07/07/2020




Olá amigos!
Ouçam abaixo o trecho do livro Relatos da Vida





No Evangelho Nascente

Enquanto o Mestre ouvia alguns doentes na intimidade do lar de Simão Pedro, eis que um cavaleiro e duas damas se adiantam a consultá-lo.

Vinham de pontos diversos. Estranhos entre si. Contudo, partilhando a mesma expectativa, permutavam impressões dando-as a conhecer.



O rude pescador de Cafarnaum observava-os, atento.

As ciciantes palavras que trocavam eram realmente chocantes.

Supunham fosse Jesus um feiticeiro vulgar e buscavam-lhe os dons mágicos.


Eliakim, o recém-chegado, era um mercador de olhos astutos que proletava a obtenção de certa propriedade, pertencente a um dos tios que estava a morrer. Tratava-se de uma vinha fecunda, suscetível de aumentar-lhe os bens. Ambicionava-lhe a posse por baixo preço e não se resignaria a perdê-la. Ouvira tantas alusões a Jesus, que não vacilava em rogar-lhe a interferência. Na condição de mago eficiente, o Cristo, decerto, lhe facultaria a realização do negócio, sem maior sacrifício. Dea, a mulher mais idosa, trazia assunto mais grave. Pretendia vingar-se de antiga companheira que lhe transviara o marido. Via-se agoniada, infeliz. Preferia a morte à renúncia. Não perdoaria à impostora que lhe deixara o lar deserto. Vinha ao famoso Mestre, suplicar-lhe a intercessão de modo a matá-la. Recompensá-lo-ia dignamente desde que pudesse ver Efraim, o esposo, humilhado aos seus pés. Ruth, a mais nova, passou a expor o caso que a preocupava. Queria casar-se, mas Salatiel, o noivo, parecia esquivar-se. Mostrava-se desinteressado, frio. Esperava que Jesus lhe auxiliasse, infundindo ao homem amado mais intensa afetividade, de vez que o moço ganhava distância, pouco a pouco.

O apóstolo registrava um ou outro apontamento, agastadiço.

Ciente de que o Mestre atendia em sala próxima, demandou o interior e explicou-lhe a situação.

Os consulentes revelavam o maior desrespeito.

Eliakim era um negociante voraz e ambas as mulheres pareciam subjugadas por apetites inferiores.

Jesus meditou alguns instantes e, fixando o discípulo, solicitou, prestimoso:

- Pedro, as tarefas desta hora não me permitem serviços outros. Vai, porém, aos nossos hóspedes e socorre-os, ajudando-me a encontrar o caminho de melhor auxiliá-los.

O pescador voltou à presença dos forasteiros, dispondo-se a escutá-los, em nome do Salvador.

Fonte: Livros Relatos da Vida, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito irmão X