16/07/2020

          Olá amigos!
Ouçam abaixo o trecho do livro Pelos caminhos de Jesus



          O diálogo, na praça ensolarada, no qual a mulher adúltera foi compreendida por Jesus, tornou-se um esperado escândalo.
          Surpreendentemente, o Mestre não censurou o delito, recomendando a lapidação da equivocada, nem a liberou de responsabilidade, considerando-a inocente.
          Reportou-se, isto sim, à leviandade dos acusadores que se encontravam incursos no mesmo crime.
          Tal atitude havia desconcertado os intrigantes e vingadores gratuitos, que se rebelavam contra a terrível chaga do organismo social, que é o adultério, esquecidos de que, ao lado da caída encontrava-se o comparsa que tombara no mesmo erro...



[...] 

Dez anos depois, na cidade de Tito, uma casa humilde de aspecto e rica de amor recolhia peregrinos cansados e enfermos sem ninguém. Uma mulher, que trazia na face desgastada vestígios de grande beleza em decadência, reunia ali os infelizes, limpava-lhes as chagas e falava-lhes de Jesus. Tornara-se, por isso, querida e respeitada por todos. Num cair de tarde amena, chegou, trazido por mãos piedosas, um homem chagado, em extrema penúria, quase morto sob o fardo de mil vicissitudes. Recolhido pelo caminho, teve as úlceras lavadas e aliviadas com unguentos medicamentosos, recebendo caldo reconfortante das mãos da caridade. Quando se recobrou um pouco do desalento que o vitimava, ouviu a mensagem de encorajamento, em nome de Jesus, enunciada com unção e carinho pela desconhecida benfeitora. Emocionado, e quase sem vitalidade, indagou interessado: — Esse Jesus a quem vos referis é o galileu que foi crucificado em Jerusalém?  
— Sim, é ele mesmo. Morreu por nós, mas volveu ao nosso convívio para nunca mais deixar-nos. —E vós O conhecestes para terdes a certeza de que os Seus ensinamentos são verdadeiros? 
— Sim, eu O conheci, oportunamente, quando a mim Ele salvou... 
— Também eu tive a honra de O conhecer – respondeu o moribundo quase sem forças -, mas não soube beneficiar-me. A vós Ele salvou, mas eu, egoísta e mau, O detestei, afastando-me da Sua presença, confuso e amargurado. 
—Que vos fez Ele pra que fugísseis magoado? 
— Salvou a minha mulher que adulterar contra mim e não me concedeu uma palavra, sequer, de consolação. Não pude compreendê-lO, então. “Abandonei a companheira a quem eu felicitara com os meus vícios e envenenei-me de dor. “Passados os anos havendo despertado para a verdade, tenho-a buscado em vão por toda a parte, até que a doença me devorou o corpo e aqui estou...” Embargada pelas emoções em desenfreio, naquele momento, a mulher recordou-se da praça e do diálogo, à noite, com o Mestre, um decênio antes, reconheceu o companheiro do passado e, sem dizer-lhe nada, segurou-lhe a mão suavemente e o consolou: — O arrependimento do erro, a confiança em Deus e a paciência são os primeiros passos para a reparação de qualquer delito. “Deus é amor, e Jesus, por isso mesmo, nunca está longe daqueles que O querem e buscam. “Agora durma em paz enquanto eu velo, porquanto nós ambos já O encontramos...”

Fonte: livro Pelos Caminhos de Jesus, Encontro de preparação, Divaldo Pereira Franco – Amélia Rodrigues