consignou como normativas de segurança o Trabalho, a Solidariedade e a Tolerância, numa admirável síntese dos ensinos evangélicos.

Não há como negar a existência de regiões de sofrimento, que variam no infinito, para os espíritos culpados e irresponsáveis que habitaram a Terra, tanto quanto locais de repouso temporário e refazimento para os que edificaram o bem e a moral no próprio imo.

Enxameiam, desde a Terra, os redutos de aflição corretiva e províncias de dor reparadora, ensejando aos trânsfugas do dever oportunidade de expungir, meditar, formular propósito de retificação para novo berço, na carne, onde completarão o aprendizado evolutivo, com a paz de consciência ante os que foram afligidos e atormentados por sua incúria ou maldade.

Da mesma forma se multiplicam estâncias de trabalho e edificação, onde o amor não repousa nem a felicidade se transforma em parasito, convidando o espírito ao retorno à retaguarda para levantar e conduzir os que se demoram nos charcos da aflição punitiva...

A Divina Justiça dispõe de mil processos para manifestar o Amor de Nosso Pai.

Trabalho desinteressado em favor do próximo, aprendizado contínuo, oração ativa, vigilância na romagem, exercícios de paciência e humildade, amor sempre, eis alguns dos recursos valiosos que o cristão não pode relegar a plano secundário.

Se alguém te ofende, ferindo os teus sentimentos, enfloresce teu coração com o amor e perdoa.

Se alguém se diz por ti ofendido, apresentando mágoas, reclama teu pensamento de luzes em forma de entendimento e solicita que te perdoe.

Não adies a oportunidade de desculpar nem atrases o momento de pedir desculpas.

A carne é oportunidade sublime... e breve - passa mui rapidamente.

Depois da aduana em que o corpo se consome em cinza e lama a consciência desperta cintilante e lúcida azorragando ou abençoando e, só então, se pode ter ideia do valor de um minuto gasto na tarefa-bondade ou de um momento na sementeira aversão.

Se desejas o céu da consciência tranquila em porto de luz, envolve-te na lã do Cordeiro de Deus e alcatifa tua senda com os dosséis da humildade, do amor e da caridade, seguindo imperturbável até à hora da desencarnação.

Tendo, todavia, embora as tuas melhores intenções, remordimentos íntimos, para, medita e, antes de fazer a oferenda, no altar, consoante o ensinamento evangélico, vai fazer as pazes com o teu adversário amando-o como a um irmão.

É preferível seres tu quem ama e perdoa, a carregares a chaga odienta do remorso, por ter perdido a oportunidade de tranquilizar alguém, hoje em sofrimento por tua causa, por falta do acolhimento fraterno que lhe negaste.

* * *

Embora ignorado pelos mais amados companheiros, à hora do testemunho, Jesus perseverou amando... e Allan Kardec, dez anos depois da publicação de "O Livro dos Espíritos", fazendo um balanço da vida, anotou apontamentos particulares:

"... Andei em luta com o ódio de inimigos encarniçados, com a injúria, a calúnia, a inveja e o ciúme; libelos infames se publicaram contra mim; as minhas melhores instruções foram falseadas; traíram-me aqueles em quem eu mais confiança depositava, pagaram-me com a ingratidão aqueles a quem prestei serviços...

Nunca mais me foi dado saber o que é o repouso; mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive abalada a saúde e comprometida a existência... Mas, também, a par dessas vicissitudes, que de satisfações experimentei, vendo a obra crescer de maneira tão prodigiosa! Com que compensações deliciosas foram pagas as minhas tribulações! Que de bênçãos e de provas de real simpatia recebi da parte de muitos aflitos a quem a Doutrina consolou!...

Quando me sobrevinha uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima da Humanidade e me colocava antecipadamente na região dos Espíritos e desse ponto culminante, donde divisava o da minha chegada, as misérias da vida deslizavam por sobre mim sem me atingirem.

Tão habitual se me tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me perturbaram" (*).

O céu ou o inferno, são, pois estados de consciências.


(*) "Obras Póstumas" - Edição da F.E.B., páginas 254/5. Nota da Autora Espiritual.